O ESTADÃO publicou, recentemente, uma excelente reportagem chamando a atenção para o que as Associações que congregam importadores estão fazendo.
E aí há de ser feita uma pergunta: qual é a razão para este movimento.
Na verdade, a maioria destas Associações foi criada há anos.
No caso da ABITEX, por exemplo, ela foi criada em MAR/1999.
O que ocorre é que o associativismo empresarial no Brasil, normalmente, só se desenvolve sob ataque, ou seja, a crise OBRIGA os empresários a se unirem. Assim foi e ainda é, com raríssimas exceções.
Hoje, todos os importadores estamos sendo considerados MARGINAIS, infelizmente, embora sejamos grandes contribuintes de tributos, geremos um grande números de empregos, diretos e indiretos e façamos circular riquezas como poucos setores econômicos conseguem fazer.
Somos os empresários mais fiscalizados no Brasil, sem a menor sombra de dúvida.
O RADAR/SISCOMEX é uma ferramenta incrível que a Receita Federal tem para nos fiscalizar em todos os sentidos, permitindo-lhe acesso inclusive à vida pessoal dos administradores e sócios, e estes dados podem ser disponibilizados para as Secretarias de Fazenda dos Estados mediante convênio.
Os sistemas de controle aduaneiro e de licenciamento de importações do Brasil estão entre os mais completos e eficientes do mundo, embora sejam burocráticos a um ponto extremado, causando ônus e inseguranças desnecessárias.
Mas nós, importadores, nunca reclamamos de toda esta fiscalização, porque não temos o que esconder. Agimos absolutamente dentro da lei. Reclamamos, às vezes, da burocracia desnecessária ou mesmo do que chamamos “burrocracia”.
A Receita Federal mantém, há anos, um convênio operacional com a ABIT, que congrega os industriais têxteis. Através deste ato, a Aduana usa técnicos indicados pela ABIT para fazer laudos técnicos. Até isto nós suportamos, apesar de ser uma situação irregular, no mínimo.
Eu, pessoalmente, já tive o meu computador arbitrariamente apreendido e ele me foi devolvido porque a Justiça entendeu que inexistia motivação alguma para aquele ato de bisbilhotagem (é bem verdade que há anos os meus computadores são criptografados e sugiro que todos assim ajam, por medida de segurança...).
Portanto, as Associações que congregam importadores apenas começaram a aparecer mais na mídia, para demonstrarem que não há razões para sermos maltratados e marginalizados. Nós merecemos respeito porque exercemos atividades econômicas legítimas, pagamos tributos e respeitamos o sistema legal vigente.
E o Brasil é um País onde é livre exercer tais atividades, porque a nossa economia é livre e porque estamos num Estado de Direito.
Ou não?
Estou errado?
Por uma acaso eu perdi algum ato que transformou o Brasil em algo diferente disto?
A atriz Regina Duarte foi enxovalhada anos atrás ao manifestar a sua opinião de que estava com medo dos rumos que o nosso País estava tomando.
Pois, hoje, nós, importadores, estamos com medo dos rumos que o nosso País está tomando.
Exagerar na tributação e criar um ambiente contrário às importações sem nenhum critério é temerário, porque estamos numa economia globalizada e comércio tem mão dupla.
A situação da indústria nacional decorre muito mais da incapacidade do Governo em produzir em implementar um Política Industrial e um Sistema Educacional adequado aos tempos modernos do que às importações legitimamente feitas, com o pagamento de tributos.
Acresça-se a isto a omissão dos industriais brasileiros a programas de inovação tecnológica, ressalvadas as exceções (que existem, ainda que raras...).
E ainda há a questão da governança corporativa, para a qual os nossos industriais não dão a devida importância. Ninguém conhece a realidade das indústrias, porque não há transparência, sequer para os acionistas minoritários, quiçá para a sociedade civil. Os relatórios são publicados, normalmente, apenas para cumprir o ritual da lei.
Sustentabilidade? Responsabilidade social? Isto não são assuntos para os industriais brasileiros, que apenas se interessam em criticar os industriais chineses, jogando-lhes pedras como se fossem eles, os chineses, os únicos predadores da natureza.
Vi, num blog muito interessante sobre moda ética, uma nota no sentido de que nós compramos produtos têxteis chineses fabricados em indústrias que poluem o meio ambiente.
Ora, e a indústria têxtil brasileira não polui?
Talvez, e apenas talvez, tenhamos um maior controle sobre a poluição – nem tanto pela vontade própria dos industriais, mas muito mais por imposição dos órgãos ambientais e até da própria sociedade civil...
