O famoso Dia da Mentira, comemorado em 1º de abril, é uma data repleta de mitos entre o que é realidade e o que é invenção. Muitos brincam com a criação de notícias impossíveis e se divertem com o mundo do imaginário. Neste dia, mentir é saudável. Porém, o que devemos nos perguntar é como temos lidado com a mentira nos outros 364 dias do ano.
Uma pesquisa realizada por um professor de estudos da comunicação, Jeffrey Hall, no Kansas (EUA), revela que homens tendem a mentir mais em redes de relacionamento. O estudo aponta que eles mentem em relação à idade, interesses pessoais ou status social. Mas a mulher também tem suas invenções. Ela cria uma nova imagem de si própria, muda o seu peso e algumas outras características físicas.
Como na pesquisa, algumas pessoas se sentem confortáveis e mais seguras quando inventam um novo perfil para encarar as atividades existentes no dia a dia. Essa duplicidade, talvez, seja a resposta para saber por que, de fato, mentimos, é como se existissem dois Eu dentro de cada um de nós. O "eu verdadeiro" é aquele que sentimos, é a nossa essência, é o que realmente significa algo, respeitando nossas reais vontades e desejos. Já o "eu relações públicas", este quer ser acolhido, respeitado e deseja conquistar todos a sua volta. Ele existe para sermos aceitos em um determinado grupo, para conquistarmos espaço dentre os demais e, desta maneira, driblarmos o perigo de exclusão.
Mentir para os outros pode ser a aplicação excessiva do "eu relações públicas". Quando almejamos muito atingir algum objetivo, procuramos ser melhores para chegarmos lá antes que qualquer outro. Assim como o professor Hall revelou no estudo, a mentira está presente nas redes sociais tanto quanto em nossas relações afetivas diárias. Ninguém deseja ser visto pelo parceiro como uma pessoa desinteressante ou sem ideias. Por isso, é comum exagerarmos um pouco nas histórias contadas, tentando impressionar o parceiro. É humano queremos ser admirados e desejados pelos próximos.
Mas, pior que mentir para os outros, é mentir para si mesmo. Nesse momento, nos afastamos do eu verdadeiro e passamos a acreditar que o eu relações públicas é real. Então, pergunte-se de vez em quando se você tem mentido para você mesmo. Talvez, esta deva ser uma data para se pensar como tem sido sua relação com a mentira e entendermos que o problema maior é quando começamos a acreditar tanto em nossas fantasias que elas passam a ter mais força para nós que os fatos verdadeiros.
As ilusões criadas podem ser uma forma de não encararmos a realidade. Você está satisfeito com o seu trabalho atual, ou vive se enganando com a ideia que vai melhorar? O seu casamento é algo que te faz bem, ou você acredita que está passando por uma longa e interminável fase ruim? Você vive o que realmente importa, ou acredita que ainda não tem tempo para pensar em si?
Não podemos nos deixar levar por esses dribles instituídos em nossas mentes. Mudar é complicado e exige muita coragem, mas continuar mentindo para o "eu verdadeiro" não fará com que seus problemas sumam ou mudem de figura. É preciso encará-los e tomar fôlego para enfrentar a existência real dos fatos.
Desta forma, não diga que está tudo bem no seu trabalho se não é verdade. Analise o que lhe incomoda, converse com pessoas envolvidas, colegas da mesma área, troque informações com o seu chefe e busque uma solução saudável. Seja real consigo mesmo e procure realizar as atividades que tragam significado pra você. Deixe de lado o receio de que as pessoas irão julgá-lo através de suas atitudes ou mesmo de seu status social. Segundo Aristóteles, "a igualdade é um delírio matemático". À vista disso, não se engane, somos diferentes e essa é a grande maravilha do mundo.
Comemore essa data, deixe a sua imaginação ir além e aproveite para liberar seus pensamentos. Mas, lembre-se de voltar à realidade para, assim, ser sincero consigo mesmo na vida profissional e pessoal todos os dias do ano. O seu eu verdadeiro agradece.
Anderson Cavalcante - É administrador de empresas com ênfase em Marketing e MBC pela University of Florida. É empresário e ministra palestra para as maiores empresas do país, que buscam realizar ações lucrativas, porém humanizadas. Foi reconhecido, em 2004, como o palestrante mais jovem do Brasil por realizar palestras para empresários n exterior, no evento Expo Business Japan. É autor dos best-sellers "O que realmente importa?"; "As coisas boas da vida", lançado também na Europa, entre outras obras produzidas pela Editora Gente. No Brasil, seus livros já venderam mais de 272 mil exemplares. Para mais informações, acesse www.andersoncavalcante.com.br
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