Diante da recente reorganização do mercado global, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) em parceria com a Associação Mato-Grossense de Produtores de Algodão (Ampa), e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), realizará em Brasília, no próximo dia 10/09, o primeiro Fórum Geopolítica e Logística. O evento irá debater os desafios para o Brasil do futuro: o que é preciso ser feito agora para assegurar a competitividade e viabilizar a exportação dos produtos brasileiros com qualidade, segurança e agilidade.
Com programação de mais de oito horas de debate, o Fórum faz um paralelo da evolução das cadeias produtivas brasileiras e avanços em logística, sustentabilidade e infraestrutura, de olho na atual conjuntura geopolítica. O evento será divido em dois painéis e uma palestra sênior. Pelo amanhã, representantes do Ministério dos Transportes, Observatório IBI, Marinha e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), tratarão sobre a diversificação dos modais de transporte e escoamento da produção nacional. O segundo painel falará sobre a atuação das agências reguladoras, dos gargalos e obstáculos da infraestrutura de abastecimento do país, com porta-vozes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Como convidados do Fórum, estão representantes do agronegócio e indústria, tomadores de decisão e autoridades governamentais.
Transporte além das rodovias
Entre os maiores desafios logísticos que os produtores brasileiros enfrentam está o escoamento das safras, problema que tem início nas vicinais não asfaltadas do interior do país e se estende até os portos, que estão sobrecarregados pela alta demanda do setor exportador. Atualmente, cerca de 60% do volume de grãos é transportado por caminhões, contra aproximadamente 30% em ferrovias e 10% em hidrovias.
“A produção agrícola brasileira está em constante expansão, porém o sistema de escoamento não consegue acompanhar esse crescimento com eficiência, o que acarreta problemas em toda a cadeia da exportação. Portanto, a realização do Fórum é essencial para discutir a expansão da malha ferroviária, hidrovias e a criação de novas alternativas para transporte interno e escoamento dos produtos nacionais”, observa o Diretor Executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.
“Neste contexto de transformação geopolítica, se faz ainda mais necessária a mobilização de diferentes atores da cadeia produtiva a fim de viabilizar uma matriz que diversifique os modais de transporte, dando segurança e agilidade ao escoamento de toda produção agropecuária brasileira”, avalia o diretor.
Logística é essencial para competitividade
Mato Grosso é o estado brasileiro que lidera a produção de soja, algodão e milho. Segundo estudo realizado pela Esalq-LOG em parceria com o USDA, em 2024, transportar grãos Mato Grosso até Xangai, na China, via Porto de Santos, custou em torno de USD 116/tonelada, dos quais 73% (USD 84) corresponderam ao trecho terrestre de aproximadamente 2.000 km até o porto. Os 27% (USD 32) restantes referiram-se à longa viagem marítima até a China. “O transporte interno encarece muito o produto brasileiro. Esse custo elevado está ligado tanto às distâncias quanto à ineficiência gerada pelo escoamento concentrado, e quem acaba pagando por essa conta é o produtor”, afirmou o Diretor Executivo da Associação Mato-Grossense de Produtores de Algodão, Décio Tocantins.
Para o presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, gargalos logísticos atrapalham a competitividade do Brasil e impedem o produtor de continuar crescendo para atender a real demanda global de matéria-prima brasileira. “Os entraves na infraestrutura, como estradas em más condições, portos operando acima do limite e a falta de novos investimentos comprometem a capacidade do país de atender à crescente demanda. Enquanto essas barreiras persistirem, o país continuará perdendo espaço e competitividade em um cenário global que poderia sem muito mais vantajoso para o produtor brasileiro”, explicou Buffon.
Ex-presidente do BRICS fala sobre geopolítica
O ex-presidente do BRICS, Marcos Troyjo, encerra a programação com palestra sobre as perspectivas do setor produtivo brasileiro diante dos desafios do cenário econômico mundial. Troyjo é economista, cientista social e professor, durante 10 anos serviu o copo diplomático brasileiro antes de se tornar presidente do BRICS.
Acesse a programação completa no link:
https://abrapa.com.br/evento/forum-geopolitica-e-logistica/
https://abrapa.com.br/2025/09/01/forum-geopolitica-e-logistica-disc...
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