Jorge Gerdau é, há tempo, um dos empresários mais ouvidos pela Presidência da República. Pois bem, ele declarou recentemente ao VALOR ECONÔMICO que um dos maiores problemas da indústria brasileira é a falta de inovação e que este quadro poderá levar as nossas indústrias à morte...
Então, que sejamos menos hipócritas e mais realistas. As nossas indústrias precisam inovar, seja nos produtos finais, seja nos processos industriais, tornando-os mais limpos e menos poluentes.
Este, sim, seria um ato de responsabilidade social da parte dos industriais brasileiros, de quaisquer ramos.
Pedir protecionismo sem razão alguma é um ato mesquinho, que apenas busca transferir os próprios problemas para os outros.
E é hipócrita, porque quem pede tal protecionismo sabe que importar é necessário - pior, eles próprios são importadores...
Então, porque não nos sentarmos à mesa, industriais e importadores, e fazermos um pacto em prol do Brasil?
Nós, da ABITEX, queremos o melhor para o Brasil e não coadunamos com atos de comercio desleal e irregular.
E os industriais brasileiros? Estariam eles dispostos a gerirem as suas empresas com adesão aos princípios e melhores práticas da governança corporativa? Estariam eles dispostos a inovarem os seus produtos e os seus processos industriais?
Precisamos colocar um fim nesta guerra fratricida entre brasileiros e assumirmos as nossas responsabilidades para que o Brasil seja melhor para a sociedade e não apenas para alguns poucos.
Aliás, como já disse antes, a eventual aprovação da PRS 72 pelo Senado, que espero não aconteça, não acabará com guerra alguma. Na verdade, ela abalará o já fraco Pacto Federativo e colocará as Unidades da Federativa e a própria União Federal numa situação que só se viu nos anos 30, quando o Brasil viveu tempos de guerra civil exatamente pelo desrespeito ao Pacto Federativo.
Espero que os ilustres Senadores tenham bom senso e não acendam o pavio de mais esta guerra...
Enfim, tenho dito que, tal como é o lema da bandeira capixaba, devemos trabalhar e confiar, e devemos fazê-lo com altivez e coragem, porque não somos marginais. Pelo contrário, somos empresários que pagamos tributos, geramos empregos e fazemos circular riquezas.
Por isto, num gesto impulsivo, ouso lançar o brado:
Importar é legal e necessário!
Jonatan Schmidt
Diretor Presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Matérias Primas Têxteis
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Sr Jonatan. Por favor, não ofenda nossa capacidade de análise crítica. A pior fantasia neste momento é a de se vestir de vítima. Mais um pouco que vc escrevesse, eu seria capaz de enviar um donativo para as vítimas da ABITEX. O espaço é sim democrático, mas nem por isto temos que concordar com sua manifestação. Para tudo existe o lugar certo e aqui não é o forúm correto para seus manifestos.
Outra vez insisto. Não sou contra importados. Não sou contra livre comércio. Não quero transformar o Brasil em uma Albânia ou Cuba. Mas o sr e a ABITEX insistem em fazer uma discussão dualista do tipo ou é preto ou é branco. Isto tem o objetivo de fazer uma cortina de fumaça para dispistar o verdadeiro teor da discussão. Faz sentido alguns portos darem incentivos ou isenção para quem importar?? Isto deve ser único no mundo! Além de ser vergonhoso pois demonstra a incapacidade daquele estado de se desenvolver por políticas sólidas e de longo prazo. Mas vcs colocam de uma forma que parece que quem é contra isto é contra a união nacional, contra o futuro do país, etc.
É por exemplo desta mamata que vcs não querem abrir mão que eu quero conversar. Radicalismo mesmo é dizer que queremos destruir o pacto federativo quando falamos disto. Na realidade, não estamos contra o país exportador, que vende sempre pelo mesmo preço e logo ganha o mesmo, independente de qual porto vai receber a mercadoria. Questiono o importador, que encontra nestes portos incentivados uma vantagem concorrencial sem igual, para encher seus bolsos com muito mais facilidade de que os outros. Ainda faz papel de vítima e perseguido. Por favor. . .
Para fianlizar, uma vez mais. Temos sim que importar, mas dentro de certos critérios. Sr Jonatan, respeito os importadores. Tenho verdadeiros amigos importadores, que vivem disto e respeito o trabalho deles. Mas por favor, este definitivamente não é o forum para a ABITEX e espero que o sr. respeite isto.
Sr. Rossi,
A minhão intenção, ao expor as minhas idéias neste espaço, não foi tomar dos industriais o seu espaço.
Eu o fiz porque vinha sendo diturnamente objeto de comentários desairosos por parte de alguns dos que aqui se manifestam. Então, me senti no direito de me inscrever e falar.
