Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Do denim ao swimwear, são cada vez mais as tipologias de produto onde a lã está a ganhar espaço, de acordo com a Woolmark, que num workshop em Portugal destacou as múltiplas mais-valias da fibra, incluindo ao nível da sustentabilidade.

Kelly McAvoy, Birgit Gahlen e Dolores Gouveia

O workshop, que teve como tema inovações e conhecimentos sobre lã, decorreu no passado dia 17 de abril no LACS Porto. À entrada, vários expositores ilustravam a versatilidade da fibra, com uma miríade de produtos feitos com lã, desde os fatos clássicos da Hugo Boss à coleção mais técnica Luna Rossa Prada Pirelli.

Mas as vantagens da lã vão além da sua polivalência. «Gosto de mostrar as diferentes fibras para que as pessoas possam tocar e sentir a diferença», afirma, ao Portugal Têxtil, Birgit Gahlen, diretora de I&D na Europa da Woolmark. «Sente-se o conforto no toque», acrescenta. Elevada performance e fácil tratamento e limpeza são outras das características destacadas.

Por isso mesmo, a associação australiana está também a mostrar as vantagens da lã noutros artigos, nomeadamente na roupa de cama, área onde apresentou vários estudos que dão conta destes benefícios, desde a utilização em berços de recém-nascidos com baixo peso, que parece estar associado a um maior ganho de peso, à qualidade do sono de adultos. As propriedades termorreguladoras da fibra, que também afasta a humidade do corpo, parecem permitir sonos mais tranquilos. «Por isso é que os nossos avós tinham colchões com lã», indica Birgit Gahlen.

Mas a utilização da lã tem sido alargada a diferentes segmentos de produto, do denim à roupa de banho. «A ideia é explorar estas novas aplicações e chegar a novas tipologias de produto», reconhece a diretora de I&D, que revela estarem em curso vários projetos de investigação para fazer misturas diferentes com lã, nomeadamente com fibras de base bio, como as que produzidas a partir de resíduos agroalimentares ou, mais recentemente, com «fibras feitas de alga».

Produção estável e sustentável

Na apresentação realizada no Porto, Kelly McAvoy, gestora do programa de educação da Australian Wool Innovation (AWI), à qual pertence a Woolmark, sublinhou a sustentabilidade tanto nos processos produtivos como na produção e no preço da fibra.

«Houve um aumento acentuado dos preços em 2018 – por causa do refardamento do exército chinês – mas os preços baixaram entretanto e têm-se mantido relativamente estáveis», referiu. Essa é, de resto, a vontade da AWI.

A produção de lã merino, que representa mais de 90% da produção australiana, que tanto é feita em terrenos mais secos como em terrenos com maior precipitação «com a mesma qualidade, porque os animais se adaptam», em 2024 deve ser semelhante ao ano passado», quando rondou os 328 milhões de quilos, indicou ao Portugal Têxtil Kelly McAvoy.

A somar à qualidade e características da fibra, a Woolmark, que tem um programa de certificação para os produtores de fios, tecidos, malhas e vestuário que usam a lã merino australiana, realça a sustentabilidade do processo produtivo e do tratamento e fim de vida dos produtos com lã.

O bem-estar animal é tido em conta, com as tosquias a realizarem-se em dois períodos mais amenos do ano, por profissionais «altamente qualificados» em menos de dois minutos por animal. «É muito rápido porque são pessoas formadas para isso, sabem o que fazer sem magoar o animal», destaca Kelly McAvoy. «É como fazer a barba, não magoa ninguém», reforça Birgit Gahlen.

Há igualmente apostas a serem feitas em agricultura regenerativa, para a manutenção da saúde dos solos, e está a ser introduzida rastreabilidade nos fardos. Além disso, face às características da lã, as lavagens dos produtos não precisam de ser tão frequentes, são produtos com elevado valor no mercado e reparáveis, além de duráveis, e, garantem as responsáveis da Woolmark, a lã é «facilmente reciclável», também porque «tem havido um avanço enorme das tecnologias de reciclagem», lembra Kelly McAvoy.

«A lã não é a solução para todos os problemas da indústria da moda. Mas acreditamos no equilíbrio e a lã pode contribuir para isso», resume a gestora do programa de educação.

A Woolmark tem ainda disponibilizado diferentes recursos aos interessados em aprender mais sobre a fibra, nomeadamente o The Wool Lab, um guia de tendências sazonais, agora mais focado em produtos, e vários cursos sobre tópicos diferentes, do design aos acabamentos, que estão acessíveis, gratuitamente, no Woolmark Learning Centre.

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