Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Enquanto o crescimento das exportações da China vem desacelerando  drasticamente nos últimos anos, um punhado de países vizinhos está se  beneficiando. Vietnã, Camboja, Laos e Mianmar elevaram suas exportações numa  expressiva média de quase 20% ao ano nos últimos quatro anos, ao passo que o  crescimento das exportações chinesas caiu de 31% para menos de 8% no mesmo  período.

Para a população desses países em ascensão, o aumento das exportações  significa mais empregos, mais indústrias e mais dinheiro para gastar. Não é de  surpreender que a média de crescimento econômico desses países esteja subindo,  tendo atingido 7,3% em 2013, contra 5,9% cinco anos atrás. No mesmo período, o  crescimento da China caiu de 9,6% para 7,7%.

Juntos, Vietnã, Camboja, Laos e Mianmar, ao lado de seu vizinho maior e mais  desenvolvido, a Tailândia, estão se tornando a "Nova China".

Apesar de a economia conjunta desses países ser muito menor que a da China,  ela cresce rápido e demonstra um dinamismo manufatureiro que faz lembrar a China  nos anos 90. Na verdade, o Produto Interno Bruto dessas cinco nações juntas, de  US$ 641 bilhões no ano passado, equivale ao da China de 20 anos atrás.

Um ponto-chave que atrai as indústrias para esses mercados emergentes é o  custo baixo da mão de obra, especialmente se comparado ao da China, onde o  salário médio de um operário subiu 14% ao ano nos últimos dez anos. O típico  operário de fábrica na China ganha cerca de US$ 700 por mês, em comparação com  US$ 250 no Vietnã, US$ 130 no Camboja, US$ 110 em Mianmar e US$ 140 em Laos.

Com a China ficando tão cara, marcas globais estão pressionando fornecedores  chineses a construir fábricas na Ásia emergente, onde os salários são baixos. E  embora os salários sejam apenas uma fração dos pagos em países ocidentais, esse  influxo de investimentos promete melhorar a vida de milhões de pessoas na  região.

A China certamente ainda é o centro de manufatura de gigantes do setor têxtil  como Luen Thai, Shenzhou International e Pacific Textiles, mas hoje em dia essas  empresas estão sendo encorajadas por clientes como Nike, Adidas, Uniqlo (uma  divisão da Fast Retailing) e Coach a aumentar seus investimentos no Vietnã,  Camboja e outras partes do Sudeste Asiático, diz Nick Beecroft, especialista em  portfólio da T. Rowe Price, em Hong Kong.

Em uma pesquisa feita no ano passado pela firma de consultoria McKinsey, 72%  dos compradores estrangeiros disseram que planejavam comprar menos produtos  manufaturados da China e mais de outros países asiáticos com custos menores. "A  maior parte das empresas que estudamos" que só compram seus produtos da China  "nos dizem que, ao longo dos próximos cinco a dez anos, 30% a 40% [de suas  compras] virão da China, e 30% a 40% do Vietnã e Camboja", diz Bobby Bao, que  gerencia o fundo Fidelity China Region, em Hong Kong.

Uma fã da região emergente é a americana VF, dona das marcas Timberland,  Nautica e North Face. A empresa compra hoje 17% de seus produtos, incluindo  agasalhos, mochilas e calçados, do Vietnã. A China, em contrapartida, responde  hoje por cerca de 24% da produção de agasalhos da VF, uma queda em relação aos  mais de 30% de dois anos atrás. Tom Nelson, que lidera o departamento de  aquisição de produtos e serviços da VF, diz: "O Vietnã tem 93 milhões de  pessoas; elas são jovens; elas precisam trabalhar. Muitos negócios se mudaram da  China para o Vietnã e talvez ainda mais da Indonésia para o Vietnã. A eficiência  é boa e também é fácil montar e administrar fábricas."

William Fung, presidente do conselho da Li & Fung, grande empresa de  produção terceirizada, comenta que no nível de produtos como roupas, brinquedos  e sapatos "você verá uma migração para o Vietnã, Camboja, Bangladesh e, o  destino mais recente, Mianmar".

A China ainda atrai mais de US$ 300 bilhões de investimentos diretos  líquidos, mas apenas 38% são gastos em fábricas, uma queda em relação aos 56% de  2009. "É um forte declínio", diz Derek Scissors, do centro de estudos American  Enterprise Institute. "Empresas estrangeiras estão consideravelmente menos  interessadas na China como base manufatureira."

O melhor exemplo de sucesso do Sudeste Asiático é o Vietnã. "Você precisa de  níveis altos de poupança, terra disponível, mercado de trabalho livre e mão de  obra barata. O Vietnã é o mais próximo [da China] e tem tudo isso", diz Jonathan  Woetzel, um consultor da McKinsey em Xangai. Outrora um dos países mais pobres  do mundo, o Vietnã está hoje na categoria "classe média baixa", segundo o Banco  Mundial. Pouco mais de 10% de sua população vive na pobreza e sua taxa de  alfabetização alcança hoje 94%.

Ainda assim, a demanda doméstica tem sido fraca, num momento em que o Vietnã  tenta conter a inadimplência no sistema bancário. Hanói quer reduzir empréstimos  incobráveis para 3% até o fim de 2015, comparado com 4,1% em julho.  Recentemente, as agências de classificação de crédito Moody's e Fitch elevaram a  nota do Vietnã. Em 2015, o crescimento econômico deve acelerar para 6,2%, ante  5,4% este ano.

