Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Silvia Costanti/Valor / Silvia Costanti/ValorJeniffer Andrade e Carol Cavalcante, sócias da BUW: nada de transparências ou detalhes chamativos que 'roubem' a atenção

É impossível negar: as mulheres chegaram lá. E esse "lá" não é qualquer lugar, mas o mais alto patamar do sucesso profissional. E como se não bastasse ter mais mulheres no alto escalão de empresas, vem aí uma nova leva de profissionais com formação avançada e apetite para ditar os rumos da economia global. Esse foi um dos temas abordados pelo Women's Forum For the Economy and Society, realizado em maio, em São Paulo. E entre os segmentos que deverão se adaptar a essas mulheres líderes, está o do vestuário.

Por várias razões, as mulheres altas executivas não dispõem, como os homens, de muita variedade de lojas focadas em roupas para o trabalho. Os grandes varejistas até investem no segmento "office", mas apesar da variedade ainda pecam pela falta de qualidade nos produtos que oferecem. Por outro lado, as butiques que se dedicam ao segmento de alfaiataria feminina tratam esse segmento como o de "roupas para sair". Ou seja: costumam cobrar muito caro por um guarda-roupa básico no estilo "dress for sucess". Tornam a compra regular impraticável, portanto.

O que talvez ainda não tenha sido assimilado pela indústria é que, uma vez em cargos de liderança, as mulheres precisam vestir-se de acordo - algo que tenha o tecido, o corte e a qualidade correta para o ambiente. No mundo executivo, a roupa é um cartão de visita, uma maneira de demonstrar solidez, eficiência e até doses de estilo e bom gosto. Dominar a linguagem do vestuário é como falar outro idioma: só tem a somar no currículo.

"A brasileira sempre investiu mais nas roupas para o lazer e para festas", explica a empresária Carolina Cavalcante, sócia da marca de roupas BUW, criada para vestir mulheres executivas. Esse comportamento fazia sentido em uma época em que mulheres trabalhando fora eram raras. O uniforme para pegar no batente, portanto, era sinônimo de "roupa para bater".

Hoje, a história é outra. Além de terem galgado cargos mais altos - o que exige atenção ao "dress code" - elas hoje passam a maior parte do dia no trabalho. "Essa é mais uma razão para as peças terem qualidade, pois serão muito usadas e precisam durar", diz Jenifer Torres, outra sócia da BUW. "Além disso, é preciso pensar no conforto e na segurança", completa Carolina. Uma roupa que incomode ou atrapalhe os movimentos pode, certamente, minar a autoestima feminina - o que não é nada bom para os negócios.

Esse tipo de preocupação foi o que levou as empresárias Jenifer e Carolina a abrirem a primeira loja da marca BUW (abreviação de "business woman"), há um ano e meio, no shopping Ibirapuera, em São Paulo. Toda a concepção do projeto - da coleção à decoração da loja - foi pensada para se comunicar com a executiva.

"Em primeiro lugar, decidimos que teríamos um mix completo de peças, para resolver o guarda-roupa de trabalho", diz Carolina, cuja butique dispõe até de gravatas femininas e meias finas. As empresárias também investiram no treinamento das vendedoras para transformá-las em "consultoras". "Elas são capazes de orientar as melhores combinações, de acordo com a profissão e o ambiente de trabalho da cliente", explica Jenifer.

Diferente das marcas que seguem exclusivamente a moda, as coleções da BUW dispõem do mesmo tipo de peça, de uma estação para a outra. "Fazemos pesquisa de tendências para atualizar as estampas e outros detalhes, mas o mais importante sempre será satisfazer a necessidade dessa cliente", diz Carolina. Afinal, estamos falando de roupas que são usadas dentro de escritórios, onde há ar condicionado e a temperatura acaba sendo sempre a mesma.

Além disso, há outra particularidade a ser considerada: o figurino adequado a um determinado cargo ou a uma companhia não muda conforme as oscilações do gosto. Escritório não é passarela. Mesmo que a barriga de fora esteja na moda, ela continua proibida em uma reunião com a diretoria. Há mais perenidade nesse tipo de vestuário, portanto.

No mais, as peças da BUW trilham o caminho da discrição: nada de transparências ou detalhes chamativos demais, que "roubem" a atenção dos colegas. Outro diferencial é a inexistência de logotipos aparentes. Dessa forma, reforça-se a imagem da profissional que veste a roupa e não da marca que ela veste.


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