Os números são do levantamento Mix de Shoppings – Impacto das Franquias, da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), divulgado hoje (26).
A pesquisa foi realizada entre fevereiro e março em 98% dos 639 shoppings do país. Segundo o estudo, 27% das lojas de shoppings são franquias – total que, nas projeções da Associação Brasileira de Franchising (ABF), chega a 32% quando incluídas também as franquias não associadas à entidade.
Ainda segundo o levantamento da Abrasce, realizado pela AGP Pesquisas, as franquias são responsáveis por 36 das 50 marcas com maior presença shoppings centers. Quanto aos segmentos, a alimentação lidera também entre essas franquias, com 204 marcas, seguida por serviços e conveniências (110) e vestuário (58).
“Há alguns anos a gente vinha apontando como tendência o crescimento das operações de alimentação, de serviços e entretenimento nos shoppings. Isso agora já é realidade”, diz Glauco Humai, presidente da Abrasce. “Em 2014, o vestuário liderava na quantidade de marcas, seguido de serviços e só então da alimentação. A alimentação passou para primeiro lugar porque realmente houve um boom muito grande dessas operações”, acrescenta.
A ampliação da oferta do segmento reflete mudanças de hábito dos consumidores. “Comer no shopping não é só mais uma alimentação rápida para a pessoa complementar e matar o tempo em que está lá. Hoje muitos saem de casa para comer ali”, diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail. Os shoppings, então, foram se adequando aos novos padrões de comportamento e consumo.
Com cerca de uma em cada três lojas, as franquias ocupam a primeira, a segunda e outras 34 posições entre as 50 marcas mais presentes nos shoppings. O Boticário encabeça a lista, com presença em 76% deles, seguido pela Cacau Show, com 71%. Também são destaque entre as franquias Chilly Beans (62%), Burger King (61%), McDonald’s (58%), Lupo (55%), Espaço Laser (54%), Havaianas (52%), Hering (50%) e CVC (48%).
Segundo o estudo, 38% das 1.395 marcas associadas à ABF têm presença em shoppings. Outra pesquisa, realizada neste ano pela ABF, estima que os empreendimentos abrigam 19,8% do total de operações do franchising, o equivalente a cerca de 38 mil unidades franqueadas.
Para o presidente da ABF, Tom Moreira Leite, os números resultam em grande parte do modelo de expansão do franchising. “O sistema traz a particularidade de abertura geográfica nacional, com o crescimento de uma maneira mais veloz, já que, no final, você tem um parceiro de negócio franqueado realizando investimentos e atuando como dono na ponta”, diz ele.
Para a consultora Luciana Medeiros, sócia-líder do setor de varejo na PwC Brasil, o tamanho do público e o horário de funcionamento dos shopping centers também atraem as franquias. “As lojas ficam abertas até mais tarde, e normalmente o shopping tem um fluxo maior do que a rua”, diz ela.
O sistema tributário é outro fator que pode favorecer a disseminação do franchising. “O Simples se tornou uma alavanca muito forte de expansão das franquias, porque, com um tratamento tributário muito melhor, as empresas conseguem ser mais lucrativas e ter uma operação mais distribuída”, diz Serrentino.
Mesmo com o peso das redes de franquia, a pesquisa da Abrasce mostra forte pulverização das marcas, com 79% delas com uma só unidade em shopping center.
Por Carin Petti
Fonte: Valor Econômico
https://sbvc.com.br/em-shopping-centers-o-negocio-da-alimentacao-de...
