Jovens assumem protagonismo em empresas familiares; conheça histórias.
A história de Americana se confunde com o setor têxtil do município. Conhecida como a “Princesa Tecelã”, a cidade já passou de fábricas que começaram em quintais de casas e se tornaram grandes indústrias ao fechamento de portas, principalmente por conta da competição desleal com os tecidos asiáticos. Mas, a cada novo momento da economia, mostra que segue em desenvolvimento.
A expansão do segmento chegou também a outras cidades, como Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa e Sumaré, parte da RPT (Região do Polo Têxtil). São 1,2 mil indústrias têxteis e 2,2 mil confecções, segundo o Sinditec (Sindicato das Indústrias Têxteis de Americana e Região). Neste domingo, é comemorado o Dia do Têxtil.Família Azevedo: empresa pronta para crescer ainda mais – Foto: Claudeci Junior / Liberal
Ao longo do tempo, a história das empresas tem ultrapassado as gerações. É o caso da Têxtil 3 Elos, no Distrito Industrial de Santa Bárbara d’Oeste, que tem 35 anos e está em sua terceira geração.
“Meu avô João Dias, que veio da roça, depois começou a trabalhar em uma tecelagem, começou a entender como funcionava, juntou um dinheiro e um dia passou a ser sócio do próprio patrão. Mas para frente rompeu a sociedade e montou sua própria empresa. A partir dali começou a 3 Elos”, diz Lucas Dias Rodrigues, de 29 anos, que deixou um trabalho com publicitário para trabalhar com a mãe e dois primos.
Como já estava familiarizado com a tecnologia, Lucas fez mudanças na gestão da empresa. “Passamos a modernizar a linha de produção para agilizar os processos. Estamos ampliando um galpão que já era um sonho do meu avô, mas não teve tempo para fazer. Tudo isso para crescermos de uma forma organizada. Estamos com 90 funcionários que atuam tanto na confecção como a malharia e queremos expandir o mercado”, contou ao LIBERALValéria, Lucas e Fernando, da 3 Elos – Foto: Marcelo Rocha / Liberal
Segundo ele, por meio do sistema usado na 3 Elos, Lucas consegue acompanhar a produção, conferir se alguma máquina precisa de manutenção por meio da tela do celular.
Com a Azevedo Têxtil, no Jardim Mirandola, em Americana, não foi diferente. A história se repetiu de pai para filho. Idealizada por João Carlos de Azevedo, tudo começou em 2005, inicialmente apenas com vendas. Cinco anos, se tornou uma tecelagem.
“A empresa ainda é pequena, mas tem um potencial de desenvolvimento. Estamos aproveitando o mercado para abrir novos pontos de trabalho”, afirma Felipe Zazeri Azevedo, de 28 anos, que atua junto com o irmão Gustavo, 32, na administração da empresa. São 18 funcionários.
Segundo Felipe, o desafio é convencer o pai a aderir a tecnologia. “Meu pai ainda fica com o celular no bolso e mantém inúmeras anotações no papel”, comenta.
Itael Ulian, fundador da Ulian Arte Têxtil – Estamparia Digital e Rotativa, que fica no Parque das Nações, em Americana, foi “chão de fábrica” quando chegou de Santa Fé do SulUlian Arte Têxtil, no Parque das Nações, em Americana, emprega 20 pessoas – Foto: Claudeci Junior / Liberal
“Meu pai já tinha um talento de desenhar estampa à mão com nanquim, na época, fotolitos. Depois, saiu de funcionário para atender os clientes, conseguiu investir em equipamentos e estamos atuando desde 1988 na cidade, em 20 pessoas, incluindo os três sócios”, diz a gerente comercial da empresa Bianca Ulian, 28, que trabalha com o pai e o irmão Ícaro Ulian.
Com o objetivo de motivar a atuação dos jovens no mercado de trabalho, o Sinditec criou o JET (Jovens Empreendedores Têxteis). Leonardo Sant’Ana, presidente da entidade, diz que a iniciativa surgiu da necessidade de integrar e de dar espaço ao grupo.
“No JET eles encontram um ambiente onde trocam experiências, discutem inovação, dificuldades da sucessão em suas empresas e, principalmente, mostram uma nova perspectiva para o Sinditec. Os jovens empreendedores têxteis serão os futuros líderes que fortalecerão o setor e o polo têxtil de nossa região”, diz Leonardo.
O curso de tecnólogo em produção têxtil da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, vinculado ao Centro Paula Souza, é um dos poucos do Estado e com um alto aproveitamento. O professor e coordenador Daives Arakem Bergamasco diz que o perfil dos alunos é de 60% de empregados nas indústrias e o restante de jovens que buscam uma qualificação no mercado. Mas, geralmente, são admitidos durante o curso.
O estudo é direcionado para o planejamento, execução, controle e avaliação do processo de produção de tecidos. Ele define formas de otimização das atividades, especifica e planeja a utilização de matéria-prima, insumos, mão de obra, máquinas e equipamentos.
Curso em Americana destaca a fundo toda a cadeia têxtil – Foto: Marcelo Rocha / Liberal
Esse profissional, obedecendo aos padrões de qualidade nos processos de produção têxtil, elabora layout e arranjos físicos do ambiente fabril, gerencia equipes de produção e coordena rotinas de manutenção preditiva e preventiva de máquinas e equipamentos.
De acordo com a Fatec, um aluno formado no curso pode atuar no controle de qualidade em todas as fases do processo industrial, desde a aquisição da matéria prima até o projeto final.
Atualmente, a unidade também conta com um laboratório de lavanderia para preparar na preparação do denim, tecido para a fabricação de jeans.
“Precisamos preparar os alunos de acordo com a necessidade do mercado. Americana já ficou conhecida como a Princesa Tecelã pela produção do tecido, no entanto, está sendo hoje grande referência nos tecidos sintéticos”, diz Bergamasco.
Além do curso de produção têxtil, a Fatec também conta com o curso de tecnólogo de produção de moda.
Bergamasco foi aluno na unidade. “Fiz o curso de técnico químico e acabei vindo estagiar em uma empresa têxtil da região – a antiga Polyenka. No estágio tive a oportunidade de conhecer toda a estrutura e processos têxteis. Por esse motivo acabei procurando uma faculdade que desse a oportunidade de conhecer a fundo toda a cadeia têxtil”, contou ao LIBERAL.
O empresário Felipe Zazeri Azevedo também fez o mesmo curso na unidade e hoje administra a Azevedo Têxtil, empresa da família. “Há muita falta de mão de obra no segmento têxtil. Esse é meu grande desafio como gestor”, afirma Felipe.
Por Cristiani Azanha
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