Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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SENAI CETIQT: O Designer de Moda 4.0 e o universo de oportunidades na quarta revolução industrial

Palestra da professora Diva Costa mergulha na importância do designer de moda 4.0 e o seu papel desde a pesquisa e criação até a participação em todos os processos para termos um produto eficaz, que atenda às necessidades e aos desejos do consumidor, que seja viável, gere lucros para a empresa e que contemple as tecnologias. Mostrou o designer frente à inovadora Planta de Confecção 4.0 do SENAI CETIQT, que utiliza diversos componentes tecnológicos, servindo de inspiração para as indústrias nacionais na busca pela inovação e competitividade e a mudança do mindset dos profissionais da área: ‘Muitas marcas vêm investindo na questão das medidas, por exemplo. É algo que já devia ter sido feito há muito tempo pela indústria. Também é importante começar a abranger mais biótipos, realmente entender como são esses corpos, quem são as pessoas que vestem essas roupas”

A Quarta Revolução Industrial é o tão aguardado momento de convergência em que as máquinas não apenas levantam dados, mas passam a tomar decisões através de sistemas computacionais em conexão com profissionais, proporcionando que empresas melhorem processos, alavancando negócios. Nesse contexto, empresários e executivos do setor têxtil e de confecção compartilham ideias, conhecimentos, informações e, hoje, são capazes de elaborar projetos de implantação da Confecção 4.0, gerando processos industriais mais eficientes, produtivos e sustentáveis. E o designer 4.0, designer fashion digital, além da criação está olhando dados. Para ele é importante ver o que está sendo falado da marca e fazer uma varredura de interesse através de dados para tomar uma decisão.

Maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil, de confecção e química, e referência em tecnologia, consultoria e formação de profissionais qualificados para a Quarta Revolução Industrial, o SENAI CETIQT promoveu a live “O designer de moda 4.0″. Coordenada pela analista das pós-graduações de Design da instituição, Alice Tavares, a live é parte das iniciativas para  para mudar o mindset dos profissionais da área e contou com palestra da designer de Moda e professora da graduação e pós-graduação do SENAI CETIQT Diva Costa, especializada em Confecção 4.0.

“Nossa pós-graduação em Moda 4.0 visa profissionalizar o designer de moda de que a Indústria 4.0 tanto precisa. Nosso objetivo é formar profissionais capazes de compreender a moda de forma disruptiva. Da área de criação até a produção final. Trazemos conceitos de inovação e tecnologia. O universo da significação permeia esse curso, cujo objetivo é desenvolver a mentalidade de startup para aplicabilidade na indústria de forma geral”, comenta Alice Tavares. A pós-graduação em Moda 4.0 inicia justamente enfatizando as competências do designer.

O diretor-executivo do SENAI CETIQT, Sergio Motta sempre aponta que existe “uma grande demanda na implementação da Indústria 4.0 no Brasil e por profissionais com novos perfis, com conhecimento na área de tecnologia da informação e comunicação, digitalização, automação industrial, impressão 3D, sustentabilidade e economia circular. Ou seja, um novo mundo no qual a indústria tem o SENAI CETIQT como parceiro para dar esse novo passo. Não posso deixar de mencionar a transversalidade do setor têxtil por meio dessa inovação dos materiais”.

Portanto, os alunos são preparados para conduzir o processo de transformação digital nas  empresas, tornando-as mais competitivas em âmbito global, seja por inovação, geração de resultando financeiros ou resultados para a sociedade. O SENAI CETIQT foi a primeira instituição a planejar e construir uma planta de confecção adotando conceitos da Indústria 4.0 ou Manufatura Avançada. A planta, primeira na América Latina, utiliza diversos componentes tecnológicos, servindo de inspiração para as indústrias nacionais na busca pela inovação e competitividade. Exemplos disso são a personalização em massa, a realidade virtual e o processo de estoque zero. Essa Planta de Confecção 4.0 foi lançada em 2017 durante o 33° IAF – International Apparel Federation, maior e mais respeitado congresso de moda do mundo.

SINERGIA DO DESIGNER COM SOCIEDADE E TECNOLOGIA

“Antes de o produto chegar ao nosso guarda-roupa, existe um fluxo de distribuição, confecção e produção que devemos acompanhar. Além disso, é preciso saber que existem outros setores que interagem com a moda, como a agricultura, a indústria química, tecelagem, aviamentos. Tudo passa pelo olhar do designer de moda”, explica Diva Costa. “A indústria têxtil vai muito além dessa superfície que vemos no nosso corpo. Ela emprega muita gente e tem todo um contexto que alimenta a sociedade. Podemos considerar quatro fases dessa evolução. A primeira foi a mecanização, que utilizou a força hidráulica e a máquina a vapor. A segunda foi a da produção em massa, como vemos no filme ‘Tempos Modernos’, de Charlie Chaplin. A terceira teve a ver com computação e automação. Agora, na Quarta Revolução Industrial, temos conectividade e sistemas cyber-físicos (sistemas virtuais e físicos integrados)”, acrescenta.