Os vietnamitas também estão começando a fabricar produtos mais sofisticados.  O país se beneficia da proximidade da cadeia de fornecimento de eletrônicos. A  fabricante americana de chips Intel fez seu primeiro investimento no país em  2010. Uma razão: A manufatura de produtos sofisticados paga um imposto  corporativo de 10%, menos da metade do imposto normal de 22%. O investimento da  Intel teve um efeito multiplicador. Empresas de Taiwan, Japão e Coreia do Sul  seguiram seus passos.

A Samsung Electronics e a LG Electronics anunciaram investimentos grandes no  país, incluindo uma fábrica de smartphones da Samsung orçada em US$ 3 bilhões, o  que eleva o investimento total da empresa no Vietnã para cerca de US$ 11  bilhões. Até o fim de 2015, a Samsung espera estar produzindo 40% de seus  telefones no Vietnã. "Isso substitui o trabalho de montagem que estava sendo  feito na Coreia e China. Estimula outros fornecedores a se mudarem", diz Simon  Male, diretor de renda variável na Ásia da Auerbach Grayson.

Os telefones já superaram os têxteis como o principal produto de exportação  do Vietnã. E, no próximo ano, a Intel prevê que estará produzindo 80% de seus  chips de computador no país.

Leslie P. Norton é editora sênior e colunista do semanário  Barron's.

FONTE:

http://www.valor.com.br/impresso/wall-street-journal-americas/novas...

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A CHINA NÃO É MAIS O "PROBLEMA"!!!
O problema agora será o Virtinã ...
O problema futuro será o continente africano.

A globalização econômica foi a estratégia escolhida pelas nações integrantes da OMC como a forma de levar o desenvolvimento econômico e social, distribuindo renda intra e inter nações.

No setor têxtil, essa opção levou a queda do Acordo Multifibras (acordo que visava proteger os mercados internos dos países desenvolvidos das exportações dos países em desenvolvimento). Após várias negociações desde a década de 1990, em 1994 foi anunciado o fim do acordo em dezembro de 2004. 2001 a China era aceita na OMC.

A indústria do vestuário (aqui no sentido literal, o processo produtivo) mediante esse cenário passa a ser nômade no mundo, em busca da mão de obra barata: nas décadas de 80 e 90, EUA migram suas indústrias para a América Central e Sul, a Europa, seu lado ocidental, de então, migra para os países orientais do continente recém admitidos no MCE; após 2001, então essa indústria é transferida quase em sua totalidade para a China.

A compreensão desse processo por parte das proprietárias das marcas e seus produtos, passaram a criar suas coleções em seus países de origem, detendo o khow How de produto e apelo mercadológico (fator de valor agregado); retendo a criação , a tecnologia de seus produtos e pesquisas em novos materiais.

Conforme a matéria do post, e o objetivo inicial da OMC via globalização, está se desenvolvendo. Também pode corroborar com esses dados os consumos de alimentos dos chineses, antes conhecidos como "comedores de insetos". Uma vez realizada a elevação da renda da China, no setor têxtil, esse país deverá deixar paulatinamente a manufatura de têxteis e deverá se reposicionar; uma vez que deixarão de ser a mão de obra mais barata , passando a vez para os países em pior condição de renda. (só para lembrar, na década de 1950-1960, os EUA se protegiam contra os têxteis japoneses).
Logicamente dentro de uma ou duas décadas os países que estão assumindo a posição de manufatura atualmente, passarão a diante essa condição para outros , assim como a China está fazendo atualmente, e segundo a lógica de investimentos americanos, o continente africano está sendo preparado para esse futuro (entre outros: www.watradehub.com, e o Power Africa), razão de minha afirmação inicial, que configura nesse momento um palpite)

Pois bem, ou entendemos o que está acontecendo no mundo, e que sempre haverá um país de mão de obra mais barata para a manufatura ou vamos ter de levantar barreiras eternas, ao estilo Enéas (lembra? o barbudo que queria fechar as fronteiras e produzir a bomba atômica por aqui?)
Portanto essa não deve ser a lógica da saída para o setor.
Na minha opinião devemos nos diferenciar em tecnologia e produtos, estabelecer nossa visão de moda nacional para a exportação (o mercado interno, o consumidor brasileiro está interessado em marcas e moda internacional e não nacional > copiamos a moda estrangeira, porque é isso que o mercado nacional quer comprar, não vamos colocar a culpa somente em nossos designers).
Devemos desenvolver nossas tecnologias de processamento de fibras, nanotecnologia, mutação genética das fibras,enfim tecidos tecnológicos. No processo produtivo do vestuário, com produtos de valor agregado poderemos sustentar economicamente os salários, proporcionar treinamentos adequados, plantas produtivas.
Para fazer uma proposta tecnicamente viável, teremos que isolar os interesses econômicos e políticos dos participantes, deem esse plano para um projeto de pesquisa acadêmica com financiamento paraestatal com fazem os setores automobilísticos e a Petrobrás. Não sejamos prepotentes achando que só nós profissionais e empresários do setor sabemos o que fazer; pois se não soubemos nos preparar para algo anunciado desde 1990 , aguardamos a proteção do guarda chuva estatal que não veio, essa foi nossa estratégia; e repetir novamente é burrice.
Os problemas políticos, creio que já estão esgotados.

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