Como empresas podem ajudar a transformar compromissos climáticos em ações sustentáveis?

Durante a Rio Climate Action Week, setor privado apresentou o trabalho da SB COP e discutiu recomendações para a COP30.

De que forma os compromissos assumidos pelos países no Acordo de Paris podem ser apoiados pelas empresas, indo além da mitigação de riscos e se transformando em estratégias de regeneração dos sistemas? Essa foi a pergunta que guiou o evento "SB COP: o papel do setor privado na implementação do Acordo de Paris”, realizado nesta segunda-feira (25), na Casa Firjan, no Rio de Janeiro, durante a programação oficial da Rio Climate Action Week (RCAW). 

No encontro organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio da Firjan, o chair da Sustainable Business COP (SB COP), Ricardo Mussa, informou que o setor privado elabora um documento com recomendações e cases de sucesso para as negociações da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), prevista para novembro de 2025 em Belém (PA).

A SB COP é uma aliança global criada, no ano passado, na COP29, no Azerbaijão, liderada pela CNI e formada por empresas, instituições e parceiros estratégicos de todo o mundo. “Uma das formas de contribuir com os compromissos climáticos é mostrar, com base na experiência de 40 milhões de empresas da SB COP, o que já está funcionando e como escalar soluções concretas”, afirmou Mussa. 

Acordo de Paris e ações práticas 

Na abertura do encontro, Dan Ioschpe, campeão de Alto Nível do Clima da COP30, destacou a importância histórica do tratado firmado em 2015. “O Acordo de Paris foi determinante como ponto de partida para uma série de ações em prol da agenda climática global”, disse. 

Ele lembrou que, agora, mais do que novas ideias, o mundo precisa de caminhos práticos. “Na segunda metade da nossa década, precisamos acertar esse jogo”, afirmou. “A ideia dicotômica entre desenvolvimento e sustentabilidade não existe. O desenvolvimento global depende de ações práticas em defesa do meio ambiente”. 

O papel da SB COP dialoga diretamente com essa necessidade de ação prática. Ao reunir empresas, investidores e parceiros estratégicos, a aliança permite transformar experiências bem-sucedidas do setor privado em soluções concretas que podem ser escaladas globalmente, apoiando o cumprimento dos compromissos climáticos e evitando retrocessos socioeconômicos, como reforçou Ioschpe.

Áreas de contribuição do setor privado 

Os painelistas sinalizaram áreas em que as empresas vêm apoiando os países para o cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris:

1. Transição energética e descarbonização 
Para Mauro Andrade, diretor de Novos Negócios da Prumo, o Brasil já possui uma base sólida em energia verde, mas ainda há muito a avançar. “Não podemos ficar deitados em berço esplêndido. É preciso pensar em políticas públicas com começo, meio e fim. O setor elétrico é amplamente descarbonizado, mas há ainda um potencial enorme de usos de hidrogênio verde, combustíveis sintéticos e biomassa”, afirmou. 

A Prumo atua como catalisadora de investimentos no Porto do Açu, no norte fluminense, estruturando parcerias internacionais para oferecer soluções de baixo carbono. 

2. Inovação e criatividade 
Andrade ressaltou que a transição exige inovação, ciratividade e aproveitamento de recursos. “Algumas coisas serão eletrificadas, outras pelas moléculas verdes, e outras teremos que compensar, como pela captura de carbono. Nossa busca tem que ser incessante por competitividade e mercados dispostos a pagar por soluções sustentáveis.” 

3. Conexão entre empresas 
No Porto do Açu, já estão em análise projetos de amônia verde, metanol e biomassa. “Não somos apenas uma plataforma de encontro, conectamos empresas. Em algum momento vai dar liga, vai dar conexão, e isso ajuda a criar um ecossistema, reduzindo custos logísticos e fortalecendo fornecedores”, explicou Andrade. 

4. Colaboração com o setor público 
O secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade do Rio de Janeiro, Osmar Lima, reforçou a importância da colaboração entre setores. “Não adianta o poder público achar que o setor privado é malvado, nem o privado dizer que o público é burocrático. Precisamos construir um ambiente em que cada um faça o que sabe de melhor”. 

Entre as iniciativas da prefeitura está a substituição de 5 mil ônibus por veículos menos poluentes até agosto de 2028. 

5. Finanças e investimentos para transição 
Para Ricardo Mussa, identificar soluções que já funcionam ajuda a dar escala e orientar melhor os investimentos. “A SB COP permite direcionar recursos de forma eficaz, mostrando o que pode ser ampliado.” 

6. Empregos e habilidades verdes 
Andrade indicou que a transição energética deve considerar a criação de empregos e o desenvolvimento de habilidades verdes. “Não podemos encarar a onda de descarbonização sem pensar em como gerar mais empregos. É preciso capacitar profissionais para atuar nas novas cadeias produtivas sustentáveis”. 

Indústria fluminense aposta em sustentabilidade 

O presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, destacou que 96% das indústrias fluminenses já adotam práticas sustentáveis e 73% utilizam critérios ambientais e sociais na gestão de fornecedores. 

Desde 2018, a Firjan é signatária do Pacto Global da ONU e, neste ano, unificou seus conselhos de Responsabilidade e Meio Ambiente no Conselho de Sustentabilidade, que reúne mais de 40 representantes de diferentes setores.  

“Os temas tratados aqui hoje conversam perfeitamente com a realidade da indústria do estado. Há uma sinergia grande com a estratégia de sustentabilidade da Firjan, que é um dos pilares da nossa instituição”, afirmou Caetano. 

SB COP terá papel permanente nas conferências 

O superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, explicou que a SB COP foi pensada para ser permanente, acompanhando as próximas edições da conferência do clima e apoiando o cumprimento dos compromissos assumidos no Acordo de Paris.

  • Conheça a SB COP:

Debate sobre a nova arquitetura da implementação climática 

O evento também contou com o debate “Nova arquitetura da implementação climática: o legado da SB COP e o papel dos atores não-estatais”, moderado por Veronica Nyhan Jones, diretora global de Clima e Inclusão do IFC, com participação de: 

  • Juan Parodi, diretor de Investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) 

  • Jens Nielsen, fundador e CEO da World Climate Foundation (WCF) 

  • Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) 

A discussão reforçou a importância da colaboração entre empresas, setor financeiro e organizações não-estatais para apoiar os compromissos climáticos globais. 

Por: Letícia Carvalho

Fotos: Paula Johas/Firjan
Da Agência de Notícias da Indústria

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