Ora, se vcs tanto falam de desindustralização e colocam a culpa nos importadores, considerando estes empresários verdadeiros marginais, eu tenho o direito de me defender, já que NÃO sou marginal, recolho tributos e faço as minhas importações rigorosamente dentro da lei. A Polícia Federal até tentou me imputar práticas ilícitas, mas estas tentativas até hoje falharam, porque eu jamais faria algo de errado. Aliás, já rejeitei inúmeros negócios exatamente por considerá-los suspeitos.
Perdoe-me por estar usando este espaço para expor idéias e opiniões - eu o fiz por considerar este espaço democrático. Aliás, eu me surpreendi com a qualidade das manifestações, afora algumas, de pessoas que, lamentavelmente, se limitam a esbravejar, sem apresentar um discurso racional.
A minha manifestação sobre governança causou um estranho reboliço junto aos empresários. Recebi até ameaças, mesmo que veladas... Eu estudo este assunto há 3 anos e tenho cerca de 800h/aula nesta área, e isto nas melhores instituições (IBGC e Fundação Dom Cabral).
Lamento, mas o setor têxtil como um todo precisa mudar o seu jeito de ser e adotar as boas práticas da Governança. O uso das e-NFs já está surtindo efeito e já vejo muitos tendo problemas com o que se convencionou chamar de "meia nota". Ou isto não foi realidade do setor durante anos a fio? E algums ainda insistem...
Respeito a sua opinião, Ricardo, mas espero que vc também respeite a minha e me permita expô-la. Ninguém é dono da verdade, muito menos num assunto complexo como é a economia globalizada.
Mas, seja sincero, o Brasil é auto-suficiente em MPTs SINTETICAS? Podemos nos dar ao luxo de não importar? Até onde sei, a resposta é NÃO. E isto nas estatisticas, até mesmo nos relatórios do IEMI.
Em nenhum momento eu defendi a importação de vestuário. Primeiro porque não sou dirigente da Associação que congrega tais importadores e segundo porque é um ponto bastante controverso. Teriamos que analisar diferentes nichos, como "griffes", por exemplo.
Em nenhum momento pretendi tomar algum de vcs como "idiota". Pelo contrário, me expus para um debate democrático, serio, necessário.
O Brasil padece da passividade diante dos fatos. Precisamos debater, expor e construir idéias.
Lamento que algumas pessoas que por aqui andam prefiram o obscurantismo à transparência, a conversa escondida ao discurso aberto.
Apesar da ameaça que me fizeram, ainda que velada, continuarei defendendo os importadores que operam na legalidade e combatendo aqueles "idiotas" que trapaceiam e burlam a lei ou até cumprem a lei mas importam o que já é sucata ou muito próximo disto.
E gostaria de realçar que acho muito mais danosa ao Brasil a exportação de "commodities", onde não agregamos valor algum, principalmente quando sabemos que elas retoranrão manufaturadas ao Brasil, valendo centenas de vezes mais. Exemplos não faltam: soja, café, minéro de ferro, ma´rmore, granito....
No caso do café, por exemplo, a maior exportadora de café beneficiado é a Alemanha, que vende o seu produito pir 100 vezes o valor pago aos fornecedores dos grão - o Brasil, por exemplo.
Acho que as palavras chaves aqui são: CONDIÇÕES ISONÔMICAS !!! Se isso acontecer que venham os importados........
Sou de uma fiação e gostaria de ver o Senhor que escreveu esta matéria se interar realmente do que está acontecendo neste setor.......
E para concluir, gostaria de dizer que apesar de o setor de serviços ter crescido bastante todo o dinheiro que circula nesse setor surgui em algum lugar, do trabalho de quem produz......
Sr Jonatan. Dando continuidade a tentativa de análise de seu enorme e triste manifesto. Quem é a ABITEX para falar em "práticas da governança corporativa"? Vocês sabem lá o que é isto? Importando de países que nunca ouviram falar disto. Ousar até falar do Pacto Federativo para justificar suas importações em condições privilegiadas, já é demais. Tentar estimular a discordia apenas para isto, é muita ganância. Repito, não sou contra importações desde que em condições isonômicas. Mas tudo isto já é ridículo. Por favor nos respeite e vá lançar seu brado em outro lugar.
