Autor(es): Por Fabio Murakawa | De Genebra |
Valor Econômico - 30/09/2011 |
O Brasil teria de aumentar de 35% para 180% sua tarifa máxima de importação para compensar a valorização do real e dar o mesmo nível de proteção que a indústria nacional tinha em 2001, disse o embaixador brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, ao ilustrar a que ponto as alíquotas de importação têm sido corroídas pelo câmbio no Brasil, em apresentação a jornalistas latino-americanos num seminário na entidade, em Genebra. O impacto do câmbio no comércio internacional pode até estar fora das regras da OMC, mas é cada vez mais presente nos debates, em meio ao clima de guerra de divisas e protecionismo comercial que ocupa terreno com a desaceleração econômica global. "De 2001 a 2008, a valorização da moeda brasileira foi incrível, equivalente a uma mudança para 180% na tarifa de importação", disse Azevedo. "Ou seja, para manter o nível de proteção de uma tarifa de 2001, que foi quando começou a Rodada Doha, precisaríamos ter uma alíquota consolidada de 180% em vez de 35%, que é o que temos como tarifa máxima." Por sua vez, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, disse que somente após a atual fase de debates sobre os efeitos do câmbio no comércio internacional - proposto pelo Brasil e já aceito pelos membros da entidade - é que os países vão examinar se algum tipo de medida compensatória poderá ser adotada no âmbito da OMC. Para Lamy, porém, essa discussão é muito mais complexa e ele exemplificou com a própria situação cambial do Brasil. "Todo mundo entende que até recentemente a moeda brasileira tem se valorizado. Se você entra no debate técnico, há muito bons motivos para essa valorização. Eu não vou entrar nesses detalhes", disse. "Nós também sabemos que mais recentemente a moeda brasileira se desvalorizou, de maneira que o Brasil teve que intervir para estabilizar a queda de sua taxa de câmbio, o que mostra que às vezes há acontecimentos voláteis de curto prazo, e que incluir isso em nosso sistema, que é um sistema estável, de médio prazo e previsível, é certamente algo muito complexo." Para o embaixador da Colômbia na OMC, Eduardo Munoz, "há vários países importantes no mundo que estão trabalhando com a taxa de câmbio para favorecer suas exportações". Mas será muito complicado definir que tipo de medida adotar para compensar os efeitos cambiais. "Porque seria necessário olhar qual é o impacto específico, o que estão fazendo os países para manter sua moeda desvalorizada, que efeito isso tem no fluxo de comércio, quem está sendo afetado, que ramos específicos do comércio estão sendo afetados. E, depois, se discutem as medidas", afirmou. Para ele, no entanto, o assunto deve ser discutido dentro da OMC, como pleiteia o Brasil. "A OMC não deve ser simplesmente um fórum para controvérsias, um fórum para controle. Deve ser um fórum para discutir problemas que afetam o comercio internacional", disse. "Creio que políticas que são dirigidas a manter as taxas de câmbio artificialmente baixas para favorecer as exportações têm um impacto na competitividade dos demais países." Em sua opinião, a OMC "está abrindo fronteiras" ao discutir esse tema. "Ainda que talvez algum resultado só aconteça depois de algum tempo, a questão está sendo discutida com toda a seriedade." O repórter viajou a convite da Fundação Friedrich Ebert |
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