Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
Durante palestra, Monika Bielskyte, falou sobre referências de futuro, a importância da ciência e a volta do ser humano como protagonista das decisões.
E se as obras de ficção científica não tivessem expandido a nossa mente para o futuro da tecnologia, mas, sim, a limitado? Essa foi a provocação que a futurista Monika Bielskyte trouxe para o palco do IT Forum Praia do Forte 2025, durante sua palestra “Além do ciclo de hype: inovação resiliente”. Em sua fala, a pesquisadora discutiu como nossas criações partem daquilo que nos inspirou desde pequenos e a partir da perspectiva de futuro de cada um.
No entanto, esta mesma perspectiva pode estar datada. “Vemos o futuro e o que pode acontecer a partir de materiais escritos no séculos XX e a ciência e a tecnologia avançaram muito desde então. Nem tudo o que parece futurista realmente é”, afirmou. Como exemplo, Monika explica que as principais narrativas criadas pela humanidade estão sob uma ótica binária, de distopia ou de utopia.
Nesse sentido, tecnologias como a inteligência artificial (IA) assumem o papel de Deus no imaginário coletivo, criando medo ou uma ilusão de salvação com o seu uso. Com isso, não apenas discursos seriam feitos em seu nome, como também novas criações, muitas vezes sem valor social real. Monika propõe um caminho diferente: seguir a ciência e não o hype.
“O próprio Sam Altman disse que a IA resolverá os desafios desconhecidos da física. Essa é uma frase sem sentido e só indica que ele parece não entender do que está falando. Precisamos nos concentrar na pesquisa científica, em vez de narrativas simplistas que servem para sustentar a bolha do capital de risco”, declarou.
Com o objetivo de trazer a ciência de volta aos palcos, Monika é uma forte defensora da informação e de que pessoas conheçam como tecnologias como a IA funcionam. É apenas desta forma, disse, que iremos compreender que a ferramenta não pode ser comparada à um cérebro humano e que ela não irá resolver todos os problemas da humanidade.
Nesta jornada, a pesquisadora propõe devolver o protagonismo ao ser humano, com narrativas internas e externas que o mostrem como tomador de decisões do futuro. Também alertou para o risco do “canibalismo da IA”. O movimento traz ao centro à curiosidade como forma de sobrevivência, ao invés da inteligência. Em sua fala, Monika relembrou ainda que foi a flexibilidade e a capacidade de adaptação que trouxe a humanidade até aqui, ambas frutos da imaginação.
O futuro imaginado pela ela propõe a união de conhecimento com curiosidade. Para chegar até ele, ela defende a importância de tornar fatos divertidos e do uso do design como ferramenta de inspiração. Como exemplo, ela cita filmes como Avatar e Pantera Negra, dos quais fez parte da produção como consultora, nos quais o real valor não estava na história e sim no mundo criado nas telas.
“Wakanda ou Pandora são lugares onde as pessoas querem passar tempo. Mas e se nós pensássemos nos nossos futuros assim também? Será que queremos mesmo viver com carros voadores e um céu poluído de trânsito?”, provoca.
Para Monika, o futuro possível se traduz na visão do também futurista e editor da revista Wired, Kevin Kelly, chamado de Protopia. Esta se baseia em sete princípios: pluralidade, interdependência, regeneração da biosfera, expansão sensorial, florescimento criativo e preenchimento espiritual. Guiada por elas, a pesquisadora questiona as tecnologias que tem sido criadas e o real apoio às pesquisas científicas.
“Nos baseamos em valores humanos evoluídos, informados pela ciência e apoiados por ferramentas tecnológicas. Então, novamente, a humanidade guia essa trajetória. E não é uma visão vaga, central e sem graça. É uma visão que se inclina para a compreensão do status quo, mas considera o que poderia estar além dele.”
O “além dele” é um design centrado no ser humano, e não mais no usuário. A diferença, ela explica, é que enquanto um pensa nos humanos como seres individuais, o outro vê pessoas em suas capacidades plenas, emaranhados na sociedade, onde todas as decisões tomadas afetam o coletivo e, ao mesmo tempo, são moldadas por ele.
Dentro disso, o coletivo citado por Monika vai além das relações humanas. Em sua opinião, a nova fronteira da tecnologia se encontra no reencontro com a biologia e na reintegração do ser humano ao ecossistema da Terra.
“Mais de 99% do DNA em nossos corpos nem sequer é nosso. Não podemos sobreviver sem o nosso microbioma. E a biologia é realmente a verdadeira fronteira do futuro, não o silício ou os foguetes. Porque qualquer futuro que tenhamos, ele será definido pela nossa biologia. É a vanguarda”, finalizou ao instigar o público à reflexão.
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Dentro disso, o coletivo citado por Monika vai além das relações humanas. Em sua opinião, a nova fronteira da tecnologia se encontra no reencontro com a biologia e na reintegração do ser humano ao ecossistema da Terra.
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