Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
A empresa portuguesa de biotecnologia apresentou em Paris a primeira t-shirt produzida integralmente com biomoléculas, num processo que dispensa totalmente os petroquímicos.
O projeto, que assume a designação No Petrol, resulta de vários anos de investimento em biotecnologia e quer mudar a indústria têxtil mundial com soluções mais sustentáveis e competitivas. «Nós, como empresa de produtos químicos a operar há mais de 25 anos, entendemos que era a altura de fazer a transição e acreditamos, mais uma vez, que a ciência é a resposta para todas as necessidades e todos os problemas que enfrentamos hoje», explica Ricardo Costa.
Segundo o CEO da NGC, a empresa conseguiu desenvolver produtos biológicos que abrangem desde a preparação ao tingimento e acabamentos aplicáveis a todas as fibras – algodão, poliéster, poliamida, viscose ou seda – sem necessidade de adaptações industriais.
«Com um processo extremamente tradicional, vamos ao mercado em que substituímos os petroquímicos com os bioquímicos sem nenhuma adaptação industrial», sublinha.
Para a t-shirt, que foi produzida pela Impetus e valida a utilização destes bioquímicos nas diferentes fases produtivas, foram usados biodetergentes feitos a partir de microrganismos marinhos na preparação, bioamaciadores à base de microalgas nos acabamentos e pigmentos biológicos provenientes de agricultura regenerativa para o tingimento.
Para os pigmentos – área que até aqui não dominava –, a NGC investiu na empresa turca Anatolian Dyes, detentora de um vasto banco genético de pigmentos naturais provenientes de plantas como isatis tinctoria, rubia tinctorum, helichrysum italicum, mas também de frutos como a romã. «Portugal não tem uma história de produção de pigmentos, nunca teve nem nunca terá. Mas sabíamos que na Anatólia eles tinham mapeado todo o banco genético e todos os pigmentos que iriam resistir. E a verdade é que já processamos mais de 20 toneladas de têxteis numa semana, enquanto outras empresas inovadoras na área da biotecnologia não conseguiram fazer isso nos últimos anos. Esta é a grande diferença», destaca.
Mais barato e sustentável
A tecnologia, que já está disponível, não só é escalonável como mais económica que os métodos convencionais. «Quando estamos a poupar mais de 40% de energia, estamos a descarbonizar, estamos a poupar mais de 30% de água no processo húmido, a utilizar menos gás e a cumprir com todos os requisitos, é mais baixo do que as tecnologias convencionais», garante Ricardo Costa.
O custo de processamento da t-shirt ronda os 0,80 euros, o que, segundo o CEO da NGC, elimina uma das grandes barreiras à adoção destas soluções. «Já não há desculpa do preço, já não há desculpa do escalonamento. O No Petrol hoje veio revolucionar completamente o mundo da moda», acredita.
A apresentação em Paris, na Première Vision, superou as expectativas. «Não estava à espera que fosse tão bom. Tivemos as principais marcas mundiais a dizer que nunca tinham visto um processo e uma tecnologia assim», indica.
O objetivo passa agora por conquistar o mercado global, a partir de Portugal. «A NGC consegue demonstrar ao mundo, com capacidade de investimento, através de capitais próprios, e resiliência, que somos capazes de ir às marcas. Portanto, o nosso negócio deixou de ser na cadeia de valor das fábricas, mas ir às marcas e chamar estes clientes todos a Portugal, para que a nossa plataforma industrial tenha capacidade de dar resposta. Estamos num processo de inovação e de reindustrialização da nossa cadeia industrial», acredita. «Está no ADN da NGC – Next Generation Chemistry. Temos que deixar de falar e temos que começar a agir. Temos que começar a fazer a diferença», conclui Ricardo Costa.
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