Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Lula é Contestado Pela Primeira Vez - Raymundo Costa

Do mensalão à campanha de Fernando Haddad para prefeito de São Paulo, deu errado quase tudo o que o PT tentou fazer, nos últimos dias. O diagnóstico é um só: falta comando para encadear as ações delineadas pelo partido. Sem falar, o que não é menos importante, na doença do ex-presidente Lula.

Menos mal que a ofensiva contra o Supremo tenha, na realidade, oferecido alguma blindagem aos ministros para o julgamento do processo do mensalão. No caso Haddad, o insperado: a senadora Marta Suplicy transformou-se no primeiro petista a "encarar" o ex-presidente da República, desde que ele deixou o Palácio do Planalto quase na condição de um semi-deus.

A festa para celebrar o lançamento da candidatura de Haddad expôs com nitidez a fratura do PT. Marta não apareceu no palanque em que se acotovelavam os dignatários petistas. Ainda assim a festa terminou com eles discutindo o Plano B: a ex-prefeita entraria com força na campanha de rádio e televisão do candidato.

Trapalhadas do PT podem ter blindado STF das pressões

Acredita quem quiser, mas os quase 2 mil convidados à festa foram embora achando que fizeram papel de bobo: ora Marta estava chegando, ora presa num engarrafamento. Ninguém conseguia falar com ela. Seu telefone celular chamava, mas ninguém atendia. Os dos principais assessores, também.

Foi quando Eduardo Suplicy teve a brilhante ideia de enviar um SMS. Nada. Haddad mudou a ordem dos discursos. Marta falaria em primeiro lugar; Lula em seguida e Haddad faria a grande apoteose.

Estava no discurso. O ex-ministro da Educação faria um histórico dos principais feitos de Marta Suplicy à frente da Prefeitura de São Paulo. Ele cortou tudo. Para os petistas, entre os quais um grande número de prefeitos, ficou a sensação de que não há volta na campanha paulistana. Marta expôs toda amargura que sentiu ao ser retirada da campanha para prefeito de São Paulo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sem honrarias. Da outra vez, quando queria concorrer ao governo de São Paulo e Lula impôs o nome de Mercadante, a senadora pelo menos foi homenageada com o convite para o Ministério do Turismo. Desta vez soube que estava fora por meio de uma auxiliar de Lula no instituto que leva seu nome, o antigo Instituto da Cidadania.

Não é de hoje, ou de sábado, que Marta mostra descontentamento por ter sido excluída do processo sucessório paulistano. Ela sempre argumentou que José Serra seria o candidato tucano, e que, portanto, o PT deveria sair com quem pudesse comparar o governo do PT - o dela - com o governo da dupla Serra/Kassab. Lula não deu atenção. No fundo, o ex-presidente entende que a geração do mensalão, em São Paulo, acabou e que é necessário renovar. Marta, por seu turno, acha que a renovação não é de idade, mas de ideias e de projetos para a cidade. Marta, registraram os petistas, desde que Lula saiu do governo é a primeira petista a "peitar" o ex-presidente.

Da semana, o saldo positivo que pode ficar para o país - e também para parcelas do PT - é que diminuíram as abordagens de réus, advogados e simpatizantes sobre os ministros encarregados do julgamento do mensalão. Mas mesmo entre os ministros as conversas ganharam um tom mais moderado. Ninguém quer ser o autor de algum comentário que no dia seguinte possa parecer estampado nas páginas dos jornais. Existe um clima efetivo de desconfiança entre colegas, que já se manifestou em outras ocasiões e agora voltou com intensidade.

Até o estouro da bolha na qual estavam encerrados os dois ex-presidentes dos dois Poderes (o da República e o do Supremo), o STF era um alvo cada vez mais visível para dardos arremessados algumas vezes de longe (geograficamente falando), mas com a precisão de quem estava a apenas alguns passos de distância. É certo que o presidente do PT, Rui Falcão (que passa uma parte da semana em São Paulo e outra em Brasília), arrependeu-se por ter relacionado a CPI do Cachoeira com uma tentativa do PT de provar que o mensalão foi uma farsa. Era o que todos pensavam, mas ninguém no PT reconhecia. Mas o que dizer quando o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, insiste em dizer que o ministro do STF José Antonio Dias Toffoli não tem o direito de se declarar impedido no julgamento?

Rui Falcão e Luiz Marinho apenas expuseram uma estratégia delineada no PT. O resto, é recuo tático. O bombardeio de Marinho sobre Toffoli confundiu a amizade e eventual solidariedade que o ministro deva ter pelo PT - ou com alguns dos acusados - com um voto de absolvição. Pode até ser, o que parece difícil diante da complexidade jurídica de um processo com 40 acusados, dos quais alguns devem escapar, de acordo com a análise de juristas. O certo, no momento, é que Marinho foi grosseiro, simplesmente, com Toffoli. Para dizer o mínimo.

Situação parecida é a do ministro-revisor do processo, Ricardo Lewandowski, morador de São Bernardo, amigo de Luiz Marinho e de Lula, com quem inclusive já trocou ideias sobre a conveniência de se adiar o julgamento do processo do mensalão, talvez para o próximo ano, quando os votos dos juízes podem ser proferidos sem o barulho das patrulhas partidárias no volume que certamente terá neste ano. Aliás, antes de Lewandowski apresentar seu voto, não haverá julgamento.

Pressão também sofre o ministro Ayres Brito, presidente do STF. Com a opinião pública decididamente favorável a que se ponha um ponto final à novela, o ministro tem se mostrado favorável ao julgamento ainda este ano. Mas segundo réus do mensalão, Ayres acha que, com isso, escreverá seu nome na história. Na prática, segundo criticam os que ainda podem ser considerados bons emissários junto ao revisor, em vez de passar para a história como ministro que atendeu à opinião pública, apenas se curvou diante da "opinião publicada", como o PT costuma diferenciar a rua que o aplaude daqueles que criticam o partido.

Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras

E-mail - raymundo.costa@valor.com.br

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Comentário de Sam de Mattos em 6 junho 2012 às 22:23

Jonatan: Não seja muito educado se ou ao discordar de minhas visões da política e do etcetera. Tenho acompanhado a politica tão pouco em auto-exílio que devia me manter calado. Mas depois de uns anos para, polinizado pela mente aguçada de uns amigos ( entre eles, Prof. Andre L. Martinewski) comecei a ponderar sobre o tema. Dai para cá comecei ler - vorazmente-, tudo que pude. Jonatan, geralmente TODOS esses políticos me dão nojo. É uma decepção atrás de outra. Mal li o texto da Suplicy. Talvez não goste dos traços grosseiros de sua face baixo a uma crina oxigenada. Não sei. Falo do coração aqui e não do intelecto. Sim, sim, sim a Marina me pareceu pura, mas não poderia ser "aditivada" a meu gosto. Seria frita antes da inauguração! Quanto a ATITUDE da Suplicy, mostrou "Culhões" ao peitar o Messias do Cerrado. Mas são culhoes, creio, “de araque” e oportunista. Como "Bicho Político" a tosca Suplicy, a “Erondina Paulista - Produzida", farejou alguma fraqueza no Messias, sentiu algum abalo sísmico na estrutura dele, enfim deve estar pura e simplesmente preparando algum pulo de gato para interesses próprios. Com que conhecimento de causa falo eu? Pouquíssimo. Não conheço bem a carreira da Suplicy. Mas sendo voce de VIX/VV, deve ter ouvido falar na “Casa Verde” da Volta de Caratoira, nas antigas “120 e 130” da Rua General Osório, ou na vila alegre que existia na praia de Carapebus... Ela me lembra gente de lá. Ate entre as pessoas que exercem a profissão mais antiga da historia ha sempre um momento "Magdalenico" que as remetem ao sublime. Talvez ela ate teve um desses momentos de iluminacao, mas o diabo da visão dessas casa noturnas, junto com as das Casas de Dona Santita, em Ouro Preto, essas visões me dizem que a senhoras essa possa ter uma navalha em sua carteira Pierre Cardin (legítima, claro). Dai os vitupérios, não embasados e fatos, mas em esperiencias de bordelo, que faz algumas luzian piscarem no fundo da “moringa”, na base hipotálamo, que diz: Esse bicho não presta. Nada, no momento, racional. Dai a sua apologia a "loura", pode ser valida. E TODA e QUALQUER discordância sua ou de amigos competentes em suas falas e textos, serão estudadas, googleadas, ponderadas e pesadas. E assim vou aprendendo, tentando recuperar 2/3 de minha vida, fora do Brasil. Boa Noite, Abracao e “Gos Save The Queen”, Sam

Comentário de Jonatan Schmidt em 6 junho 2012 às 19:41

SAM, a MARINA não combina com o modelo idealizado por você. Ela é muito ligada em igreja e movimentos religiosos e acho que nunca sequer ouvuiu falar de Maquiavel - e por isso foi "jogada para o escanteio".

Eu até gosto dela, mas falta "tempero".

Este é o grande problema atual, no BR e no mundo: há um vazio de lideranças políticas naturais, com força, com raça!

Acho que talvez a Alemanha esteja usando a última desta espécime... A MERCKEL é um trator. Notem que não estou dizendo que sou a favor ou contra a sua posição política, mas que ela se impõe, interna e externamente.

Dias atrás, estava converasndo com uns inglewses sobre isto e esta é a percepção deles também: o CAMERON é "bonzinho", mas não tem expressão. O BLAIR é bom, mas acha que já deu o seu sacrificio e agora prefere ganhar dinheiro dando palestras mundo afora. E não há outras opções;;;

O socialista francês só ganhou do baixinho pq este fez m... demais e o povo já estava querendo "carne nova"...

 

   

Comentário de Sam de Mattos em 6 junho 2012 às 15:11

Suplicy x Lula: Merda Versus Feses. Ao esterco os dois. Serra tambem. Precisamos de um Tipo de marina, porem agnostica e mais maquiavelica. SdM

Comentário de Jonatan Schmidt em 6 junho 2012 às 14:50

Sem discutir o mérito político acerca da Senadora Marta Suplicy, fiz questão de, no TWITTER e em email direto para ela, PARABENIZÁ-LA pela POSTURA DIGNA que assumiu, ao contrario do lula (em letras minusculas como foram de protesto escrito), cuja DIGNIDADE foi por a´gua abaixo em vários episodios recentes.

O encontro com o Ministro Gilmar Mendes foi INDECOROSO - não discutirei se para um só ou para ambos. Mas o lula, como ex-presidente, tem um protocolo a observar.

O aparecimento no Programa do RATINHO foi ABUSIVO e OFENSIVO, INDIGNO de um ex-presidente!

E assim por diante.

A análise do jornalista do VALOR é muito precisa e, ao meu ver, o PT está "em agonia".

Eu continuo estranhando o silêncio de ZE DIRCEU - talvez ele prefira fazer "cara de paisagem" para tentar diminuir os efeitos políticos de uma estratégia que ele impôs ao PT e que está se mostrando um total equivoco.

Espero que o STF julgue, com SERIEDADE E JUSTIÇA, o tal ZE DIRCEU e o seu BANDO DE ALOPRADOS... E se desse para incluir o lula, seria fantástico...

     

  

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