Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Secretário do Tesouro diz o obvio, mas é exatamente isso que governo nega na questão da isenção de asiáticas

Na questão dos produos de uS$ 50 o que se discute é a questão da competitividade entre a indústria nacional que paga imposto aqui é a de outros países (notadamente da China ) que não paga nada.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia no Palácio do Planalto

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia no Palácio do Planalto - RICARDO STUCKERT

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, em entrevista ao disse que a discussão sobre a incidência de imposto nas compras até US$50 é mais uma questão regulatória a respeito da competitividade do varejo nacional do que um problema de recomposição da base fiscal.

O secretário disse o óbvio. Mas é importante sua colocação porque a posição do governo Lula é equivocada exatamente por não abordar a questão central que é o risco ao emprego de milhares de trabalhadores, especialmente os da cadeia do setor têxtil que se espalha por todo o resto da economia.

Questão central

E esse é o ponto de reivindicação de todos os movimentos, entidades, confederações e sindicatos de trabalhadores. Ainda que esteja claro para a maioria dos segmentos econômicos que o padrão do governo atual a busca pela arrecadação não se aplica ao caso. Vai contra o comportamento de primeiro se autoriza a despesa. Depois se vai atrás da receita onde ela estiver.

Mas essa não é, e nunca foi, a questão central para o governo. Não há uma só declaração dos atores do estado sobre o fato de que a isenção das compras externas ajudaria na arrecadação.

Divulgação
secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, - Divulgação

Competitividade

Portanto, o que se discute é a questão da competitividade entre a indústria nacional que paga imposto aqui é a de outros países (notadamente da China ) que não paga nada. O que termina na defesa do emprego no Brasil.

Também não se discute se o produto nacional é ou não competitivo em relação a qualidade no setor têxtil. O Brasil é sua indústria têxtil e de confecções e tem design e modelos de produção que lhe permitem exportar sem dificuldades. O problema é que, enquanto a indústria brasileira paga em média 45% de imposto no produto final, o importado com preço até US$50 tem 60% de isenção.

Equívoco do governo

Mas essa questão só surpreende porque a posição do governo Lula é de tolerância com o mal feito e o desonesto. O governo não se posicionou contra o fato de as plataformas asiáticas burlarem a legislação brasileira. Ao contrário, escreveu uma portaria que legalizou a mesma importação dando um certificado de boa fé para que todas as plataformas importem mesmo produtos de valor de até US$50.

Sem que exista entre outras coisas uma fiscalização de conformidade do tecido com que as roupas são confeccionadas uma vez que o Inmetro (que fiscaliza a indústria nacional) sequer tem uma unidade no Paraná onde os produtos são nacionalizados.

O valor do óbvio

Isso reforça a importância da declaração óbvia do secretário Rogério Ceron e sobre isso que o debate precisa fluir. Tem a ver com competitividade do varejo nacional e como ele pontuou está centrada no apelo da indústria nacional, do comércio nacional varejista em relação a entrada desses produtos sem tributação gerando uma concorrência desleal com o mercado doméstico; Então como ele diz essa é uma discussão muito mais regulatória e de concorrência, do que de fato arrecadatória.

O que surpreende nesse debate é o comportamento do presidente Lula que entra num debate raso afirmando que “a filha de todo mundo compra “bugigangas” internacionais vendidas pelo e-commerce”. Além do supérfluo.

Não são bugigangas, senhor presidente. São roupas fabricadas na China sob condições de trabalho que não se sabe exatamente quais são. E não estão relacionadas apenas ao que sua mulher compra, a mulher do vice-presidente, Geraldo Alckmin compra, a filha do presidente da Câmara, Arthur Lira compra ou “a filha de todo mundo compra” com disse Lula. A sua origem de líder sindical não lhe permite deixar de brigar por nenhum emprego.

E fica mais grave quando afirma que não se sabe se os produtos afetam realmente a indústria nacional. Sua pergunta ao falar nesta sexta-feira(24) mostra esse desconhecimento: “Quem é que compra essas coisas? São mulheres, a maioria, jovens e tem muita bugiganga. Eu nem sei se essas bugigangas competem com as coisas brasileiras. Nem sei”.

Sem tributação

Se sabe, presidente. O setor têxtil e a Receita Federal sabem do que está se tratando. E não é adequado que o presidente se comporte com tamanha superficialidade num assunto tão sério.
Suas palavras confirmam o que a indústria nacional, as confederações sindicais (que o apoiam) já sabem

les não terão seu apoio na defesa dos empregos e no setor que tem tradição, respeito internacional e competitividade para exportar e atender bem ao mercado interno.
São bugigangas
Lula vai vetar a lei que o Congresso aprovar porque entende que não deve proibir “as pessoas pobres e meninas, moças que querem comprar uma bugiganga ou um negócio de cabelo”.
O que só deixa aos senhores deputados e senadores derrubarem um evento de veto para que os empregados brasileiros possam ter renda para comprar os produtos importados devidamente tributados. Estão nas suas mãos a defesa desses empregos já que o presidente da República chama isso de “bugigangas”.

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