Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Muitos são os conceitos de quem trabalha na área, mas, em suma,os estilos que vemos nas ruas vêm das grandes maisons

A cada estação do ano que chega, ouve-se muito falar de tendências. Tendências para o verão, inverno... Em tese, esses conceitos são o denominador comum da moda. Eles aparecem lá atrás, na ponta inicial da cadeia têxtil, nas empresas que desenvolvem as fibras e as fiações. Também vêm dos estilistas consagrados de grandes marcas que determinam o que é belo, a cor da estação, o corte mais viável, o tecido a ser usado – para que se propague mercado afora.

Conceito e propagação

Pesquisadores e analistas detêm os chamados birôs – estilo que vê quais cores e materiais vão estar mais disponíveis na natureza e no mercado, com uma antecedência que chega a dois anos antes para os fios e as cores, um ano e meio antes para os tecidos e um ano para as formas. (Os birôs, abrasileiramento de bureaux, apareceram na França durante os anos 60, junto com a industrialização trazida pelo prêt-à-porter, e há quem garanta que essa profissionalização deu aos franceses a liderança na moda internacional.) De posse dessas informações, os pesquisadores se reúnem e elegem temas. Agem igualmente como consultores de estilo, orientando desde os grandes fabricantes até os confeccionistas, trazendo também suas apostas. Assim, quanto mais informado e influente for o birô, menos probabilidade terá seu contratante de perder dinheiro.

O DMRevista ouviu alguns especialistas sobre o conceito de onde vem as tendências de moda que variam de estação para estação

Sandra Neves - estilista da Paco

Quem dita moda? São as indústrias mediante a demanda do planeta. Exemplo disso é que percebe-se que vai ter uma crise do algodão. Então lançam produtos com microfibras ou polister, ou existe uma sobra do corante amarelo, então a próxima cor de tendência será o amarelo. Em relação aos produtos, quatro ou cinco estilistas formadores de opinião lançam e os demais acompanham, a moda também é ditada por regiões ou tribos.

Izabelle Capuzzo - consultora de Estilo no Plie Design e professora na PUC

Houve um tempo em que a moda era imposta pelas grandes maisons e representava um instrumento de diferenciação de classes. Depois vimos a moda descer para as ruas, os jovens ganharam voz e fizeram seu próprio estilo. Desde então, as ruas cumprem papel fundamental não só para inspirar os estilistas e marcas, mas também respondem o que é uma macro ou microtendência. Entre o nascimento de uma tendência e a consolidação da mesma é nítida a grande importância da mídia como catapulta para esses desejos. O que aparece na TV, novelas, revistas, blogs famosos e até mesmo em perfis “bombados” de redes sociais inspira as pessoas "comuns". Todos nós queremos "fazer parte", seja do universo da cantora "X" ou nos sentir "próximos" daquela blogueira que viaja o mundo. Ou seja, somos bastante influenciáveis e influenciados. Nunca vivemos um tempo em que a moda fosse tão democrática e plural, onde temos inúmeras tendências e a possibilidade de nos vestir da maneira que acharmos melhor. Entretanto, precisamos da segurança de nos vestir como a famosa ou pintar e cortar o cabelo igual ao da personagem da novela das nove. É como se a mídia, juntamente com pessoas formadoras de opinião, nos desse a certeza de que tudo o que está lá e que elas usam é o correto. Dessa forma, não erramos, não estaremos "brega". Não podemos deixar de lado também os fatores culturais e climáticos, pois ambos têm influência para que uma tendência seja consumida de maneira global. Podemos notar que ideais de beleza variam de acordo com a cultura assim como a maneira de vestir.

Lara Ribeiro - proprietária do showroom Mix Store One e administradora

A moda atual ainda é ditada como um todo pelas grandes marcas internacionais, porém sempre procuramos referências mais próximas da nossa cultura e realidade, por isso as roupas e acessórios de uma atriz, blogueira e/ou fashionista fazem tanto sucesso. Com certeza é mais fácil usar algo novo quando pessoas antenadas ao mundo da moda começam a usar. No dia a dia procuramos inspirações pra nos ajudar a fazer uma composição moderna, por isso comumente se usa como parâmetro pessoas-referência, coleções das grandes marcas mundiais e, claro que, além disso, o estilo próprio de cada um vai direcionar na hora de analisar o que consideramos belo ou não.

Karoline Testoni - coordenadora dos Cursos de design de Moda e Design Gráfico Estácio de Sá-Goiás

Saber quem dita a moda hoje depende de onde você está! Pode ser uma cantora de funk ou uma cantora gospel, tudo depende do meio em que se vive. Algumas pessoas podem ser consideradas vítimas da moda, outras procuram criar seu próprio estilo. Estamos vivendo uma era de novidades constantes. Sabemos que as tendências vêm da Europa, porém não é tudo que vira moda, e outras tendências também surgem no meio do povo ou por representantes dele. O que é belo ou feio depende do ambiente em que está. Porém, independente da tendência, uma coisa é certa, saber usar tudo o que se apresenta com moderação. O equilíbrio vale para todo e qualquer estilo.

Marcos Queyroz - coordenador de estilos da marca Crioulo

Apesar de termos melhorado bastante, ainda somos um país sem cultura de moda. E com valores estéticos e de gênero bem atrasados. Na maioria dos países de Primeiro Mundo, as revistas de moda, desfiles de grandes marcas e celebridades do cinema/música são os grandes ditadores do que vai ser moda, somado a uma vontade de se vestir com personalidade. No Brasil a coisa é bem diferente. As revistas do gênero não têm poder de formar opinião, ou ditar o que é moda para o grande público e acabam usando celebridades B de reality shows e personagens centrais das novelas como referência do que é moda. E cada vez mais se impõe como padrão de beleza mulheres frutas e seus parceiros fortões. Quando partimos para gênero, a coisa fica pior ainda. Num mundo globalizado o que é belo ou não vai muito além de apenas como a pessoa se veste. Mas em um País com valores estéticos tão rígidos como o nosso, acabamos ficando bem longe de atingir esse patamar.

http://www.dm.com.br/texto/184563

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Saber quem dita a moda hoje depende de onde você está!

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