Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A estética da Mansur Gavriel está por todos lados. Conversamos com as criadoras para tentar entender o que há por trás das imagens serenas em tons pastel.

Para ser um sucesso no mundo da moda não basta apenas desenhar uma bolsa. As marcas que exercem influência e viram referência, de alguma forma, parecem capturar o espírito do tempo — o zeitgeist. Ao olhar para o trabalho de Rachel Mansur e Floriana Gavriel, nomes por trás da Mansur Gavriel, é fácil perceber que elas conseguiram cumprir essa missão. As peças minimalistas da dupla viraram hit, mas é o universo estético elaborado por elas que merece ser observado com atenção.

Fãs de flores como as peôniasproteas e antúrios, as designers fizeram o seu primeiro lookbook com apenas US$ 100. No entanto, naquele primeiro momento, já conseguiram delinear o estilo voltado à natureza e à arquitetura que pauta as criações da grife até hoje. “Gostamos de fazer imagens que são calmas e que tenham uma beleza natural. Isso é o que nos ajuda a decidir qual locação e quais modelos escolher”, dizem à ELLE Brasil Rachel e Floriana que, em geral, convocam amigas para estrelar os shootings.

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A bolsa redonda com jeito 50’s é uma das novas apostas da dupla. (Mansur Gavriel/Divulgação)

Segundo a cool-hunter Beatriz Modolin, expert do WGSN, esse movimento focado no verde está realmente acontecendo. “Os centros urbanos estão se expandindo e nossas vidas estão ficando cada vez mais ocupadas. Nesse contexto, fica difícil encontrar tempo e espaços para explorar a natureza no nosso dia a dia, por isso, estamos buscando novas formas de fazer essas conexões“, explica. Se a Mansur Gavriel não foi o despertar para esse momento da moda, ela com certeza é uma boa representante do mood que etiquetas como a COS, a LOQ, a Loeffler, novas iniciativas tipo o e-commerce sustentável e norte-americano Lisa Says Gah e até marcas de bijoux brasileiras alternativas como a Luiza Dias também aparentam almejar

As responsáveis pelas imagens que rodam o mundo e inspiram perfis no Instagram são as fotógrafas Zhenya e Tanya Posternak, que clicam os lookbooks da marca desde que elas começaram. Foi essa insistência em trabalhar sempre com as mesmas profissionais que tirou da Mansur Gavriel o rótulo de one-hit-wonder para transformá-la em um neo-clássico contemporâneo.

O começo

Depois de se conhecerem em um show da banda britânica The XX, em Los Angeles, Rachel — formada na Rhode Island School of Design — percebeu que o seu senso estético era muito parecido com o de Floriana — que estudou na Universidade de Artes de Brema, na Alemanha. Alguns encontros depois, elas sentiram a necessidade de criar um projeto juntas.

A marca que une os sobrenomes das duas surgiu oficialmente em abril de 2012, quando Floriana voltou para os Estados Unidos. A dupla criou raízes em Nova York e deu o start na Mansur Gavriel. “Quando começamos, a empresa se resumia a nós duas, apenas. Trabalhávamos cada uma de seu próprio apartamento“, contam.

Apesar do início modesto, a etiqueta, que hoje está presente nas principais multimarcas do mundo (Bergdorf Goodman, Net-a-porter, Barneys New York e Opening Ceremony estão entre elas), tem em seu cúrriculo o prêmio Swarovskipara novos talentos de acessórios entregue pelo CFDA (Council of Fashion Designers of America) e gera um burburinho acalorado nas redes sociais entre suas clientes, que muitas vezes compram modelos no calor da emoção, mas não conseguem trocar pelo que realmente queriam em seu closet tamanha a lista de espera.

Respeitamos muito uma a outra. Esses são os maiores princípios que mantém a nossa amizade e parceria profissional de pé. – Rachel Mansur e Floriana Gavriel

O segredo do sucesso é uma fórmula incerta, mas que se relaciona com o design atemporal, que ao mesmo fornece uma noção de pertencimento a quem usa, mas também dá um toque de individualidade, algo tão buscado pela geração mais jovem. “Nosso design é limpominimalista e versátil, o que parece agradar muito ao nosso público”, explicam. “Considerando que nossos produtos são fabricados na Itália e que usamos materiais e construções de alta qualidade, o preço também parece ser bastante interessante.” As bolsas da grife saem por valores que vão de US$ 400 até US$ 1 mil.

Uma ajudinha do círculo fashion também veio bem a calhar. Uma das primeiras clientes (e fãs) da Mansur Gavriel é a blogueira e fotógrafa Garance Doré. Depois dela, não demorou muito para que a Bucket Bag preta com o interior colorido — primeiro (e mais estrondoso) hit da marca — se tornasse um item queridinho de outras fashionistas como a modelo Miranda Kerr e as atrizes Kirsten Dunst e Emma Watson.

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O modelo preto da Bucket Bag foi a bolsa que catapultou o sucesso da dupla. (Mansur Gavriel/Divulgação)

Nós fazemos absolutamente tudo juntas, desde o design até o business“, dizem. “Respeitamos muito uma a outra. Esses são os princípios que mantêm a nossa amizade e parceria profissional de pé.” Levando em conta a proporção que tomaram — elas criaram uma bolsa quase tão desejada quanto a Birkin Bag, clássico histórico (e caríssimo) da Hermès –, não deve ter sido fácil manter o hype que conquistaram em junho de 2013 quando finalmente chegaram ao Net-a-porter. Afinal, não é comum ver uma marca pequena e jovem como a delas emplacar uma it-bag em seus primeiros anos de vida.

“Desenvolver a estrutura de um negócio e montar um time do zero têm sido um desafio interessante e muito recompensador”, explicam sem deixar a peteca cair, uma vez que não demoraram para lançar a sua primeira linha de sapatos — no mesmo estilo minimal de suas bolsas. “Conforme fomos crescendo, percebemos a importância de ter uma rede de contatos para sustentar nossas empreitadas.”

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O lançamento da linha de sapatos foi uma das estratégias das designers para manter a relevância de sua etiqueta. (Mansur Gavriel/Divulgação)

O renomado portal The Business of Fashion classificou a Bucket Bag como a primeira it-bag a nascer depois da crise de 2008. Não à toa: vale lembrar que, diferentemente da maioria das bolsas grifadas por marcas como Stella McCartney (Falabella Bag), Chanel (Gabrielle) e Proenza Schouler (PS1), elas são mais tangíveis: tanto pelo preço, quanto pelo estilo. Até porque, ao mesmo tempo em que ter uma boa estrutura de negócios e duas meninas bem decididas no comando foi importante para marca, é o visual da Mansur Gavriel que realmente conquistou toda a sua legião de fãs. No fim das contas, todo esse sucesso aponta para um novo momento da moda no qual acabamentos impecáveis são um pré-requisito indispensável. A faceta mais ostensiva do luxo, no entanto, está sendo deixada de lado e, no lugar do exagero, as delicadezas parecem ser muito mais encantadoras. Temos sorte de ter uma grife como a delas servindo de exemplos para tanta gente.

Por Pedro Camargo

http://elle.abril.com.br/moda/o-que-o-fenomeno-mansur-gavriel-tem-a...

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