Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O segundo ano de recessão no Brasil abriu terreno para um troca-­troca de participação de mercado entre varejistas rivais. As maiores redes do país enfrentaram um processo de queda contínua no consumo, tendo que reduzir investimentos para proteger caixa, e sendo obrigadas, ao mesmo tempo, a defender suas fatias nas vendas.


Líderes setoriais encolheram e outros saíram de 2016 maiores do que entraram ­ uma minoria manteve-­se onde já estava. Levantamento da empresa de pesquisas Euromonitor, realizado com 38 companhias de grande porte, entre redes de lojas físicas e comércio eletrônico, mostram que 30 companhias ganharam ou perderam participação. Da base total de redes analisadas, 42% (16 cadeias) ampliaram fatia de mercado e 37% (14 redes) reduziram posição. Apenas oito empresas fecharam o ano do mesmo tamanho que entraram. 

Obtido pelo jornal Valor Econômico, o levantamento mostra perdas de mercado no ano passado, em relação a 2015, em redes como Ponto Frio, Marisa, Extra, Raia, Saraiva, Americanas.com e Fnac. Ganharam fatias nas vendas cadeias como Magazine Luiza, Casas Bahia, Renner, Netshoes, Mercado Livre, Assaí e Atacadão. Mantiveram suas posições cadeias como Pão de Açúcar (supermercados), Carrefour, Telha Norte e Livraria Cultura.

Os números, informados na tabela abaixo, consideram dados de vendas em valor e comparam a participação das redes nos próprios mercados em que atuam. Em outro relatório da Euromonitor, que envolve 68 grupos controladores das redes, 9 perderam espaço no varejo total. Outros sete aumentaram a fatia e a maioria (52) manteve suas posições.

ranking de varejistas

Por este critério, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) teve pequeno ganho de participação no varejo total (3,5% para 3,6%), considerando apenas o braço alimentar. O Carrefour passou de 2,7 % para 2,9%. A Via Varejo (dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio), que está sendo vendida pelo GPA, caiu de 2,8% para 2,5%. A Lojas Americanas apurou alta, de 1,1% para 1,2%.

Apesar de algumas variações serem pequenas, de 0,1 ou 0,2 ponto percentual, são altos os valores envolvidos -­ o varejo total movimentou cerca de R$ 1,2 trilhão no ano passado, segundo a Euromonitor. Uma perda de 0,1 ponto equivale a R$ 1,2 bilhão.

Segundo a consultoria, pela metodologia aplicada, analistas primeiramente coletam informações sobre as empresas em relatórios oficiais e notícias. Paralelamente, conduzem entrevistas com companhias e associações para levantar mais dados. Depois, esse conteúdo é combinado e passa por auditoria e checagem.  Anos de crise são propícios a mudanças na participação de mercado. Com queda nos investimentos e menos abertura de lojas, as redes correm um risco maior de crescer mais lentamente que o setor. "A busca por marcas mais baratas pode gerar uma movimentação na participação. Em algumas categorias, isso é mais expressivo que em outras, como beleza e cuidados pessoais", diz a analista de pesquisa da Euronomitor, Marilia Borges.

Segundo ela, o fechamento de lojas também mexe com a fatia das varejistas, especialmente as pequenas. "O consumidor que comprava numa loja de bairro [que fechou] passa a ir a uma maior e isso força uma migração de 'share'."

Além disso, na recessão, redes que sustentam participações artificiais, mantidas com preços abaixo do mercado, têm mais dificuldade para manter essa política. Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, "os indicadores de 'share' e posição de caixa se tornaram mais estratégicos na atual recessão, pois passaram a ser um sinal da capacidade de reagir à crise".

"Se em períodos de fusões e aquisições, o mercado acompanha mais índices como Ebitda [lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação], de tempos para cá estão todos mais atentos ao fluxo de caixa e ao 'share' das empresas", diz Ana Paula Tozzi, presidente da AGR Consultores.

Para Ana Paula, é importante sair da atual crise com posição, no mínimo, estável. "Se a varejista perde vendas, enquanto a concorrência ganha terreno, vai custar mais caro recuperar essa participação quando a economia voltar a reagir. Os investimentos em ações de marketing terão que aumentar bem mais". As redes têm os seus próprios números sobre fatias de mercado, que nem sempre acompanham os índices da Euromonitor.

O grupo Via Varejo, por exemplo, registrou queda nas vendas em 2016, mas tem afirmado que sua retração ocorre em ritmo menor que a do mercado, por isso informa que sua participação aumentou. O relatório da Euromonitor reflete, em parte, a política de fechamento de lojas do Ponto Frio, com alguns dos pontos transformados em unidades da Casas Bahia. A bandeira Ponto Frio teve queda na fatia de venda de eletroeletrônicos (de 5,8% em 2015 para 4,3% em 2016), enquanto a Casas Bahia elevou de 21,9% para 22,8%.

O Grupo Pão de Açúcar, controlador das marcas de Extra, Pão de Açúcar e Assaí, tem ressaltado que as perdas em volume vendido com a rede Extra, em 2015, foram interrompidas em 2016, depois que um plano de reestruturação foi colocado em prática. A empresa informa, em relatório de vendas, que ganhou "market share" em volume no segmento de hipermercados (com a marca Extra) nas medições de abril a agosto.

O Assaí, atacadista do GPA, ganhou fatia de forma mais rápida que o Atacadão, que pertence ao Carrefour. O Assaí passou de 16,3% para 20,1% no setor de atacado e o Atacadão, de 18,8% para 21,3%. As duas redes estão, portanto, com fatias mais próximas. O grupo acelerou aberturas de loja em áreas inexploradas e tem convertido unidades do Extra em Assaí.

As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas pela Equipe MilkPoint.

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"O consumidor que comprava numa loja de bairro [que fechou] passa a ir a uma maior e isso força uma migração de 'share'."

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