Superaquecimento vira ameaça global para data centers na era da IA

Explosão de data centers e cargas de IA pressiona sistemas de resfriamento e leva a apagões raros, como o que afetou o CME Group.

Imagem: Shutterstock

O avanço acelerado da inteligência artificial (IA) está colocando os data centers sob uma nova forma de estresse: o calor. A expansão global de infraestrutura digital, impulsionada por empresas que terceirizam armazenamento e aceleram workloads de IA, ampliou a demanda por energia e, com isso, a complexidade de manter ambientes estáveis o suficiente para evitar falhas, segundo a Reuters.

O caso mais recente ocorreu nos centros operados pela CyrusOne, nos Estados Unidos. Um problema no sistema de resfriamento provocou a interrupção de operações do CME Group, maior operador de bolsas do mundo, afetando negociações de moedas, commodities, Treasuries e ações. A companhia informou que equipes de engenharia trabalham para restabelecer a capacidade térmica da instalação próxima a Chicago.

A falha, incomum para um segmento que opera sob contratos com exigências de disponibilidade que ultrapassam 99,99%, evidenciou um ponto de atenção crescente: o choque entre cargas de IA cada vez mais intensivas e sistemas de resfriamento projetados para demandas anteriores.

Por que os servidores esquentam tanto

Servidores dedicados a IA e nuvem concentram processadores de alto desempenho, GPUs e aceleradores que consomem enormes quantidades de energia. O calor liberado por esses componentes se acumula rapidamente em racks densos, tornando insuficientes os modelos tradicionais de refrigeração baseados em ar.

Segundo especialistas, os chips precisam operar dentro de faixas de temperatura muito restritas. Qualquer variação pode causar desligamentos automáticos, falhas ou degradação do hardware. É um risco técnico que se intensifica conforme empresas migram para modelos de IA generativa e cargas distribuídas que exigem volumes massivos de processamento.

De água a líquido especializado: o novo arsenal térmico

Para enfrentar o desafio, operadores de data centers buscam novas estratégias. O resfriamento líquido, seja com água, seja com fluidos especiais, desponta como uma das soluções mais eficientes, chegando a superar em milhares de vezes a capacidade de dissipação térmica do ar. Contudo, a adoção não é trivial: vazamentos, corrosão e necessidade de manutenção altamente especializada estão entre os obstáculos.

Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com o impacto ambiental. Sistemas líquidos podem demandar grande volume de água, o que motivou empresas como a Microsoft a desenvolver arquiteturas de “zero consumo hídrico”. Na prática, o modelo reaproveita a água em um circuito fechado entre servidores e chillers, dispensando uso contínuo de novas reservas.

Outro movimento envolve a recuperação do calor excedente, que pode ser redirecionado para aquecimento de prédios ou redes urbanas, uma solução já testada em data centers europeus.

Falhas são raras, mas impacto cresce

Especialistas indicam que interrupções causadas especificamente por problemas de resfriamento ainda são pouco frequentes. Embora outages ocorram, a maioria é atribuída a falhas de energia. Problemas térmicos, quando surgem, geralmente estão associados a eventos extremos ou picos de carga inesperados.

Mesmo assim, a combinação de IA e cloud elevou o tema à agenda estratégica de grandes fornecedores, investidores e reguladores. Estima-se que até 40% do consumo energético total de um data center seja destinado ao resfriamento, um percentual que explica o interesse crescente por aquisições e parcerias no segmento.

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