Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Os resultados reportados pelo comércio em 2015,como os piores desde 2002,descortinam um cenário complexo e delicado que será enfrentado pelos varejistas.

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2016 começa de forma dramática: à letargia política com intermináveis discussões sobre impedimento no Congresso, soma-se a um conjunto de indicadores econômicos e sociais em deterioração, tais como a inflação voltando aos dois dígitos, o PIB apresentando diminuição e o desemprego em ascensão. Este contexto, aliado aos resultados reportados pelo comércio em 2015, como os piores desde 2002, descortinam um cenário complexo e delicado que precisará ser enfrentado com cuidado e atenção redobrada pelos varejistas.

Durante alguns anos tivemos a impressão de que estávamos no rumo certo: o Brasil iria finalmente decolar, a Copa do Mundo e as Olimpíadas iriam deixar um legado que impulsionaria ainda mais o país para frente. Muitos empresários, não apenas do varejo, motivados por este contexto, aceleraram seus projetos de expansão e investimentos.

Porém, a partir de 2014, esta impressão começou a ser afetada pelas manifestações sociais, deterioração das condições econômicas e pela reação do mercado. A mídia internacional já não vê o Brasil com os mesmos olhos o que culminou na perda do grau de investimento em solo brasileiro, bem como num cenário de muito pessimismo regado pelos diversos escândalos de corrupção.

Será que continuaremos a ser o país do futuro ou ainda poderemos nos tornar o país do presente?

A resposta para esta pergunta é incerta. O que é certo é que como empresários precisamos estar preparados para lidar com estes cenários em constante mutação. Por mais que as empresas desejem administrar estas situações, muitas variáveis estão fora de seu controle e, por isso, a prudência determina cada vez mais, buscar eficiência e produtividade em suas operações, ou seja, fazer mais com menos.

Como um marco da passagem do final do ano é muito comum pensar em resoluções que iremos adotar nos próximos 365 dias. A revista americana Time listou as 10 resoluções de final de ano mais comuns e aproveitamos para condensá-las em quatro resoluções, bem como adaptá-las ao contexto do varejo a fim de contribuir com a reflexão quanto às iniciativas a serem priorizadas em 2016. São elas:

1. Entrar em forma: o contexto que se apresenta representa uma excelente oportunidade para revisar processos e identificar oportunidades de melhoria de produtividade e de serviço aos clientes.

Tomemos os exemplos das empresas de moda rápida ou dos hard discounters no varejo de alimentos. Em ambos os casos, os processos empresariais e interempresariais são otimizados, buscando eliminar ineficiências e desperdícios sistêmicos e criando mais valor para os consumidores, por meio das pessoas, dos processos e da tecnologia. Algumas questões podem colaborar para promover uma reflexão:

  • Quando foi a última vez que revisamos nossos processos?
  • De que forma buscamos melhorar nossa eficiência e produtividade colaborando e integrando processos com nossos fornecedores, clientes e colaboradores?
  • De que forma a produtividade dos diversos recursos vem sendo medida e aprimorada?
  • Os clientes estão satisfeitos com os níveis de serviço que oferecemos?
  • A tecnologia utilizada tem promovido simplificações nos processos que envolvem colaboradores e clientes?

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2. Abandonar maus hábitos: a crise hídrica que vem ocorrendo no Brasil tem provocado uma enorme reflexão em indivíduos em empresas quanto às oportunidades de economia de água. A mesma reflexão pode e deve ocorrer quanto a outros recursos.

Consideremos a rede inglesa TESCO. Segundo dados de seu relatório “Tesco e a Sociedade: utilizando nosso tamanho para o bem”, publicado em 2014, entre 2013 e 2014 a empresa descartou 57 milhões de toneladas de alimentos nas operações da empresa, CDS e lojas. Apesar de impressionante, este volume é pequeno se comparado ao total de produtos descartados no mundo que, segundo a ONU é de 1,3 bilhão de toneladas. Definitivamente, não são números compatíveis com a necessidade de uma sociedade mais justa, mais consciente e sustentável. Mais do que simplesmente apontar o resultado, o relatório aponta possíveis causas e indica alguns caminhos. Uma constatação inicial é de que o grosso do descarte não ocorre por conta das operações no varejo, mas sim na produção ou pré-produção e na casa dos consumidores. O curioso é que é o próprio varejo que contribui com os desperdícios nos produtores e consumidores. Saindo do discurso para a ação, a TESCO decidiu tomar diversas medidas. Outra iniciativa semelhante é a “Garment Collection Initiative” da H&M que coleta nas suas lojas roupas para serem recicladas.

