Agustina Comas leva upcycling para o figurino da São Paulo Companhia

[Romildo de Paula Leite]

Crédito: divulgação/Confecções T.Christina

A designer têxtil e estilista Agustina Comas faz a transposição do seu trabalho com upcycling na moda para a cena da dança, assinando o figurino da nova coreografia Yoin, criação de Jomar Mesquita para a São Paulo Companhia de Dança (SPCD), companhia criada pelo Governo do Estado de São Paulo, há 16 anos, e dirigida por Inês Bogéa. 

Com estreia marcada para 21 de junho, no Teatro Sérgio Cardoso, a obra Yoin aborda a sensação que fica depois de cessado um estímulo, uma provocação artística aos afetos que perpassam nossa memória e subjetividade “...e o que fazemos com o que ficou, com as nossas ancestralidades, perdas, gozos, suspiros, arrepios, dores… que guardamos no nosso relicário: Yoin”, completa o coreógrafo Jomar. A obra pode ser vista até dia 23 de junho, ao lado de outras coreografias. 

Como uma analogia, o figurino criado a partir do upcycling (processo que transforma resíduos e materiais inativos em novas matérias-primas e produtos), manifesta as muitas e novas versões que podemos criar a partir do que restou. 

Todas as peças foram feitas com Oricla Elástico, tecido criado por Agustina em parceria com uma das maiores confeccionistas de moda fitness do Brasil, a Confecções T.Christina. O tecido é o resultado de um projeto de redução de resíduos têxteis que otimiza recursos e valoriza o trabalho da costura, mitigando um dos maiores problemas ambientais da indústria da moda. 

“Quando Inês e Jomar me procuraram com essa vontade de ter um figurino com atributos de sustentabilidade, fiquei encantada, principalmente, com a oportunidade de levar upcycling para o palco, para esse lugar da arte em evidência. Sobretudo, na dança com corpos tão sensíveis e discursivos em movimento. Yoin fala de legado e, simbolicamente, usar essa ferramenta que hoje tem um nome complicado, mas está muito presente na nossa ancestralidade, o upcycling, é uma grande realização. No caminho tivemos também o desafio de produzir um trabalho artesanal num ambiente industrial, envolvendo o talento e o olhar de tantas costureiras e outras profissionais”, Agustina.

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