E quais os principais conceitos da Indústria 4.0 (ou Quarta Revolução Industrial)?  Segurança da Informação, Realidade Aumentada, Big Data (grande volume de dados), Robôs Autônomos, Simulações, Manufatura Aditiva, Sistemas Integrados, Computação em Nuvem, Internet das Coisas; ou seja, diferentes conceitos. Como objeto de estudo no modo 4.0, Diva ressalta a importância da Planta de Confecção 4.0 desenvolvida pelo SENAI CETIQT. O espelho virtual permite que o consumidor simule estar vestido com a roupa nova graças à realidade aumentada. Em seguida, uma espécie vitrine exibe modelos (bermuda, Capri, corsário e legging), tamanhos, cores e estampas. Máquinas colaborativas interagem com o ser humano e, finalmente, o cliente passa a ser co-criador da peça. Ele tem o poder de escolher as características do modelo diante de uma gama de possibilidades disponíveis que lhe são oferecidas.

Todo esse percurso de produção é monitorado em tempo real. A Realidade Aumentada auxilia o processo produtivo demonstrando o “como fazer” em determinados processos. O QR Code anda junto com o produto, permitindo que o cliente acompanhe as etapas da produção. Se a roupa está no corte, tem o QR Code; se está na costura, também está lá. Finda a produção, chegamos à expedição, quando o produto está pronto e será embalado. Uma máquina dobra tudo de forma padronizada, evitando que alguém faça esse trabalho de movimento repetitivo que pode, inclusive, causar lesões. O profissional apenas programa a máquina e acompanha, verificando se está tudo correndo da melhor maneira possível.

A professora Diva chama atenção para uma questão extremamente importante na área de Moda: as medidas. O questionamento vale para incentivar a criação de projetos inovadores que tragam melhorias ao que já foi feito até aqui, além de agilizar processos: “Muitas marcas vêm investindo na questão das medidas. É algo que já devia ter sido feito há muito tempo pela indústria da moda. Também é importante pensar em abranger mais biótipos, realmente entender como são esses corpos, quem são as pessoas que vestem essas roupas. Temos informações muito vastas que precisamos estudar para desenvolver um projeto”.

Mas… onde está o designer de moda 4.0? “Quando pensamos no começo do fluxo da Planta de Confecção 4.0, com todas aquelas opções de estampas, modelos e combinações de cores, quem criou tudo isso? O designer de moda 4.0, claro. Também foi ele que pesquisou a matéria-prima, os fornecedores, tecnologias novas, materiais e texturas. O designer não fica em um quadradinho desenhando. Para desenhar, ele precisa compreender, considerar, acompanhar diferentes informações sobre desenvolvimento de produtos”, ressalta Diva Costa.

E acrescenta: “O designer de Moda 4.0, para desenvolver produtos, precisa compreender os processos produtivos (etapas de corte, modelagem, costura, confecção). Há cursos para instrumentalizar e desenvolver competências. Estejam sempre alerta procurando aprender onde quer que estejam, trabalhando ou estudando. Se interessem por aquilo que vai além do que consideramos ‘nosso trabalho’ apenas”.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

Antes de dar qualquer passo, porém, é preciso que se faça uma pesquisa de tendências ou macrotendências para checar mudanças de comportamento e evoluções. Essas pesquisas focam em comportamento e consumo. Os modelos da Planta 4.0 foram desenvolvidos a partir de uma pesquisa, como a do athleisure (athletic + leisure), roupas próprias para atividades físicas que também podem ser usadas para o lazer. São práticas, confortáveis e funcionam em ocasiões especiais e no dia a dia. No entanto, a moda athleisure é mais que uma tendência: “Tendência é algo passageiro, um desejo momentâneo que se esvai rapidamente. Quando conseguimos combinar estilos e novas propostas estéticas com tendências de comportamento e consumo, ela pode durar mais”.

Uma vez definido o tema, passa-se à etapa de desenvolvimento de produto. A primeira providência é criar um moodboard  para pensar em quais serão os modelos, que cores e estampas serão disponibilizadas e qual será a matéria-prima. A partir de um tema, desenvolvemos os primeiros croquis. “O croqui comunica ideias através de desenhos nos quais conseguimos colocar estampas e cores. Há quem faça a mão e quem faça digitalmente. Independentemente disso, é uma ótima maneira de apresentar nossas primeiras ideias. Muitas empresas pedem croquis para dar início ao processo de criação depois de aprovar com o gerente ou com o coordenador. A partir daí, pensamos nos modelos”, explica Diva Costa. “Para a Planta de Confecção 4.0, foi desenvolvida pela equipe do Instituto SENAI de Tecnologia do SENAI CETIQT uma única modelagem que pode se desdobrar em quatro looks: bermuda, Capri, corsário e legging. Isso é estratégia. O designer de Moda 4.0 tem que ser estratégico para evitar retrabalho, gastos, consumos e desperdícios excessivos. Assim também teremos um processo mais limpo”.

