Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Yuan X Dólar: uma guerra para decidir quem vale menos

A intervenção do governo chines na cotação do yuan e seus efeitos para a economia chinesa e mundial foi o assunto de maior veiculação nos jornais e blogs chineses nos últimos 15 dias.  Nesse post, vou, resumidamente, explicar as controvérsias que envolvem essa manipulação artificial do yuan pelo Banco do Povo chinês e o porquê do descontentamento norte-americano.

A discussão toda decorre do fato de a moeda chinesa (yuan) estar atrelado ao dólar, o que quer dizer que se o dólar se valoriza, a cotação do yuan também aumenta, da mesma forma que, se o dólar cai, o moesmo ocorre com o yuan. Essa paridade só é possível graças a atuação rigorosa do Banco do Povo chinês: havendo um excesso de dólares na economia chinesa (devido ao aumento das exportações desse país) o Banco do Povo compra o excedente. Na ocorrência de uma escassez da moeda norte-americana, o BC chinês garante a oferta da moeda visando garantir a paridade.

A insatisfação dos EUA resulta, portanto, da ineficiência da sua política de desvalorização do dólar (US$900 bilhões injetados na economia) praticada durante o ano de 2010 em relação ao yuan. A desvalorização da moeda norte-americana visa não só aquecer o mercado interno devido à diminuição das importações, como também buscar um equilíbrio na Balança Comercial (atualmente deficitária)  por meio de um aumento nas exportações, a qual se dá pelo barateamento dos produtos dos EUA frente às demais moedas tornando-os mais competitivos no mercado internacional. Uma vez que o governo chinês mantêm o atrelamento do yuan ao dólar, a economia chinesa pouco perde com a efusão de dólares patrocinada pelo FED.

Na ultima semana, Bem Bernanke, presidente do FED, criticou a política de desvalorização da moeda chinesa dizendo que além de prejudicar a economia norte americana, prejudica os demais países que tem relações comerciais com a china e também a própria china pois isso a impede de ter uma política monetária independente. Bernake não está preocupado se não com a economia dos EUA, no entanto, alguns pontos da sua crítica devem ser levantados. Primeiro, se a China administra sua taxa cambial de modo a deixá-la artificialmente baixa, o peso do ajuste recai em alguns países que não administram a sua taxa cambial tão ativamente como, por exemplo, a Índia, prejudicando, assim, a exportação deste para aquela. Segundo, o yuan desvalorizado prejudica sim as exportações de alguns emergentes, entretando ajuda na recuperação chinesa  (3º maior importador de produtos do planeta) favorecendo em seguida o aumento das exportações para a china. Terceiro, a manipulação do Yuan pelo governo chines gera efeitos na economia como, por exemplo, inflação. A expectativa de inflação chinesa para o ano de 2010 é de 3,2% – o excesso de liquidez é um dos principais fatores para esse número.

Além do excesso de liquidez da economia chinesa, a importação de commodities, a reforma nos preços dos produtos energéticos aumentando os custos ambientais e salários também contribuíram para o aumento dos preços. Devido a essa conjuntura, o governo chinês ja deu indícios de que, para o ano de 2011, tomará medidas anti-cíclicas de modo a promover uma política monetária mais prudente. O aperto da política monetária significa diminuição da oferta de moeda (principalmente na primeira metade do próximo ano) e moderação do crédito bancário. O aumento da taxa de juros é outra medida que possivelmente será tomada pelos líderes chineses. Ba Shusong, vice-diretor geral do Instituto de Estudos Financeiros, Desenvolvimento e Pesquisa do Conselho de Estado chinês, declarou que o aumento dos preços em 2011 será contido pelo aumento da taxa de juros, no entanto enfatizou que o ritmo pelo qual a liquidez será controlada deve ser gradual e não repentino.

Apesar desses percalços, a expectativa de crescimento chinês para o ano de 2011 é de 10%. Boa parte desse crescimento é reflexo da política chinesa de grandes obras de infra-estrutura que visam o crescimento no longo prazo e do aumento da demanda doméstica chinesa (embora ainda haja uma vasta parcela inutilizada).

 

FONTE: http://natashapergher.wordpress.com/2010/12/13/yuan-x-dolar-uma-gue...

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