Couro utilizado por diversas marcas de luxo contribui para o desmatamento, denuncia ONG

Na terça-feira, 24 de junho, a ONG britânica Earthsight divulgou um comunicado no qual acusa diversas marcas de luxo, incluindo a americana Coach, de comprar couro de empresas "cuja cadeia de suprimentos está ligada à pecuária ilegal na área mais desmatada da floresta amazônica brasileira".


Earthsight


No comunicado para a imprensa, a ONG afirmou ter se infiltrado na cadeia de suprimentos da Coach "para conectá-la a um enorme matadouro brasileiro que havia comprado milhares de cabeças de gado criadas em terras desmatadas ilegalmente".

Essa área fica perto de Belém, no estado do Pará, onde as negociações da COP30 ocorrerão em novembro, explicou a ONG.

"Quase todo o couro exportado do Pará para a Europa tem como destino a Itália, incluindo as peles do matadouro suspeitas. Grande parte é enviada para dois curtumes na região do Vêneto, Conceria Cristina e Faeda, onde o couro é processado e rebatizado como couro italiano", explicou a ONG.

Entre os compradores desse couro estavam Coach, Chanel, Chloé, Hugo Boss, Fendi e Louis Vuitton (LVMH), além de Balenciaga, Gucci e Saint Laurent (Kering), segundo a ONG. Todas essas marcas, no entanto, confirmaram que "não utilizam couro brasileiro".

Apesar disso, "a Fendi e a Hugo Boss iniciaram investigações após as descobertas da Earthsight. A Chanel revelou que encerrou recentemente seu relacionamento com a Faeda, tendo perdido a confiança em seu sistema de rastreabilidade."

"A Chloé foi a única marca a fornecer à Earthsight uma metodologia detalhada de rastreabilidade do couro. A Faeda afirmou que não fornece couro brasileiro para essas grifes de moda. A Conceria Cristina não respondeu aos pedidos de comentário da Earthsight", disse a ONG.


Falta de Rastreabilidade



"A Coach, a Fendi, a Louis Vuitton e a Hugo Boss contam com um sistema de certificação sustentável chamado Leather Working Group", que "não exige que os curtumes rastreiem o gado até as fazendas de origem, tornando o sistema cego a potenciais abusos no nível da fazenda", lamenta a ONG.

"Os consumidores de produtos de luxo esperam que os preços elevados sejam uma garantia de que não estejam contribuindo para o desmatamento ou o roubo de terras indígenas. Esta pesquisa demonstra que essa crença é equivocada", criticou o diretor da Earthsight para a América Latina, Rafael Pieroni, no comunicado.

A ONG pede "a rápida implementação" da regulamentação europeia antidesmatamento, que exija que as empresas demonstrem que o couro que utilizam não provoque desmatamento.

O adiamento dessa lei até o final de dezembro pode permitir que o setor coureiro solicite uma isenção, denuncia a ONG.


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