Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Eletrônica vestível em breve se tornará realidade, mais rápido do que pensávamos.

 

 

A eletrônica vestível (wearable electronics) não é propriamente uma novidade, as primeras idéias sobre isso remontam aos anos 80, e de fato o termo é tão amplo que até mesmo um relógio de pulso eletrônico já se enquadra dentro desse conceito. 

Mas o conceito principal é muito mais do que apenas isso, de fato ela foi "apropriada" pela idéia de "ubiquous computing" cuja melhor tradução seria "computação onipresente", uma das mais fortes vertentes da evolução da tecnologia da informação. E afinal do que se trata isso?

Bem! O cerne dessa idéia é que o hardware não precisa estar aparente, ou ser um estorvo a ser carregado, a informação estará disponível instantâneamente a qualquer momento e surge da interação de todos os dispositivos no entorno. Nos anos 80 isso era um sonho de ficção científica, mas hoje as pessoas já experimentam os primeiros desenvolvimentos disso através dos seus smartphones.

Caminhamos agora com o sonho de integrar essa eletronica a objetos de uso diário constante, como óculos, acessórios e até mesmo roupas. Mas como será possível integrar eletrônica em roupas?

Se voce examinar atentamente o seu smartphone vai descobrir que o que define a rigidez e o tamanho do seu telefone celular não são os minúsculos componentes eletrônicos, mas 3 elementos, a tela, a placa de circuito impresso onde os componentes eletrônicos estão montados e a bateria.

A eletrônica vestível depende do rompimento dessas barreiras:

1) Uma tela de qualidade que seja durável mas flexível de forma que possa ser guardada enrolada no entorno de um eixo, que seria parte da vestimenta ou de um acessório no pulso. Bastaria puxar desenrolando-a e apertar um botão para recolhe-la.
Ou um display que possa ser projetado diretamente nos olhos através de um óculos.

2) Uma placa de circuito flexível que acompanhe os movimentos do tecido da vestimenta, ou até mesmo que faça parte do tecido da vestimenta

3) Uma bateria de dimensões reduzidas mas com suficiente capacidade para atender a duração e a potência necessárias ao circuito.

Essas 3 dificuldades pareciam intransponíveis a apenas 2 anos atrás, mas a tecnologia evoluiu tanto que hoje isso não só se tornou viável, como até mesmo provável para breve.

Vamos ver como essas 3 dificuldades estão sendo contornadas.

A tela dobrável ou enrolável não só se tornou realidade como atingiu capacidades extraórdinárias, como elasticidade. Os OLEDs (Leds orgânicos) já presentes em alguns modelos de smartphones, permitiram a Jiajie Liang e seus colegas da UCLA - Universidade da Califórnia em Los Angeles desenvolverem um protótipo de tela que pode ser repetidamente esticado, dobrado e torcido, a temperatura ambiente, sempre voltando ao formato original - e sem parar de emitir luz em todo o processo.
O OLED fabricado pela equipe pode ser esticado 30% além do seu tamanho original e dobrado em 180 graus, e se manteve totalmente funcional por 1.000 ciclos de esticamento e relaxamento, sempre brilhando.

Detalhes técnicos podem ser obtidos no seguinte link da UCLA.

http://newsroom.ucla.edu/portal/ucla/ucla-engineers-develop-a-stret...

A outra alternativa, os óculos, já fez parte do conceito de Realidade Virtual com diversos protótipos e até lançamentos comerciais desde os anos 90, mas a versão mais viável acaba de ser lançada pelo Google com seu Google Glass agora no conceito de Realidade Aumentada.

Uma boa matéria sobre isso voce encontra no G1 aqui:

http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2013/06/g1-usou-os-oculos-do...

O segundo ponto que é a placa eletrônica e os cabos de conexão de energia, encontrou uma saída através das descobertas dos ganhadores do prêmio Nobel de física de 2010, Andre Geim e Konstantin Novoselov que permitiram o desenvolvimento do grafeno.

Derivado do grafite, o grafeno é uma nanopartícula que possibilitou a criação de uma tinta estampável com capacidades eletrocondutoras excepcionais, e com condutividade equivalente a metais nobres como prata e ouro, o grafeno imprimível abriu um novo leque de possíbilidades, tornando possível usar o próprio tecido não só como substrato para a conexão entre os componentes eletrônicos como entre eles e as baterias.
Nestes 3 anos passados do prêmio uma empresa comercial a Vorbeck já lançou essa tinta com a marca Vor-Ink Screen:

Mais informações em:

http://www.vorbeck.com/electronics.html

Sobre as baterias, o futuro parece estar no mesmo grafeno e suas excepcionais características, melhor que qualquer explicação basta ver este vídeo também da Vorbeck:

Superados estes 3 obstáculos iniciais, em pouco tempo teremos os primeiros produtos vestíveis.
Inicialmente, aposto eu, em acessórios esportivos como mochilas, bolsas, tênis que medem desempenho, mas logo esses recursos avançarão pelo mundo fashion, só a criatividade é o limite.

Antonio Conceição

Sócio diretor da ACICS LTDA

Tecnologia e Automação para a indústria têxtil.

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Respostas a este tópico

Amigo Conceição

Há quanto tempo não nos vemos! Como sempre você nos trás novos e belos horizontes.

Os "wearables" já são realidade em recursos mais hard (Google Glass, Galaxy Gear, o futuro iWatch e outros) e logo chegarão aos tecidos.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie (donde me orgulho de ser professor e pesquisador), sob a direção do reitor Prof.Dr. Benedito G. Aguiar Neto está, juntamente com a Fapesp investindo cerca de R$ 20 mi na pesquisa do grafeno. Está construindo um prédio de cerca de 4,5 mil m2 e seis andares e conta com a colaboração do Prof.Dr.  Antonio Hélio de Castro Neto, brasileiro que é o diretor do Centro de Pesquisa de Grafeno na Universidade Nacional de Cingapura, o segundo mais importante centro de pesquisas do grafeno no mundo (o primeiro é na China) e direção do físico Eunézio de Souza, Prof. Dr. do corpo de professores do Mackenzie.

Isso colocará, muito em breve, o Mackenzie na vanguarda de tecnologia de ponta no Brasil.

A ABIT e o Mackenzie têm um acordo de cooperação assinado há mais de cinco anos e tão logo as pesquisas com grafeno avancem o grupo de pesquisas em Administração de Empresas, do qual sou membro, pretende propor um um trabalho conjunto para o setor têxtil para que possamos, também em tecidos, tirar proveito disso em benefício das empresas brasileiras.

Amigo, com quem sempre aprendi muito, traga sempre esses temas de futuro que se tornam presente (e passado) muito rapidamente.

Abraços

Prof. Dr. Alberto de Medeiros Jr.

(Técnico Têxtil pelo Senai SP em 1970)

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