Foi a partir dessa inquietação criou a Pozze, marca de moda fitness focada em estampas exclusivas que faturou R$ 14 milhões em 2024. Hoje, o empreendedor conta com duas sócias que eram funcionárias na estamparia: Louizi Araujo de Assis (COO) e Patricia Pacheco (cofundadora e diretora criativa)
Natural de Porto Alegre e hoje morador de Criciúma (SC), Corrêa cresceu dentro da Global Print Estamparia, um negócio familiar fundado em 2001. "Minha família tinha alguns negócios, e a estamparia era administrada por funcionários. Pedi para assumir a empresa quando eu tinha 21 anos, e fiquei responsável pela gestão", afirma.
Ele considera que sempre teve olhar atento para tendências e um gosto pessoal refinado. Frequentava feiras e eventos internacionais, como os de Milão, e acompanhava de perto os rumos do mercado fashion, mesmo antes de ter sua própria marca. Então, em meio a pandemia do coronavírus em 2020, percebeu que existia um movimento de bem-estar ficando mais forte — e que a moda fitness teria ainda mais potencial.
"Durante a pandemia, houve uma grande mudança nos looks, com as pessoas buscando roupas mais confortáveis. O fitness não era mais apenas para atividade física, mas também para as atividades diárias, como uma vestimenta para a mulher que vai à academia, mas também a consultas médicas, ao mercado ou buscar o filho na escola", diz.
A Pozze começou a ser desenvolvida em 2020, com um plano de negócio e a presença de um comitê de validação. Esse comitê era composto por uma pessoa da área financeira, uma pessoa de e-commerce e uma amiga médica que atuaria como cliente para validar a estética dos produtos. A primeira coleção foi apresentada a esse grupo, e o plano foi validado com números, projeções e margem operacional, o que permitiu dar o "start" no projeto", afirma. Segundo o empreendedor, a fase de desenvolvimento durou cerca de 3 meses. O negócio foi lançado por meio de um e-commerce.
Atualmente, o tíquete médio é de R$ 500, e a empresa conta com cerca de 50 colaboradores, mas o início das vendas foi tímido, mesmo com investimento em influenciadoras e tráfego pago. “Passamos seis meses com pouquíssimas vendas. Foi um grande desafio”, afirma.
O fundador decidiu ligar pessoalmente para cerca de 20 clientes para entender o que havia motivado a compra na Pozze. Nas conversas, uma resposta se repetia: todas destacavam as estampas como o grande diferencial da marca. Algumas relataram até serem paradas na rua para saber de onde eram as roupas. Com esse feedback, a Pozze reformulou toda a estratégia de marketing, focando em valorizar ainda mais o design e o diferencial visual dos produtos. Para isso, mudou a forma de apresentar suas coleções. As fotos de estúdio com fundo branco deram lugar a imagens mais espontâneas, com influenciadoras mostrando os looks inseridos na rotina real.
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A marca de moda fitness Pozze começou com estampas que não eram aproveitadas — Foto: Divulgação
Segundo o empreendedor, parte do sucesso da Pozze também vem da capacidade de antecipar tendências globais, especialmente do mercado norte-americano. “Quando comecei, não sabia nada sobre e-commerce, então mergulhei em estudos. Vi muita coisa que já funcionava lá fora e que ainda não tinha chegado no Brasil”, diz. Um exemplo foi a adoção precoce de campanhas automatizadas no Facebook, estratégia comum nos EUA e pouco explorada aqui na época.
Com o crescimento da Pozze, veio a decisão de encerrar a estamparia. “No final de 2021, ficou claro que o futuro era a marca, que já estava faturando mais. Em 2022, comunicamos os clientes e fizemos uma transição de três meses para não deixá-los desamparados”, explica.
Hoje, a Pozze vende exclusivamente pelo seu e-commerce próprio — o que é o foco no momento. Dentro de dez anos, o empreendedor tem planos de expandir para lojas físicas próprias e franquias e vender para o mercado internacional.