Nem que a vaca tussa.
A FAPESP , talvez a mais eficiente agência de financiamento de P & D do Brasil, leva muitas vezes 6 meses para , finalmente, aprovar um projeto, e mais uns 2 meses para sair o dinheiro. Quando um cara de uma Capivarópólis do interior qualquer dá uma parecer negativo, piora. Tem parecerista ( os caras que analisam e dão parecer sobre as propostas ) burro e tem parecerista desonesto. As vezes burro e deesonesto.Agora, se os 33 bilhões estiverem "marcados" , por algum agenciador , com trânsito na Sodoma do planalto. Aí sim.
Os empresários que solicitarem crédito à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para financiar seus investimentos a partir de 1.º de julho vão receber da instituição financeira uma resposta completa em, no máximo, 30 dias. Hoje, a Finep leva 112 dias, em média, para responder às companhias com as condições (taxa de juros, prazo para pagamento, tempo de carência) que tem a oferecer. Em 2011, a Finep levava em média 248 dias para isso.
Com a forte redução dos prazos, a Finep espera conseguir tocar o enorme pacote de R$ 32,9 bilhões em crédito subsidiado para ampliar a inovação do setor privado brasileiro lançado pela presidente Dilma Rousseff no mês passado.
Esta é a aposta do presidente da Finep, Glauco Arbix, que, em entrevista ao Estado, afirmou que o Brasil está diante de uma encruzilhada: o ritmo do crescimento da economia, fraco nos dois últimos anos, não pode desanimar os empresários, que precisam aproveitar esse período de baixa para inovar e se preparar para a retomada. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O governo acabou de lançar um pacote de R$ 32,9 bilhões em crédito subsidiado para inovação. Haverá demanda?
A demanda tem surpreendido todo mundo. A estrutura industrial brasileira está mudando, especialmente do lado comportamental dos empresários. Mesmo com o ritmo lento da economia nos últimos dois anos, a demanda por financiamento da Finep continuou forte e aumentando. É claro que, se houvesse uma explosão da demanda por crédito, ninguém conseguiria atender, nem a Finep, porque a economia brasileira não é puxada pela inovação. Queremos que seja, e por isso esse pacote. Estamos nos preparando para um boom, que, se vier num futuro próximo, será plenamente atendido pela Finep.
Como?
As mudanças na Finep serão muito grandes. A principal começará em 1.º de julho: vamos responder a todo e qualquer projeto de financiamento em até 30 dias. Isso é uma revolução. Estamos trabalhando com a USP de Ribeirão Preto, o Cedeplar, de Minas Gerais, e o Ipea para criar três rankings que vão facilitar muito nosso trabalho de avaliação dos projetos. A análise de saúde financeira das empresas será feita na Serasa. Fechamos um acordo com o Banco do Brasil para trabalhar com a central de risco de crédito deles. Com isso, teremos segurança na análise do projeto e agilidade na liberação das condições que vamos oferecer. Muitas vezes pedimos documentos que não são necessários, e isso é custo, burocracia e tempo. Vamos reduzir isso ao essencial. Não é razoável que alguém que queira inovar demore 248 dias para conseguir o crédito, como era em 2011, ou mesmo 112 dias como é hoje, depois do enorme esforço que imprimimos. Agora tudo será veloz.
As empresas estão preparadas para tomar esses recursos?
Passamos anos discutindo no Brasil as variáveis macro, como juros e câmbio. Isso está razoavelmente equacionado, com uma economia muito mais forte hoje, com reservas. A situação agora é outra: precisamos de competitividade. No século 16 isso era atingido por meio do chicote e o aumento da produtividade na base do esforço físico. Agora é produtividade ligada a tecnologia e gestão. As empresas estão despertando para isso. O Brasil é um País muito dependente de commodities, mas isso não é um mal, pelo contrário. Precisamos continuar na frente, e para isso precisamos investir em tecnologia. A questão é que precisamos ir além do agronegócio, e sermos inovadores em diversos setores. O governo está disposto a tomar risco junto com as empresas. A linha de alto risco da Finep tem taxa de juros de até 2,5% ao ano, tendo quatro anos para começar a pagar e até 12 anos para pagar tudo. Além disso, cobrimos até 90% do projeto. Não conheço país que ofereça algo parecido.
A crise tem sido muito dura para a indústria brasileira, com queda de investimentos em muitos setores, além de corte de pessoal e da própria produção. Como casar um pacote de estímulos à inovação com o atual estágio da indústria de transformação?
O nosso recado é claro: persistam. Tradicionalmente na Finep, tal como no BNDES, a demanda por crédito sempre seguiu o ritmo geral da economia. Quando o PIB crescia muito, a demanda era muito grande, mas quando a economia ficava fraca os empresários se retraíam. Isso não está acontecendo desta vez. Não foi o que ocorreu em 2011 e 2012, mesmo com um ritmo do PIB abaixo de 1%. O que sei, como alguém que estuda tecnologia há 25 anos, é que a indústria precisa inovar, principalmente em momentos de crise, porque de outra forma, quando a recuperação começar, ela não vai conseguir acompanhar. Estamos pressionados. As economias emergentes, como China, Índia e Rússia, estão de um lado, e, do outro, os países desenvolvidos, EUA à frente, iniciando uma lenta recuperação, puxada principalmente pela inovação em setores de ponta. Se o investimento na indústria não vier agora, o espaço pode se fechar
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