Confira tudo o que aconteceu IT Forum Praia do Forte 2025

Evento reuniu mais de 400 executivos do setor e líderes de tecnologia para pensar futuros e negócios na última semana.

Plenária de abertura do IT Forum Praia do Forte 2025 (Imagem: IT Forum/PlayP)

Na última semana, o litoral baiano foi palco de encontros de negócio, interações entre executivos e intensos debates e provocações sobre o futuro do setor de Tecnologia. Tudo isso aconteceu no IT Forum Praia do Forte, um dos maiores eventos da área, que reuniu cerca de 140 CIOs e 280 executivos de grandes companhias nacionais e internacionais – entre CEOs, diretores e fundadores.

A edição celebrou os 35 anos do IT Forum. Na abertura do encontro, Adelson de Sousa, fundador do IT Forum e presidente do Itaqui, resgatou os principais marcos dessa trajetória, conduzindo os convidados por uma jornada que começou com a chegada da revista Byte ao Brasil, passou pela transformação da IT Mídia em IT Forum e culminou na consolidação do Itaqui, com suas três unidades de negócio: IT Forum, Instituto Itaqui e Distrito Itaqui.

Em sua fala, Sousa também agradeceu ao sócio Miguel Petrilli pelos anos de parceria e convocou os líderes de TI a unirem negócios, pessoas e planeta nesta nova etapa do ecossistema, agora sob a marca Itaqui. “Não estamos apenas conectando tecnologia. Estamos conectando histórias, propósitos e futuros. E se, durante 35 anos, o IT Forum foi o palco, agora o Itaqui será o terreno fértil”, afirmou.

A cerimônia contou ainda com a divulgação das profissionais reconhecidas pelo IT Forum Mulheres. A lista, com 35 nomes, presta homenagem às executivas que marcaram a história da tecnologia.

Provocações internacionais

Para traçar os próximos passos dentro desse ecossistema, o evento contou com três palestrantes de destaque. Na quinta-feira (21), o dia começou com a apresentação da artista e pesquisadora sino-canadense Sougwen Chung, que defendeu uma nova abordagem para a inteligência artificial (IA), na qual humanos e máquinas interagem como parceiros no processo criativo.

Enquanto sistemas massivos consomem enormes volumes de dados para gerar textos e imagens em escala industrial, Sougwen trabalha com seus próprios conjuntos de informações, sinais do corpo e algoritmos que treina como colaboradores. “Não um de comando e obediência, mas um que se centra em loops de feedback e fluxos invisíveis para nós.”

Ao longo de sua fala, a pesquisadora trouxe exemplos de como utilizou a tecnologia para explorar novas formas de arte e comentou ainda sobre seu estudo com seda de bicho-da-seda, no qual busca criar circuitos eletrônicos biodegradáveis, flexíveis e responsivos ao ambiente. “E se uma máquina pudesse crescer? E se pudesse ser tecida, fiada ou cultivada, em vez de montada?”, questionou.

As provocações sobre novas formas de criar tecnologia continuaram com a futurista Monika Bielskyte, que destacou em seu painel a importância de repensar a inovação a partir de outros parâmetros. Segundo ela, até aqui o ser humano criou com base em referências do século XX e sob uma visão binária, de distopia e utopia. No entanto, as próprias tecnologias já evoluíram, trazendo novos questionamentos para o palco, como as diferentes maneiras de nos relacionarmos e os desafios climáticos.

Com o propósito de aproximar a ciência dessas discussões, Monika é uma defensora da informação e acredita que as pessoas precisam compreender como tecnologias como a IA funcionam. Apenas assim, afirmou, será possível entender que a ferramenta não pode ser comparada a um cérebro humano e que não resolverá todos os problemas da humanidade.

O futuro imaginado por ela propõe a união entre conhecimento e curiosidade. Em sua visão, a nova fronteira da tecnologia está no reencontro com a biologia e na reintegração do ser humano ao ecossistema da Terra. “Não podemos sobreviver sem o nosso microbioma. E a biologia é realmente a verdadeira fronteira do futuro, não o silício ou os foguetes. Porque qualquer futuro que tenhamos será definido pela nossa biologia.”

Já na sexta-feira (22), depois de imaginar novos horizontes, os executivos foram convidados a refletir sobre como lideram suas equipes no presente e as preparam para a aceleração dos próximos anos, na plenária apresentada pelo autor e especialista em inteligência artificial (IA) da Singularity University, Gary Bolles.

Em sua fala, o pesquisador afirmou que, para acompanhar o ritmo da tecnologia, as organizações modernas precisam desenvolver um novo “sistema operacional” capaz de lidar com transformações constantes — ou ficarão à deriva diante da velocidade da inovação. O sucesso, daqui em diante, depende do aprimoramento contínuo de três elementos: o mindset (mentalidade), o skillset (habilidades) e o toolset (ferramentas).

“O que precisamos não é de mudança, mas de transformação contínua. O change management acabou”, declarou. Bolles reforçou ainda que líderes de TI devem assumir um papel mais amplo nas empresas, atuando como agentes de inovação.

Embora inclua a IA nessa visão de futuro, o especialista se mostrou cético em relação à inteligência artificial geral (AGI). Para ele, a ideia de que surgirá um único software capaz de replicar toda a complexidade cognitiva humana em uma aplicação é ilusória. O que realmente deve emergir é um ecossistema federado de sistemas especializados, cada um criado para resolver problemas específicos. “Pensar que vamos magicamente criar esse software que pode fazer tudo o que um humano faz em um único aplicativo simplesmente não faz sentido”, concluiu.

Inovação para pessoas e para o planeta

O evento contou também com apresentações de cases de inovação, que levaram ao palco exemplos práticos de como aplicar conceitos como sustentabilidade e cultura organizacional. Mediados pela diretora de Conteúdo do Itaqui e editora-chefe do IT Forum, Déborah Oliveira, a CIO da Mondelez, Leila Zimmermann, e o diretor-geral da HP Brasil, Ricardo Kamel, compartilharam como têm adotado práticas sustentáveis no processo de automação e modernização da indústria de chocolates. Até 2030, a Mondelez pretende dobrar de tamanho globalmente, passando de R$ 36 bilhões para R$ 72 bilhões e, para alcançar esse objetivo, a digitalização é o pilar central da estratégia da companhia.

Na mesma plenária, Erick Pascoalato, gerente-geral de ISG na Lenovo Brasil, e Marco Antonio Gutierrez, CIO do Instituto do Coração (Incor), da Faculdade de Medicina da USP, mostraram como a tecnologia pode salvar vidas. Ambos detalharam o projeto TRAdA, dispositivo vestível com IA capaz de detectar arritmias cardíacas com alto grau de precisão.

Os convidados puderam ainda conhecer a filosofia que sustenta a estratégia de Pessoas do Nubank. Em sua apresentação, Suzana Kubric, diretora de Recursos Humanos do banco digital, afirmou que a cultura é o “tecido que dá vida à empresa”. Essa essência se traduz em cinco valores: conquistar o amor dos clientes, agir como donos, desafiar o status quo, formar times fortes e diversos e buscar eficiência inteligente. “Os nossos clientes não consomem apenas produtos, eles consomem a nossa cultura”, destacou. No palco, a executiva defendeu que os modelos tradicionais de gestão, baseados em hierarquia rígida e comando e controle, já não acompanham a velocidade das transformações tecnológicas. O Nubank, por exemplo, reduziu seus níveis hierárquicos de 14 para 7, ampliando a autonomia dos times e acelerando decisões.

Confira abaixo a cobertura completa:

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