Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O que era para ser um benefício para o trabalhador se tornou uma fonte de renda para quem não quer trabalhar e um problema para empresários que precisam produzir.

Trabalhadores estão se especializando em viver de seguro-desemprego, fenômeno que tem chamado a atenção em Paiçandu, na região metropolitana de Maringá. Assim que cumprem o tempo mínimo para ter direito ao benefício, fazem de tudo para serem demitidos e gozar das parcelas do seguro.

Enquanto uns só querem saber do benefício, empresários sofrem para manter as linhas de produção ativas. É o caso da empresa JM7, que tem lavanderia, seção de corte e acabamento de calças jeans, com 154 funcionários. O proprietário, Mohamad Saleh, que veio de São Paulo há dois anos, conhece bem esse problema.

"Assim que cumprem seis meses na empresa, começam a fazer de tudo para serem mandados embora. Começam a faltar e trazem atestado, cada dia de uma doença diferente", descreve o empresário, que mantém uma unidade de comercialização na capital paulista para revender os produtos manufaturados em Paiçandu.

Ele diz que um funcionário chegou a deixar bem claro a intenção de ser demitido para receber o seguro-desemprego. "‘Quer que eu comece a estragar sua mercadoria?’, disse ele, quando completou seis meses na empresa", lembra Saleh.

A legislação trabalhista, praticamente a mesma desde o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945), torna difícil a demissão com justa causa. Saleh exemplifica esse problema com um caso ocorrido este ano na empresa.

Um trabalhador estava em período de experiência e faltou quinze dias. Depois de ter sido afastado, foi marcado o julgamento do caso na Justiça do Trabalho. "Fomos à audiência e o empregado não compareceu. Se tivéssemos faltado, o caso seria decidido automaticamente a favor dele".

Fiscalização

A Agência do Trabalhador de Paiçandu dá uma boa dimensão do problema. Em média, 60 trabalhadores são empregados por mês na unidade local.

Nos últimos 30 dias, 265 pessoas deram entrada no seguro-desemprego no local – quatro vezes mais que o número de pessoas contratadas.

A responsável pela agência, Inês Franco Reginato, afirma que esse tipo de mentalidade entre os trabalhadores é o principal responsável pela alta rotatividade entre as empresas.

"Boa parte da culpa é do próprio Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que não fiscaliza os pedidos de seguro-desemprego. Para nós, é indiferente quanto tempo a pessoa ficou no emprego. Eles têm o direito e são atendidos", completa.

De acordo com o MTE, de março de 2010 a fevereiro de 2011, Paiçandu teve saldo de 425 postos de trabalho com carteira assinada. No mesmo período, 2.833 pessoas tornaram-se beneficiárias do seguro-desemprego.

Para Inês, além de mais fiscalização, é preciso incentivar a entrada de jovens no mercado de trabalho. "Os empresários precisam investir mais nas pessoas com menos de 18 anos, que ainda estão sem esse vício do seguro-desemprego. Ao invés do seguro, os encargos da folha de pagamento deveriam ser revertidos para estimular o trabalhador a ficar mais tempo no serviço", acrescenta.

 

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Comentário de petrúcio josé rodrigues em 25 abril 2011 às 14:06

Eduardo Barrios,

sua  pergunta  enfatiza e universaliza todos os  trabalhadores.

no contexto, muitos ficam  arraigados  na segurança  familiar como base e caminhaa.

outros se estribam em questões  morais, outros por propor dentro do seu projeto particular  de  crescimento social, que,  sozinho pode financiar seu crescimentos social e profissional e outros  entram na amargura  de  serem  franco atiradores, que é a menor parte.

essa menor parte é que produz grandes e volumosos estragos.

Comentário de Eduardo Barrios em 25 abril 2011 às 12:59
Concordo que haja fraude em todos os programas, inclusive no seguro desemprego. Por outro lado, partilho da posição do Sr. Ubiratan e acrescento: Por que um trabalhador honesto optaria por ficar recebendo seguro desemprego em vez de poder trabalhar em uma empresa e gozar da segurança e de todos os benefícios que o trabalho pode proporcionar?
Comentário de Fabia Regina Gomes Ribeiro em 25 abril 2011 às 8:58
Infelizmente este problema não é particularidade desta empresa, nem desta cidade, muitos empresaários do setor estão enfrentando este problema que é realidade em muitos estados do Brasil, como Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e outros. E afetam principalmente as industrias têxteis que empregam muita mão de obra, como as Confecções.
Comentário de petrúcio josé rodrigues em 25 abril 2011 às 8:41

Companheiro Erivaldo,

A política  tendenciosa, institucionalizou meios  e procedimentos funestos e impróprios, dentro  e um  sistema  de  produção, que o "bem social" é  considerado mais um  favor, em  que  as pessoas  têm que ficarem compromissadas  com "isto". 

Todos os  empresários  sentem na  pele, que os  operários em  geral, passam por uma metamofose sem base  sólida.

O Japão  dos idos 40 a 70, estribou  sua  base na  produtividade. Programas  técnicos  tais  como: O&M, PERT CPM, foram  utilizados  com  sucesso e  soergeu a Nação Nipônica.

Outras Nações  copiaram essas  sistemáticas  e se houveram bem.

Nós brasileiros, que apredendemos muito  das  demais Nações  e  suas  culturas, hoje, estamos em uma  fase  degenerativa, tudo com base no 'PATERNALISMO" ostensivo.

Temos  hoje um Judiciário equipado  com as Leis mais modernas que  conhecemos. Os meios  de  controle e fiscalização governamental, são  sobretudo omissos e irresponsáveis. Tudo isto colocando o brasileiro  como  cobaias para  expandirem  suas tendências fraudulentas, também porque, o  alto  escalão  também  assim  age.

Pasmem todos, que  o SALÁRIO  DESEMPREGO, é o menos  fraudulentos dos programas  sociais  que  ai  estão(diga-se bolsas de  todas  as  coisas).

Quem sabe que um  dia iremos  nos sentir  honrados,  em  semos participantes  com  cidadão,  desta Nação que atualmente, tão mal usa o  dinheiro  do  contribuintes.

  

    

Comentário de Elson Menezes em 25 abril 2011 às 7:38
O seguro de semprego é muito útil e entendo que esteja mal utilizado. É uma boa ferramenta mas nas mão erradas acaba sendo mal utilizado e trazendo problemas quando deveria trazer soluções. penso que uma lei bem aplicada resolveria o problema.
Comentário de Ubiratan José Ferreira da Silva em 25 abril 2011 às 5:13
Senhores entendo tudo o que fora comentado pelos colegas;.mas daí á acabar com o seguro desemprego é um retrocesso;o que o empresário Sr:Mohamad Saleh precisa saber é se realmente o motivo destes pedidos de demissão são apenas pela necessidade de obtenção do seguro desemprego;sugiro que ele faça uma pesquisa de clima organizacional com seus colaboradores;acretido que ele terá uma grata surpresa;deve existir outros motivos que estão motivando estas solicitações de demissões;uma das boa ferramentas para casos isolados com este; é o programa de participação nos resultados da empresa;tornando os colaboradores seus parceiros/sócios;e tantos outros programas existentes de motivação a permanencia no emprego.
Comentário de Gilson Croscato em 24 abril 2011 às 21:38
Realmente é uma situação complicada em relação aos colaboradores e acrescento ainda mais aqueles que passam desta fase e são "bons" funcionários durante um ano ou mais começam a despertar a reserva do fundo de garantia  para poder dar entrada em um carro usado ou moto e passam usar do mesmo expediente adotado acima e de uma hora para outra os "bons" deixam de ser exemplo.

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