Prezado Sr Jonatan. Tenho pacientemente acompanhado seus comentários neste espaço dedicado ao mundo têxtil e democrático. Eu creio que você tem o direito de montar a associação que quiser. Associação daqueles que querem comprar por um e vender por três com o mínimo esforço possível. Associação daqueles que não se importam com nada, desde que o meu esteja garantido. Assim por diante, mesmo que não creio que vc teria este mesmo direito se fossem fazer isto em alguns do países que vcs gostam tanto de importar. Você também tem o direito legal de importar o que queira, desde que cumpra a legislação. Aliás todos tem este direito, mesmo que importações ilegais sejam manchetes corriqueiras nas jornais. Enfim, posso não concordar com isto tudo, mas devo respeitar o direito a esta sanha importadora desenfreada. Importem o que quiserem, dentro da lei, mas respeite nossa inteligência neste espaço. Não nos trate por idiotas tentando nos convencer do improvável. Digo mais, este espaço se chama "Indústria Têxtil e do Vestuário". O nome começa com a palavra "indústria", coisa que muito importador nem sabe o que é. E você vem neste espaço, que é daqueles que sonham com uma indústria têxtil positiva, para praticamente defender a destruição unilateral deste setor. Respeito sua posição e defesa de seus interesses comerciais. Mas por favor, não utilize este espaço para isto. Não nos trate como idiotas. Aliás, sobre a Revista Exame. É nitido que boa parte da matéria foi escrita por quem nunca pisou em uma fábrica.
Caro LEANDRO,
Eu também não defendo importações desenfreadas, porque muitas das vezes elas PODEM causar danos.
Mas isto precisa ser analisado com cuidado, porque vivemos numa economia globalizada.
Mas não é disto que estou falando.
Dentre os casos emblemáticos de pedidos de salvaguardas, há o das MATERIAS PRIMAS TEXTEIS.
A indústria brasileira NÃO produz nem 20% das MPTs SINTETICAS que lhe demanda a industria de confecções. Se não imporatr, estas industrias de confecções fecham por falta de matéria prima. Se onerar as importações, elas continuarão a acontecer e o custo maior será agregado ao preço das confecções, prejudicando principalmernte as classes C, D e E.
Portanto, neste caso, não hpa outra saída - o Brasil precisa importar... E o grande fornecedor, um dos poucos, aliás, é a China. Lamento, mas este é um fato.
No caso dos VINHOS (falarei deste tema apenas como demonstração, a situação chegar a ser risivel.
A industria de vinhos é bastante atípica, porque tem uma ligação profunda com as sensações do consumidor, que escolhe o vinho a ser comprado a partir da sua capacidade sensitiva (via degustação) ou a partir do que conhece acerca da uva ou das uvas com que o vinho é feito. Considera, ainda, o tempo e o modo de maturação, dentre outros pontos relevantes.
Pois bem, embora o vinho seja feito de uvas viniferas, há um sem número de variedades, sendo que algumas são comuns e são produzidas no mundo inteirio, praticamente. Exemplos disso são as CABERNET (FRANC, SAUVIGNON e BLANC).
Mas a grande maioria das uvas são típicamente regionais. Se o vinho for prioduzido com a NERO DAVOLA, provavelmente será da SICILIA, com a ALICANTE, será da ESPANHA, com a CARMENERE provavelmente será do CHILE ou com a MALBEC, ao que tudo indica será da ARGENTINA.
Ora, se proibirmos ou onerarmos as importações dos vinhos, em que estaremos ajudando a industria nacional, já que a maior parte das importações envolve vinhos feitos a partir de varietais regionais, ou em blend com elas?
Não seria mais adequado que o BRASIL fizesse o que a ARGENTINA e o CHILE fizeram, formando parcerias com os vinicultores estrangeiros, inclusive joint ventures?
Nós produzimos excelentes espumantes, mas é necessário proibir ou onerar a importação de um CAVA ou de um PROSSECCO ou de um CHAMPAGNE?
Isto é irracional....
E esta estória (e uso esta grafia propositalmente) de que os empregos vão acabar no Brasil é, no mínimo, sem sentido. A nossa taxa de desemprego nunca esteve tão sob controle e há muitos empregos em oferta, simplesmente porque não há trabalhadores capacitados, por ineficiência do nosso sistema educacional...
Preocupo-me mais, por exemplo, com as exportações de "commodities", como soja e minérioo de ferro,m que vão para o exterior a um preço vil e retornam para cá depoois de industrializados, a um preço aviltante.
Aí sim há danos gravissimos para a economia nacional.
Uma boa leitura para todos nós é o que está na EXAME desta semana.
Cada um tem direito de defender o seu lado.
Pois eu de forma nenhuma posso ver como a importação exagerada de produtos que são produzidos amplamente no nosso pais possa nos trazer beneficios, e não se esqueça se não houver mais empregos não haqvera renda e não havera quem compre os produtos importados.
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