Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Quando trabalhamos na indústria têxtil nos deparamos com a péssima realidade do descarte dos tecidos, visto que as empresas cortam as peças e descartam os retalhos em lixos comuns – e apesar de já existir a leis dos resíduos sólidos que deveria impedir essa prática, ainda assim, os tecidos acabam indo parar em aterros e lixões ou até em florestas e oceanos…. Há empresas que pensam no seu impacto e buscam dar um destino correto para esses retalhos (apesar de serem a minoria) e para isso buscam diversos caminhos – doar os retalhos para projetos de sustentabilidade, como a Lusco Fusco e muitos outros, vender para indústria automobilística, que utiliza na confecção dos bancos dos carros e outras partes ou então enviando para a reciclagem, onde muitos viram fios e tecidos novamente, como é o caso dos retalhos de algodão.

Oficialmente, o algodão reciclado é aquele fabricado a partir dos resíduos de algodão pré ou pós consumo. No primeiro caso, é a reciclagem dos restos de fios e tecidos; no segundo, da reciclagem de roupas usadas e descartadas. Na prática, os resíduos pré-consumo são a principal base do algodão reciclado, já que muitas vezes é complicado reciclar uma roupa usada, pela diversidade de materiais presentes nela – como botões, zípers, etiquetas, que são difíceis de separar antes do processo de reciclagem ou mesmo a mistura com outras fibras, como poliéster, viscose, etc e a falta das etiquetas de composição em roupas já usadas. 

E como funciona a reciclagem do algodão?
Primeiramente os resíduos de algodão das confecções (que são sobras, aparas ou retalhos com defeito) são separados por cor e por tipo e, então, triturados juntos, mecanicamente e sem o uso de água, corantes ou produtos químicos, para dar origens à fibras de algodão simples.

Após, as fibras são refiadas, passando por processos de cardagem e aparelhamento para atingirem a espessura desejada e depois serem fiadas novamente. Esse fio, para se tornar similar ao do algodão tradicional passa por um processo de estreitamento – na mesma máquina do algodão comum. Aqui vale lembrar que como o resultado dessa reciclagem são fibras curtas, difíceis de serem fiadas, muitas vezes o algodão reciclado é misturado à fibras virgens (ou fibras recicladas, no caso do PET) para que o fio se torne resistente ao processo produtivo. Quando misturado com algodão convencional ou orgânico, o reciclado pode representar 20 a 30% da composição de tecidos planos e até 50% em malhas. Se misturado com fibras sintéticas, como o poliéster ou acrílico, o algodão reciclado pode representar até 80% da composição.

E por fim, após as fibras serem transformadas em fio novamente, é feito o tecido, que tem um visual mais artesanal graças à mistura de cores dos diferentes tecidos – por isso um lote nunca sai exatamente da mesma cor que outro.

No Brasil, uma das maiores produtoras de algodão reciclado é a EcoSimple, que mostra no vídeo abaixo como funciona o processo de fabricação do tecido:

E a importância disso?
Só em São Paulo, são descartados toneladas de resíduos têxteis por dia e grande parte desse material poderia entrar em ciclo de reciclagem e virar tecido novamente, ao invés de simplesmente ir para o lixo. Reciclar é diminuir impacto ambiental e proteger o planeta, já que evitamos que mais tecidos sejam fabricados com matéria-prima virgem e impedimos que toneladas de retalhos encham os aterros.  E claro, não podemos esquecer que o algodão é a fibra natural mais produzida do mundo e que seu cultivo usa muitos agroquímicos e água, além de causar problemas para a terra, contaminação e enfrentar grandes problemas com mão-de-obra escrava e infantil. 

http://lojaluscofusco.com.br/como-e-feito-o-algodao-reciclado/

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Comentário de José Rosa Reis em 15 maio 2017 às 23:14
Muito boa a matéria.
Em 1986, visitei uma fábrica de cobertores, em São João Del Rei, que usava restos de tecidos como matéria-prima reaproveitada,transformando-os em fios para tal artigo(cobertor). Que bom seria se mais empresas passassem a usar desses recursos.

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