Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O carnaval está cada vez mais aristocrático. Vendas de abadás caríssimos, camarotes caros e garantia de bons negócios. Ao povo, que não pode gastar fortunas, e é a grande maioria, resta mesmo ficar do lado da corda destinado à pipoca.

Carnaval, o "carne vale", que significa "adeus à carne", festas regidas pelo ano lunar no Cristianismo da Idade Média e que têm os desfiles e fantasias, da forma como conhecemos hoje, como heranças de uma sociedade vitoriana do século XIX. Portanto, já desmistificamos a primeira grande máxima de que o carnaval é uma celebração tipicamente brasileira. O que o Brasil fez pelo carnaval foi dar brilho, lantejoulas, penas de faisão, baterias, alegorias e pouca roupa, mas engana-se quem considera o evento como a maior festa popular do mundo. Não, não é não.

O carnaval está cada vez mais aristocrático. Vendas de abadás caríssimos, camarotes caros e garantia de bons negócios. Ao povo, que não pode gastar fortunas, e é a grande maioria, resta mesmo ficar do lado da corda destinado à pipoca. De democrático isso não tem nada, porque os próprios trios elétricos não estão ali pura e simplesmente para divertir a massa, mas porque são financiados pela mesma. Recebem quantias exorbitantes das prefeituras, numa espécie de apadrinhamento político, e, no entanto, o pão não é garantia na mesa do povo que leva uma vida miserável.

Este tipo de coisa não é privilégio dos trios elétricos da Bahia, porque as escolas de samba, do Rio de Janeiro e São Paulo, são igualmente politizadas. Dinheiro público gasto em demasia numa festa de cinco dias e que poderia ser investido em tantos outros segmentos sociais. Aliás, “amor” pela escola de samba nos dias de hoje é uma balela. Você pode desfilar onde você quiser sem precisar sequer saber o samba enredo. Pagando bem, que mal tem? Foi-se o tempo em que as agremiações desfilavam enredos entusiasmados com temas que sugeriam críticas sociais, aspectos políticos sem fazer politicagem e seus integrantes se envolviam com o tema escolhido.

No carnaval de 2012, como sabemos, o enredo da Beija-Flor foi o estado do Maranhão. O que ficou velado é que a escola recebeu cerca de R$ 2 milhões do governo maranhense para o enredo sobre os 400 anos da capital maranhense, São Luís. Um estado miserável e que na certa, não está esbanjando dinheiro porque possui educação adequada às crianças e jovens, bons hospitais, transporte público digno, segurança e por aí vai. Bem, faturar mesmo no carnaval só os donos destas agremiações, porque o integrante da comunidade não será beneficiado em nada com estas negociações.

Quer ganhar dinheiro no carnaval? Seja dono de cervejaria, proprietário de trio elétrico ou coloque em prática seu poder criativo e seja o criador de letras inteligentes como “o melô da mulher maravilha”. Grave um vídeo, jogue na internet e aí, quem sabe, você será a nova coqueluche do próximo carnaval. E o que dizer dos blocos de rua. Começam a ficar duvidosos e prejudicados pela competição entre eles. Um quer levar mais foliões para as ruas do que o outro. A pessoa que quer se divertir não consegue, apertada e desconfortável no meio de tanta gente. O rastro de sujeira é cortesia da banda dos “mijões”, que pela escassez de banheiros químicos e de educação, deixam também seus restos ali no asfalto.

Outro exemplo lamentável do carnaval foi o que presenciamos na apuração dos votos do carnaval paulista do ano passado, a alegoria da aberração. Misturar torcidas de futebol, que não são nem um pouco organizadas, com carnaval é pedir para dar confusão. Dá um aspecto marginal e uma competição destrutiva, porque o que foi feito no sambódromo é o que estas torcidas fazem geralmente quando acompanham seus times nas cidades do interior: baderna, violência, brigas e vandalismo. Lembrando que durante a apuração houve a invasão de Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império de Casa Verde, na área de apuração, que tomou o último envelope das mãos do leitor e o rasgou, além de um incêndio criminoso aos carros alegóricos da escola Pérola Negra, promovido por integrantes da gaviões da Fiel.

Discutir sobre o carnaval é também falar sobre calamidades públicas como os números alarmantes de acidentes nas estradas por causa do abuso na ingestão de bebidas alcoólicas e casos de gravidez indesejadas e aí, é inevitável não pensar nas DSTs e procedimentos de aborto pós-festas.

Que “papo careta” e moralista, que saudosismo mais arcaico. Não sou contra a festa, a alegria e a diversão. Acho bom que um país em que somos massacrados todos os dias com notícias destrutivas, o povo tenha motivos para se distrair e comemorar algo. A falta de juízo crítico, o embotamento social, a irresponsabilidade de algumas pessoas, banalidades, exageros, falta de limites e as bandalheiras políticas são alvo das críticas deste artigo. Mas tudo bem, um salve para a alienação de um povo que se fantasia muito bem, mas parece não saber aproveitar as coisas boas da vida. 

Breno Rosostolato é psicólogo clínico, terapeuta sexual e professor da Faculdade Santa Marcelina - FASM

Fonte:http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/unidos-da-deca...

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