Um dia após o resultado das eleições presidenciais, cerca de 300 trabalhadores e empresários da indústria têxtil e de confecção se uniram em ato simbólico em prol da manutenção dos empregos no setor. A mobilização aconteceu no dia 27, em frente à uma feira com produtos importados de países asiáticos, realizada na capital paulista. Na ocasião, representantes da Abit, Sinditêxtil-SP, Sindivestuário, Sinditec, Conaccovest, Fetratex e Sindmestres fincaram 150 cruzes no canteiro central da Av. Otto Baumgaurt (Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte), representando os 14 mil postos de trabalho que foram fechados nos últimos 12 meses no setor .


Empresários e trabalhadores durante mobilização 

Entre as reivindicações das entidades está a bandeira de que as práticas de produção devem ser globais, assim como o mercado de têxteis e confeccionados. Visto que industriais brasileiros devem seguir à risca diversas leis rígidas de trabalho e cuidados ambientais e o mesmo não ocorre com empresários asiáticos. “A manifestação repete o que fizemos há um ano. Novamente é um grito de alerta, agora com mais consistência. Tudo o que falamos que iria acontecer em prejuízos para o setor, aconteceu: queda na produção, perda de empregos e crescimento no déficit da balança comercial”, destaca Fernando Pimentel, diretor superintendente da Abit e do Sinditêxtil-SP.


Fernando Pimentel se une a representantes de entidades laborais 
para ressaltar a importância da indústria para os empregos brasileiros 

O diretor da Kenia, Rogério Kadayan, ressalta o cenário de temor entre os produtores da indústria brasileira. “Enquanto a China conta com subsídios em impostos que o governo de lá oferece, aqui temos carga tributária alta, energia elétrica cara e um câmbio favorável às importações. Fica inviável competir”, afirma.


Rogério Kadayan destaca a dificuldade de competição com asiáticos 

Pesquisa realizada por um escritório internacional em parceria com a Abit aponta que o setor têxtil e de confecção chinês recebe 27 tipos de subsídios diferentes do governo daquele país. O empresário e presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, endossa o discurso da importância da isonomia competitiva. “Precisamos de condições para competir igualmente com o produto importado”, disse.


Ronald Masijah alerta para a necessidade de condições igualitárias de produção 

Outra exigência na pauta da mobilização é a manutenção dos empregos. “Há vários anos nós, trabalhadores e empresários, alertamos o governo federal que nossas empresas estão sumindo e os empregos desaparecendo”, alerta Sérgio Marques, presidente da Fetratex. 

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