Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

É inegável que a crise econômica vem mudando a nossa percepção de valor e os nossos hábitos de consumo. Não há como fugir da reorganização que uma crise como essa causa nos mercados a nossa volta. Assim como não há como fugir das consequências dos movimentos de ressignificação dos meios sustentáveis e do estabelecimento deeconomias colaborativas. Não é difícil de ver o tipo de mudança que isso tudo provoca na forma como compramos e na forma como os bens de consumo nos são oferecidos (e vendidos)Os novos conceitos estão aí e as marcas devem escolher se adaptar a eles ou morrer por causa deles.

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◊ uma nova consciência de consumo para moda e para a vida ◊

as marcas brasileiras e o famoso “mais do mesmo”«

Existe uma máxima que rege quase todos os mercados e todos os tipos de crise econômica:se você não for criativo, você morre. É durante uma crise que o consumidor para e analisa como o seu dinheiro deve ser gasto de forma mais responsável – e como ele pode gastar menos, sendo igualmente feliz e realizado. O próprio consumidor deve ser criativo para fazer isso acontecer, imagina então como devem agir as marcas.

É bem simples. Você tem um produto e ele tem um valor percebido pelo cliente. Se o preço cobrado é mais alto que o valor percebido, a compra do seu produto configura um mau negócio. O consumidor não quer saber se a crise chegou para você também, dono de marca de moda, ele está repensando como utilizar melhor o dinheiro que sobra no mês e não quer arriscar fazer maus negócios. Eu não vou pagar R$300 pelo mesmo vestido que eu comprei no ano passado por R$180 (fato verídico relatado por nossa editora) e eu realmente não me importo se esse preço é porque conta de luz da loja aumentou – a minha também aumentou.

O que as marcas de moda brasileiras parecem não ter percebido ainda é que o seu consumidor mudou, mudou muito. Não só porque ele lê blogs e compra online – o que aumenta a concorrência para a sua marca de forma inimaginável. Mudou porque ele precisa ser convencido, o tempo inteiro, de que a sua marca e os seus produtos vão agregar algum tipo de valor para ele. Não adianta colocar na vitrine o que a menina da novela usa, não adianta fazer campanha com modelo famosa, não adianta gastar milhares de reais num catálogo de papel, não adianta repetir o que você vem fazendo há anos porque não vai mais dar certo. Você não está mais nos anos 90, Dorothy.

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O mundo mudou, esvaziando os shoppings e enchendo as feiras. As pessoas já entenderam que quando elas pagam o preço pelo vestidinho de poliéster dentro da loja do shopping, elas estão pagando o aluguel da loja, a comissão da vendedora, o frete do tecido vindo da China e 80% de lucro sobre a unidade do produto final. Nada disso vale a pena se o que você oferece a seus clientes é apenas um vestidinho (que ele já viu, já teve, e sabe que vai estar com 70% off na próxima liquidação).

E se você tem a esperança, de que “quando a crise passar“, nós mulheres voltaremos às lojas felizes e radiantes com cartões de crédito em punho loucas pra comprar blusa de poliéster por 500 reais, pode começar a mudar de ideia. Consciência é um caminho sem volta.

Como consumidoras, o que estamos achando disso tudo?«

Marcas de moda, nós consumidoras queremos ser vistas e entendidas como indivíduos que pensam, escolhem e decidem de acordo com valores próprios e uma percepção real do mundo. Entenda que suas clientes são gordas, são negras, são empresárias, são altas, são velhas – e se você ainda está tentando vender para uma cliente ideal que você acha que todas as mulheres desejam ser, você está à beira de um choque de realidade. É impressionante como poucas marcas conseguiram captar essa ideia.

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Basta uma ida ao shopping para ter a sensação (clara) de que nada daquilo que está nas vitrines e nas araras nos representa. Conversando com pessoas próximas, é possível ver o como essa reação tem sido cada vez mais comum e de que as marcas simplesmente não estão acompanhando a nossa evolução. “Para quem são essas roupas?” – foi a pergunta levemente indignada de uma de nós dentro de uma loja, que foi jogada em um grupo nowhatsapp e desencadeou um monte de mensagens que diziam “há muito tempo não compro nada”, “só tenho achado roupas legais em marcas independentes”, “tudo tem me vestido muito mal, será que sou eu?”, “tenho preferido gastar meu dinheiro com comida e decoração”.

É como a Carla gosta de dizer: nessa crise, o dinheiro está trocando de mãos. Temos sim um dinheiro (mesmo que pouco) para gastar com nós mesmas, ainda temos vontade de comprar roupas, ainda temos desejos de tendências e de objetos de/da moda. Mas temos outros desejos consumistas também como um quadro novo para casa, um bom vinho, uma viagem no fim de semana… E isso tudo significa que se a ida ao shopping não “rendeu frutos”, o dinheiro que seria gasto com o seu vestidinho, vai ser gasto num jantar com as amigas.

Se o que você oferece a sua cliente é uma roupa sem personalidade, com qualidade medíocre, preço mais alto que o valor percebido, modelagem padrão feita nas coxas, conceito anos 90, tendencinha comprada aos lotes na China e atendimento pífio, você não pode esperar que ela compre – que ela escolha comprar com você.

E não se engane, dono de marca de moda, não adianta facilitar o pagamento. Pode parar de achar que a sua cliente não está comprando suas roupas porque está sem dinheiro. Ela só não quer mais comprar de você.

 

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  E não se engane, dono de marca de moda, não adianta facilitar o pagamento. Pode parar de achar que a sua cliente não está comprando suas roupas porque está sem dinheiro. Ela só não quer mais comprar de você.

   Se o que você oferece a sua cliente é uma roupa sem personalidade, com qualidade medíocre, preço mais alto que o valor percebido, modelagem padrão feita nas coxas, conceito anos 90, tendencinha comprada aos lotes na China e atendimento pífio, você não pode esperar que ela compre – que ela escolha comprar com você.

    Nessa crise, o dinheiro está trocando de mãos. Temos sim um dinheiro (mesmo que pouco) para gastar com nós mesmas, ainda temos vontade de comprar roupas, ainda temos desejos de tendências e de objetos de/da moda. Mas temos outros desejos consumistas.

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