Raio-x de passarela no street style, produção pré-avaliada por marca e editorial full look: até quando o styling pede personalização, o marketing de influência sem autenticidade prevalece.
Foto: Getty Images.
Muito provavelmente, a bolsa da passarela quis lembrar Jane Birkin e sua famosa Hermés, frequentemente abarrotada de objetos, como livros, echarpes, souvenirs e memórias. Conta a história, o nascimento da própria bolsa Birkin foi uma ideia da musa para a casa francesa: a de que criassem um acessório maior do que uma Kelly e menor do que uma mala. Assim, ela poderia guardar tudo o que precisava, ou não precisava, mas insistia em ter por perto, porque havia de ter algum tipo de importância.
Se Jane Birkin fez por vontade própria a Miu Miu foi esperta e reverenciou a rica imagem. E, em ambos os casos, a bolsa ganhou mesmo uma ideia generosa e lúdica, em comparação a anos de it bags descartáveis: de companheira da vida.
Foto: Getty Images.
Com as influenciadoras, porém, as bolsas cheias pareciam vazias. E não se trata de uma afronta gratuita a essas profissionais que, hoje em dia, exercem papel importante para as marcas. Acontece que parece haver uma saturação nos moldes de como o marketing de influência é mecanicamente colocado no sistema de divulgação e na comunicação das grifes.
De acordo com a pesquisa State of Fashion 2024, feita entre o veículo Business of Fashion e a consultoria McKinsey & Company, 68% do público de moda está insatisfeito com a maneira como os anúncios são feitos hoje em dia por influenciadores e 65% está pouco interessado nesse tipo de profissional. O motivo? A falta de autenticidade, identificação e discursos sinceros.
E as influenciadoras não estão sozinhas nesse embate. Produções pré-montadas pelas marcas para embaixadores e celebridades, regulagem excessiva de storytelling, além da necessidade de full looks em editoriais de revista têm minado a criatividade editorial, a possibilidade de surpresas e a curadoria e o olhar de stylists. O resultado disso são mais imagens iguais.
Foto: Getty Images.
O marketing de grandes casas, claro, tem a performance como objetivo principal e serve para minimizar, por exemplo, riscos de comunicação para a empresa. Mas o caminho das rédeas curtas parece ter chegado ao seu limite. Segundo o mesmo report de tendências da McKinsey, pode parecer absurdo num primeiro momento abrir mão do processo criativo, mas a boa aposta é associação sincera, seja com uma influenciadora ou veículo de comunicação, no intuito de entender suas essências e narrativas para, assim, gerar comunicações mais verdadeiras, interessantes e naturais.
No ciclo do jogo fashion, a gente espera que as compradoras fiquem mais próximas do lado criativo da coisa, do que o da performance vazia e carreguem penduricalhos menos montados para cliques e mais cheios de lembranças por aí.
POR GABRIEL MONTEIRO
https://elle.com.br/materia/marketing-de-influencia-styling-truque
Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI
Tags:
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por