Uma sugestão para os designers de moda é pesquisar tendências de cores no site da Pantone, uma das maiores empresas de corantes do planeta. Além de apresentar cores, ela também disponibiliza propostas de harmonizas de cores. “Atenção, designers de moda, é interessante propor isso no espelho virtual para o cliente já ter uma ideia de cores que combinam entre si. É uma consultoria de imagem e estilo. É papel do designer fazer projeções para ajudar o consumidor na escolha das cores”, diz a professora Diva. “O designer deve considerar as possíveis preferências do seu público. Por isso a pesquisa é tão essencial para entender quem é o cliente se quisermos encontrar as melhores opções para ele. Portanto, o designer de moda, além da pesquisa e criação tem que considerar todos os processos para termos um produto eficaz, que atenda às necessidades e aos desejos do consumidor, que seja viável, produtivo, que gere lucros para a empresa para desenvolvermos cada vez mais produtos melhores, mais incríveis e que contemplem as tecnologias”.

POSSIBILIDADES E OPORTUNIDADES PARA O DESIGNER 4.0

Um bom exemplo é a Impressão 3D, que nos permite imprimir roupas em casa. A designer Danit Peleg foi a primeira a criar uma coleção 3D que pudesse ser impressa em casa. As restrições, como o tamanho da impressora, por exemplo, acabaram fazendo parte do projeto.

“Também podemos nos envolver com protótipos digitais. Eles vieram para revolucionar o processo. Alguns softwares permitem colocar as medidas para que o programa desenvolva o molde. Com isso, conseguimos simular, numa modelo digital, o caimento do tecido, se tem babado ou não etc. Reduzimos desperdícios de matéria-prima e de tempo na confecção, pois conseguimos visualizar o produto antes mesmo de cortar o tecido”, elogia a designer. “Quem trabalha na área sabe que a etapa de prototipagem da peça piloto é uma das que mais consomem tempo e matéria-prima. É desgastante. Muitas vezes temos uma ideia e não sabemos se vai dar certo. A possibilidade de fazer isso no ambiente virtual é fantástica”.

O ex-aluno do SENAI Cairê Moreira seguiu a trilha da invenção. Ele criou técnicas de escaneamento corporal e design tridimensional que, além de reinventar o conceito de roupa sob medida, podem acabar com a tradicional classificação de tamanhos em P, M e G. Com sua criação, Cairê foi parar nos destaques da lista Under 30, em que a revista Forbes lista os jovens empreendedores que merecem atenção. A ferramenta é resultado de cinco anos de estudos e integração entre soluções em diversas áreas como engenharia, games, animações, têxtil e confecção. “Ele criou a primeira influencer digital do Brasil, Mia. As pessoas são virtuais, mas parecem incrivelmente reais. As possibilidades de trocar de roupa, exibir looks e estilos, além de checar se o cliente gostou, se quer mudar alguma coisa, são excelentes”, elogia Diva Costa.

 

Outra função do designer 4.0 pode ser a de organizar sessões de fotos virtuais. Podemos mudar o look, a cor de uma peça na hora: “Imagina lançar uma campanha com um casaco amarelo e esse tecido acabar. Precisamos fazer com o tecido azul, que chegou atrasado. Acontece, né? Pensa só ter que produzir novas fotos. De repente, a modelo foi para Paris. Precisamos contratar fotógrafo, estúdio, locação. Tudo caríssimo. Essa opção digital facilita muito. Não vamos abrir mão de pessoas, mas são possibilidades que não podemos deixar de considerar”, lembra Alice Tavares.

Precisamos estar atentos a essa evolução e saber de que competências o designer de Moda 4.0 precisa para se desenvolver. Essas habilidades vão além do mundo físico, estão ligadas ao próprio produto digital, a sistemas CAD, moldes online e digitais. Vale a pena estar sempre atualizado sobre novas tecnologias.

https://senaicetiqt.com/conhecimento/

https://heloisatolipan.com.br/moda/senai-cetiqt-o-designer-de-moda-...

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A tecnologia no corte e na estamparia digital são ganhos excelentes, mas, nada ainda foi feito na costura, sequer em treinamento de costureiras. No vídeo acima, vemos a coisa mais abominável numa costura em máquina overloque, a costureira puxar a correntinha para cortar a linha na lâmina do refilador. As máquinas são munidas de uma faca para destacar a peça no movimento final de costurar, com sobra desprezível. No vídeo, o desperdício é maior que 10 cm de corrente de overloque. Numa camiseta, a costureira repete esse gesto 6 vezes, isso desperdiçaria 60 cm no mínimo. Numa costura de overloque, cada metro de costura gasta 14 m de linha. Logo, numa peça estamos jogando fora 8,4 m de linha. É bom começarmos a pensar na costura para a indústria 4.0 ser realmente um marco competitivo.

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