Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O descrédito da República e a ameaça populista e autoritária da “democracia” direta

Muito cuidado com aqueles que querem substituir a República democrática...

Muito cuidado com aqueles que querem substituir a República democrática…

Quando as instituições perdem a credibilidade, o caminho fica aberto para os oportunistas de plantão. Considero esse o maior risco que o Brasil corre atualmente. Os representantes eleitos não honram seus mandatos, e a descrença na própria democracia é cada vez maior, suscitando propostas autoritárias de ambos os lados: direita e esquerda.

Esse foi o alerta feito por Marco Antonio Villa em seu artigo de hoje no GLOBO. Após uma aula de história, o historiador chega ao presente bastante preocupado com o clima de desilusão geral:

O processo eleitoral reforça este quadro de hostilidade à política. A mera realização das eleições — que é importante — não desperta grande interesse. Há um notório sentimento popular de cansaço, de enfado, de identificação do voto como um ato inútil, que nada muda. De que toda eleição é sempre igual, recheada de ataques pessoais e alianças absurdas. Da ausência de discussões programáticas. De promessas que são descumpridas nos primeiros dias de governo. De políticos sabidamente corruptos e que permanecem eternamente como candidatos — e muitos deles eleitos e reeleitos. Da transformação da eleição em comércio muito rendoso, onde não há política no sentido clássico. Além da insuportável propaganda televisiva, com os jingles, a falsa alegria dos eleitores e os candidatos dissertando sobre o que não sabem.

O atual estágio da democracia brasileira desanimaria até o doutor Pangloss. A elite política permanece de costas para o país, ignorando as manifestações de insatisfação. E, como em um movimento circular, as ideias autoritárias estão de volta. Vai se formando mais uma geração de desiludidos com a República. Até quando?

De fato, até quando? Até um golpe autoritário de algum lado? Até um “messias salvador” surgir em cena? Até os populistas conseguirem instaurar no Brasil uma “democracia direta” nos moldes venezuelanos?

Vladimir Safatle, do PSOL, é um exemplo perfeito desse oportunismo populista. Em sua coluna de hoje na Folha, ele apresenta sua proposta por uma “outra democracia”, bem mais direta. Lembro apenas que todos os países comunistas, sob regimes totalitários, diziam-se repúblicas democráticas. Safatle diz:

Na verdade, há de se insistir que a verdadeira participação popular não pode ser apenas consultiva, mas deliberativa, com poder de veto em relação aos outros poderes e, principalmente, com capacidade de gestão. Faz parte da democracia representativa nos fazer acreditar que decisões racionais só podem sair da “tecnocracia” ou de detentores do discurso da competência gerencial. O Brasil deveria servir de melhor exemplo para a natureza falaciosa dessa afirmação, já que a “racionalidade” dessas pessoas é do tamanho de viadutos que caem, de metrôs tomados de assalto por corrupção, de rios que nunca são despoluídos etc.

Na verdade, decisões realmente racionais só aparecerão quando formos capazes de realmente escutar a inteligência prática de professores, enfermeiras, metroviários, médicos que estão efetivamente envolvidos no cotidiano do que foi, normalmente, mal planejado por algum tecnocrata ou consultor com fórmulas mirabolantes. Essa recuperação política da inteligência prática é um dos nossos maiores desafios.

Imaginem um país com 200 milhões de habitantes em território continental como o Brasil, com ampla disparidade de educação, deliberando em “consultas populares” sobre o nível da taxa de juros. É uma piada de mau gosto. Quem controla os “movimentos sociais” controlaria toda a política, e com a politização de tudo, viveríamos em um regime totalitário e opressor, como sempre foi o caso em países comunistas.

Plebiscitos e “democracia direta” podem funcionar em casos muito específicos, nas ágoras gregas com pouca gente deliberando sobre assuntos públicos, ou na Suíça dos cantões descentralizados e população educada e mais homogênea. Propor esse modelo no Brasil é algo irresponsável, de quem realmente repudia a liberdade e a própria democracia.

Ninguém pode ser contra dar mais poder ao povo, ou seja, a cada um dos brasileiros. Mas a esquerda populista acha que isso se faz manipulando votos por meio de plebiscitos, e não reduzindo o escopo da própria política. A melhor forma de “empoderar” a população é por meio do livre mercado, de trocas voluntárias, limitando o papel do estado, que seria administrado por representantes eleitos.

Essa “outra democracia” de que os esquerdistas falam tem outro nome no meu dicionário, e não guarda semelhança alguma com a verdadeira democracia. Basta ver o que aconteceu na Venezuela, país cujo modelo essa mesma esquerda aplaude e ainda chama de “excesso de democracia”, um escárnio completo.

Vivemos em tempos perigosos. Espero que os eleitores saibam escolher melhor seus representantes, e que esses tenham juízo para preservar o decoro parlamentar e a própria República. Quando muita gente perde totalmente a confiança no processo democrático, a alternativa costuma ser sempre pior…

Rodrigo Constantinos

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Comentário de petrúcio josé rodrigues em 12 julho 2014 às 11:30

......DIGO MONSTROS......

Comentário de petrúcio josé rodrigues em 12 julho 2014 às 11:30

dois montros que se agigantam.

não faz mal, eles serão destruidos como a estupidez de um Pais, onde todos seus anseios estavam na: ILUSÃO DE SER O MELHOR E MAIS POTENTE PAIS DO FUTEBOL".

PIOR QUE ERA, UM RIBEIRO ILUSÓRIO. 

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