Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Da semente ao tear: três mulheres perpetuam o ciclo do linho

a semente ao fio no tear: são apenas três as mulheres de Limões que completam o ciclo do linho, uma tradição muito antiga que foi passando de geração em geração nesta aldeia do concelho de Ribeira de Pena.

País

Limões é terra "limada", de muita água, e onde o linho é uma tradição milenar. Houve tempos em que em todas as casas se ouvia o bater ritmado do tear e os campos se enfeitavam com a flor azul da planta do linho.

Hoje em dia já são poucas as artesãs que continuam a tecer e apenas três as mulheres que perpetuam este ciclo moroso e complexo.

Maria Augusta é uma delas. Os seus 70 anos foram passados nesta aldeia, onde muito nova aprendeu a tecer, mas também a semear a linhaça que dá depois origem aos fios de linho.

É lá para abril que começam os trabalhos na terra, a qual se prepara para receber a semente. Depois, em julho, é arrancada a planta que, em molhos, é submersa em poços ou tanques durante nove dias e depois fica mais nove dias a corar ao sol e a apanhar nove orvalhos.

Maria Augusta cumpre este calendário com rigor. Já em casa é preciso maçar, espadar antes de ir à roca, depois ao sarilho, passar na dobadoura, nas canelas e só depois chega ao tear.

"O trabalho dura praticamente o ano inteiro. No inverno, aproveitamos os serões à noite para começar a fiar", afirmou à agência Lusa.

Também Maria Fernanda, 59 anos, cumpre todas estas voltas que o linho dá. Neste trabalho que diz ser "duro e difícil", conta com a ajuda da filha Margarida Fernandes, uma das mais novas tecedeiras da aldeia.

Nesta altura, tem a planta metida no poço. Maria Fernanda gosta desta espécie de magia, em que uma pequena semente dá origem a peças de arte.

"É um trabalho um pouco sujo mas acaba por ser uma arte muito bonita", salientou.

Margarida está desempregada e aproveita para ir criando peças nos teares que têm montados lá em casa.

Praticamente todo o linho que usam é o que produzem. "As pessoas procuram mais o caseiro do que o industrial. É mais caro e dá mais trabalho mas a qualidade é muito melhor, as peças ficam mais bonitas", salientou.

A grande diferença, segundo explicou, é a cor. "O caseiro é mais escurinho e o algodão sobressai mais, enquanto no industrial, como é mais claro, já não sobressai tanto", sublinhou.

Margarida Fernandes disse à Lusa que gostava de poder viver do rendimento do linho, mas lamentou que são poucas as peças que se vão conseguindo vender, pois as encomendas são cada vez menos. "Gosto muito daquilo que faço", confessou.

Maria Augusta passa agora menos tempo no tear, pois tem que conciliar com o trabalho na lavoura. As queixas são as mesmas. Segundo frisou, são poucos os que aparecem a querer comprar.

Esta artesã diz que em Limões se tem mesmo "paixão pelo linho". Tem é pena que agora sejam poucas a dar vida à arte e de não haver gente nova a quem transmitir o saber.

Para dinamizar e promover esta arte, é inaugurado na quinta-feira, nesta aldeia, o Museu do Linho, onde se vai poder observar o ciclo do linho, ver trabalhar ao vivo as artesãs e até, quem quiser, se pode sentar ao tear e até aprender.

http://www.noticiasaominuto.com/pais/255272/da-semente-ao-tear-tres...

Da semente ao tear: três mulheres perpetuam o ciclo do linho

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Respostas a este tópico

que materia maravilhosa, adoraria ver um pedaco deste tecido, sera que tem como se comprar uma amostra

Adorei a materia como coseguir uma amostra deste linho  . Grata Regina

Este artigo realmente é muito bom, principalmente porque os brasileiros em grande maioria não sabem como é  a origem da fibra do linho....Hoje não vemos mais as famosas camisas de linho que eram muito procuradas. Acredito que as grandes empresas que fabricavam o fio deixaram de fabricar por causa da dificuldade da matéria prima. Como vemos é um problema sua cultua.  Ainda encontramos nas lojas de tecido, o linho para calca e camisas.

Esperamos artigos sobre outras fibras, como aquela que fazem o antigo saco de estopa....praticamente sibistituido  pelo plástico/celulose etc., mas encontramos o tecido nas tapeçarias e casas especializadas em cortinas.