Cabe indagar:

  • Estamos investindo nas discussões com os distribuidores/atacadistas/fornecedores para melhorar a eficiência geral da cadeia de abastecimento?
  • Conseguimos identificar, diferenciar e medir as perdas de forma adequada?
  • Temos um sistema mínimo de medição que possibilite identificar de forma clara e precisa desperdícios e perdas?
  • Temos um processo de identificação das causas de desperdícios e perdas?
  • Estamos trabalhando a noção da oferta adequada ao cliente, não apenas no que diz respeito à adequação do produto e preço, como também na compra do volume adequado?
  • Estamos trabalhando junto aos consumidores para educá-los de forma adequada para o consumo?

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3. Aprender algo novo: num contexto competitivo cada vez mais complexo e agressivo estar em constante aperfeiçoamento e buscar novas ideias e ações torna-se um importante fator de atuação para as empresas.  Todavia é essencial considerar que as novidades devem estar a serviço e criar valor aos consumidores e clientes. Tomemos o exemplo da Cavalera. Há cerca de dois anos a empresa resolveu oferecer em algumas de suas lojas barbearias orientadas ao público masculino e ao público que se identifica com a marca e com a experiência oferecida. Hoje, já existem apenas as barbearias como unidades independentes destas lojas e também uma linha de produtos voltados aos cuidados com barba e cabelos. Outro exemplo interessante é linha plus size da Mango denominada Violeta que integra na loja tradicional um espaço dedicado com produtos e vendedores ajustados a este público. Neste sentido, vale se perguntar:

  • Nossos clientes percebem as novidades que apresentamos?
  • Conseguimos transmitir aquilo que aprendemos e desenvolvemos de forma clara para nossos clientes?
  • Nossos colaboradores conseguem conectar nossas iniciativas com as demandas dos clientes?
  • Temos acompanhado a evolução de nossos clientes quanto a seus hábitos de consumo?
  • E quanto ao uso da tecnologia por eles? Faz sentido pensar em comércio eletrônico, redes sociais e numa estratégia digital?
  • Temos canais de comunicação que permitam trazer a voz do cliente para dentro da empresa?

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4. Investir mais tempo com as pessoas próximas: num contexto cada vez mais complicado e impessoal, a correria do dia a dia muitas vezes nos afasta dos clientes e dos colaboradores. No cenário que se apresenta para 2016, estar mais próximo dos clientes e dos colaboradores é uma forma de detectar e antecipar mudanças importantes, antes mesmo que elas se materializem. Sugerimos a leitura do livro “Everybody Matters” que descreve a jornada de Bob Chapman, CEO da Barry-Wehmiller (companhia avaliada em 1,7 bilhão de dólares), na descoberta e aprendizagem de uma forma diferente e surpreendente de liderar, servir, integrar e desenvolver a dimensão humana nas organizações.

Assim sendo, cabe questionar:

  • Que mecanismos temos utilizado para, de forma estruturada, ouvir os colaboradores?
  • Incentivamos os colaboradores a participar e a contribuir com sua experiência e conhecimento do cliente?
  • De que maneira transmitimos e vivenciamos nossos valores e propósito?
  • Nossos colaboradores tenho um trabalho ou tem um propósito?
  • E para os clientes que mecanismos estão em operação?
  • Os clientes são incentivados a se comunicar e recebem retorno de suas contribuições e informações?

A lista sugerida não tem a intenção de ser definitiva ou de tentar endereçar todas as questões possíveis, mas esperamos que sirva como um incentivo para que você elabore sua própria lista e, sobretudo, se esforce para realizar aquilo que se comprometer a fazer, uma vez que no âmbito dos indivíduos, muitas destas resoluções se perdem ao longo do ano. No caso das empresas, o cenário de 2016 demanda disciplina e execução para que tenhamos um Feliz 2016, apesar de tudo!

http://onegociodovarejo.com.br/2016-fazer-mais-com-menos/

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