Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
O setor do luxo parece estar a encontrar a sua resiliência na transformação. É o que revela um estudo realizado pelo instituto Ipsos, apresentado por ocasião da conferência 'Dissonâncias, ressonância e novo(s) luxo(s)', na Sorbonne. Conduzido junto de 1.500 indivíduos pertencentes às faixas mais abastadas dos Estados Unidos, França e China, este inquérito confirma que, apesar de um contexto económico mundial incerto e marcado por tensões geopolíticas, o luxo ainda tem bons dias pela frente.
O luxo permanece um marcador social e simbólico que continua a cativar novas gerações de consumidores. Com efeito, o desejo de luxo persiste, particularmente entre os inquiridos com menos de 34 anos, com 39% na China, 47% em França e 65% nos Estados Unidos a declararem uma vontade acrescida de adquirir produtos de luxo. Estes números atestam o enraizamento duradouro do luxo nas práticas de consumo das populações abastadas. Se este apetite pode tranquilizar os players do setor, as regras do jogo começam a mudar, impulsionadas pelos próprios consumidores.
As sucessivas subidas de preços dos bens de luxo levam-nos, por exemplo, a questionar a sua justificação. Nos últimos quatro anos, o preço dos produtos de marroquinaria aumentou, em média, 50%, segundo o analista Erwan Rambourg. O estudo da Ipsos mostra que 73% dos americanos e 70% dos franceses consideram os preços excessivos face à qualidade percecionada, contra apenas 43% na China, onde o mercado continua dinâmico, embora em abrandamento. Conscientes do risco, algumas casas decidiram abandonar a estratégia de descontos e recentrar a sua narrativa na raridade e no prestígio, para recuperar legitimidade num mercado chinês que hoje representa 20% das suas vendas mundiais, face aos 30% de há poucos anos.
A questão das "considerações éticas e sociais" permanece marginal na reflexão dos consumidores de luxo, apesar de recentes escândalos de exploração relacionados com a produção de artigos de luxo (Loro Piana recentemente, mas também Dior e Valentino, entre outros) terem abalado o setor. Outros fatores também levam os consumidores a questionar as compras de luxo, como o sentido de adquirir produtos que, por vezes, consideram "superficiais e fúteis", num contexto de preocupações com o poder de compra, bem como da evolução dos seus valores pessoais.
É neste contexto que emerge uma mudança significativa: o luxo experiencial está a ganhar terreno face ao luxo de posse, indica o estudo da Ipsos. À pergunta, "Entre uma mala ou um artigo de bagagem de uma grande marca de luxo e uma estadia com os seus mais próximos num local de exceção, o que escolheria?", a experiência sai vencedora para 86% dos inquiridos franceses e americanos. Esta estatística reflete o investimento crescente dos grupos de luxo, nomeadamente da LVMH, em setores como a hotelaria.
Apesar das turbulências, o setor do luxo continua a atrair. As crises sucessivas, quer se trate da pandemia, da inflação ou das perturbações geopolíticas, abrandaram, sem dúvida, o seu crescimento, mas não minaram a confiança dos investidores. O relatório 'Fashion & Luxury Private Equity and Investors Survey 2025' da consultora Deloitte revela que nove em cada 10 investidores se mantêm dispostos a aplicar capital neste setor.
Para lá das suas transformações e contradições, o luxo mantém o seu estatuto e parece conseguir reinventar-se sem perder a sua atratividade fundamental, junto de compradores e investidores.
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