Izodro Gomes Xavier



izidro gomes xavier disse:

Este artigo realmente é muito bom, principalmente porque os brasileiros em grande maioria não sabem como é  a origem da fibra do linho....Hoje não vemos mais as famosas camisas de linho que eram muito procuradas. Acredito que as grandes empresas que fabricavam o fio deixaram de fabricar por causa da dificuldade da matéria prima. Como vemos é um problema sua cultua.  Ainda encontramos nas lojas de tecido, o linho para calca e camisas.

Esperamos artigos sobre outras fibras, como aquela que fazem o antigo saco de estopa....praticamente sibistituido  pelo plástico/celulose etc., mas encontramos o tecido nas tapeçarias e casas especializadas em cortinas.

Izodro Gomes Xavier

Sacos de juta são sacos feitos de estopa ou musselina, frequentemente utilizados para o transporte de grãos, milho, feijão, batata e outros produtos agrícolas. Estes sacos são geralmente marcados com letras coloridas, listras e logos. Devido a sua aparência vintage e por serem feitos com tecidos fortes e duráveis, eles podem ser reutilizados para uma variedade de projetos e são frequentemente vistos em uma decoração chique.

Oi obrigado pelo esclarecimento sobre SACOS DE ESTOPAS. Mas a curiosidade, e saber com é feita a fibra JUTA, de onde vem e como é sua cultura. Os brasileiros em grande parte não sabe. Não pesquisei, mas dizem que é a casca de uma árvore. Grato  

Izidro Gomes Xavier.

JUTA (CJ)

Proveniente de uma erva lenhosa da família Tilioidae. A fibra útil encontra-se entre a casca e o talo interno e a extração é feita pelo processo de maceração ( retirada de substâncias que podem ser utilizadas para fins farmacológicos ou químicos).
PROPRIEDADES QUÍMICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DA JUTA
-densidade: 1,5 g/cm³
-tingimento: boa capacidade para tingimento
-comprimento da fibra: 1,5 a 4 mm
-cor: cinza para avermelhada
-toque: áspero, duro
-combustão: arde como outras fibras vegetais
-reação com corantes: boa afinidade para corantes diretos e para corantes básicos.
-absorção de umidade: média
USO DA JUTA
Tecidos para embalagem, tecidos para revestimento, passadeiras, estofamento.



izidro gomes xavier disse:

Oi obrigado pelo esclarecimento sobre SACOS DE ESTOPAS. Mas a curiosidade, e saber com é feita a fibra JUTA, de onde vem e como é sua cultura. Os brasileiros em grande parte não sabe. Não pesquisei, mas dizem que é a casca de uma árvore. Grato  

Izidro Gomes Xavier.



izidro gomes xavier disse:

Oi obrigado pelo esclarecimento sobre SACOS DE ESTOPAS. Mas a curiosidade, e saber com é feita a fibra JUTA, de onde vem e como é sua cultura. Os brasileiros em grande parte não sabe. Não pesquisei, mas dizem que é a casca de uma árvore. Grato  

Izidro Gomes Xavier.

A juta (Corchorus capsularis) é uma fibra têxtil vegetal que provém da Família Tilioideae. Essa erva lenhosa alcança de 3 a 4 metros de altura e o seu talo tem uma grossura de aproximadamente 20 milímetros, crescendo em climas quentes e úmidos. As plantas florescem 4 a 5 meses depois de semeadas e, então, inicia-se imediatamente a colheita. A fibra útil é contida entre a casca e o talo interno e a extração é feita pelo processo da maceração. As árvores cortadas rente ao solo, por meio de foices, são limpas das folhas, postas em feixes em água corrente ou mesmo parada. A alta temperatura das regiões nas quais é cultivada favorece a fermentação e, dessa forma, consegue-se a maceração de 8 a 10 dias, permitindo, assim, a fácil retirada da casca da planta e separação da fibra da parte lenhosa do talo, sendo, em seguida, enxaguada e empacotada. As melhores qualidades de juta distinguem-se pela robustez das fibras e pela cor branca e brilhante do talo. As de qualidade inferior possuem talos mais escuros e menor comprimento das fibras, de cor mais acinzentada, tendo menor resistência. Até os anos 1930, o Brasil dependia, exclusivamente, da juta importada da Índia. Introduzida no Brasil por Ryota Oyama, foi cultivada inicialmente por imigrantes japoneses, que criaram a variedade designada “Oyama”. Difundida na região amazônica, chegou a representar 30% da economia do Estado do Pará.

  Romildo, obrigado mais uma vez. Quanto mais o tempo passas, cada vez se aprende mais !!

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