Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O homem veste o seu fato Walter Van Beirendonck, LGN e Kenzo em Paris

O fato será, sem dúvida, a peça estrela do próximo verão. Revisitado com inventividade, reinterpretado em todos os estilos, está em todas as passerelles. A elegância sensual da LGN Louis Gabriel Nouchi, a exuberância furiosa da Walter Van Beirendonck e o chique descontraído da Kenzo destacaram-se na quarta-feira, 19 de junho, segundo dia da Paris Fashion Week dedicada ao vestuário masculino para a primavera-verão 2025.


Walter Van Beirendonck, primavera-verão 2025 - ©Launchmetrics/spotlight


"É melhor rir disto", parece dizer-nos o estilista belga Walter van Beirendonck com a sua nova coleção divertida, pop e calorosa. Defensor da luta contra a violência, este designer empenhado e portador de uma mensagem constata que no mundo atual "tudo parece infinitamente dramático". Perante os extremismos e os conflitos que abalam o planeta, convida-nos a seguir em frente e a "acreditar que tudo o que fazemos pode marcar a diferença".

"Esta forma de pensar levou-me à ideia do palhaço. A figura familiar, alegre e triste, que tenta unir os lados conflituosos do circo", diz na sua nota de programa.

Este palhaço, encarnação da primavera-verão 2025, chega com sapatos de borracha pontiagudos, calças de xadrez espesso e casacos decorados com bolinhas fluorescentes gigantes. Equipado com uma pequena mala de mão divertida, usa um mini chapéu pontiagudo, que ora coloca sobre o nariz, ora faz de boné na cabeça. Com os seus ajudantes, vestidos com trajes igualmente engraçados e elegantes, onde os xadrezes, os folhos e os franzidos se juntam numa alegre confusão, passeia pelos canteiros de flores do jardim da Faculdade de Farmácia sob o olhar severo de Léon Guignard, que lecionou no instituto superior entre 1887 e 1927, e cujo busto, escondido sob a folhagem, se encontra perto do laboratório de botânica.

O grasnar irritado dos corvos é sobreposto por uma música de feira inebriante, enquanto o pequeno mundo passa com um sorriso triste no rosto, apesar do seu guarda-roupa colorido e terno, através do qual flui uma brisa de frescura e até de candura. O azul bebé e o rosa doce dos tecidos madras e Vichy chocaram com o laranja e o verde vivo. Quanto aos estampados, o tema da estação são os peluches, dos coelhos aos ursinhos de peluche, com braços de Kalashnikov...
 
Tudo é volumoso, mas ao mesmo tempo leve, quase flutuante, como mostram uma camisa e calças cobertas de fios azul-celeste, como finos cabelos ondulados. Esta leveza é acentuada por uma série de peças transparentes em voile, tule, nylon e outros tecidos técnicos, com os quais o estilista belga cria camisas, calções e calças às bolinhas, bem como incríveis camisolas cor de carne totalmente transparentes. Para tornar o conjunto ainda mais arejado, os casacos e as camisas foram abertos nas axilas, permitindo que o braço saísse das mangas.

Na parte final, a coleção revela uma série de fatos puzzle, casacos, sobretudos e calças em Alcântara de grande formato, numa paleta mais clássica de branco, cinzento, azul-marinho, preto e camel. Por fim, há vários modelos de calças de ganga, um pequeno casaco e um enorme par de jardineiras, todos concebidos sem costuras. As peças de vestuário, coladas umas às outras e rematadas com fita vermelha, foram desenvolvidas em colaboração com o fabricante holandês de calças de ganga G-Star Raw. A collab deu origem a uma coleção cápsula experimental, lançada na quinta-feira, 20 de junho.
 


LGN Louis Gabriel Nouchi, primavera-verão 2025 - ©Launchmetrics/spotlight


A LGN Louis Gabriel Nouchi criou uma atmosfera sensual e erótica para a sua nova coleção, inspirada no livro "Le parfum" de Patrick Süskind. Captar os aromas e os perfumes, tal como descritos em numerosas passagens do livro, e transpô-los para um guarda-roupa não é tarefa fácil. O designer francês optou por recriar estas sensações olfativas, frequentemente muito evocativas, através de materiais, como as texturas de cabelo sugeridas aqui por um jacquard de linho.
 
"Trabalhei sobre instintos primários, como o desejo, a bestialidade e a violência, utilizando arquétipos do guarda-roupa masculino. São instintos que coexistem em nós e que transponho, por exemplo, através de grandes aberturas verticais, como as do pintor Fontana", explica o criador, Louis-Gabriel Nouchi, que venceu o Grande Prémio Andam há apenas um ano.
 
O preto dominou o desfile, com quase 30 looks no total, que vão desde fatos de corte impecável a calças com pregas, combinadas com uma escolha de tops, camisas transparentes languidamente desabotoadas até ao umbigo ou pólos com decotes em V exageradamente abertos. A elegante parka de quatro bolsos pode ser colocada sobre calções de ciclismo, enquanto a risca de banco pode ser usada sobre pijamas de seda. O resto da coleção também apresenta uma série de silhuetas em borgonha e branco.

O couro é a estrela de inúmeras peças. Calções e calças largas em peles brilhantes, mas também casacos em peles desgastadas, enquanto tops, saias e túnicas retas são feitos a partir de uma série de tiras. "Trabalhámos muito com peles, especialmente peles supersaturadas com a ECCO.kollektive, anteriormente At.kollektive", salienta o designer. A marca apresentou ainda outra colaboração, com a Puma, com quem a LGN reimaginou o icónico modelo Mostro. O jovem designer tem ainda na calha uma parceria com a galeria Almine Rech e a artista Sasha Ferré.
 


Kenzo, primavera-verão 2025 - ©Launchmetrics/spotlight


Os fatos também estiveram presentes na Kenzo, mas de uma forma mais casual, desportiva e com uma forte atitude de rua. Para o seu sexto desfile para a casa LVMH, o designer japonês Nigo deslocou-se para o centro dos jardins do Palais-Royal, fazendo desfilar os seus modelos em torno da fonte central, substituindo a terra circundante por areia dourada.
 
Nigo mergulhou nos arquivos de Kenzo Takada, como o demonstram duas gabardinas com uma longa fita preta na frente, com a inscrição "Kenzo Paris 1970". A coleção mistura a herança japonesa do fundador e atual diretor criativo com o espírito parisiense da maison, como se pode ver numa malha amarela ou num casaco preto com uma Torre Eiffel no meio de cerejeiras em flor. Os motivos são da autoria do designer gráfico Verdy.
 
Para o próximo verão, Nigo celebra a natureza com uma série de silhuetas em tons de verde e estampados gráficos da selva, que tomam conta de muitos dos fatos. Mas aqui, o fato é usado com um estilo de rua, sobre malhas de rede de pescador abertas, pontuadas por remendos feitos de todo o tipo de pérolas e pedaços de metal, ou sobre camisolas com capuz no mesmo material de rede, com o rosto meio escondido pelo capuz.

TRADUZIDO POR
Helena OSORIO

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