Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fernando Pimentel

Fernando Pimentel, presidente da Abit / Foto: Divulgação

Uma fábrica onde todas as máquinas estão interligadas, trocam informações em tempo real e dão ordens de produção a partir de uma programação previamente definida, dispensando o uso de mão de obra humana. Esta pode ser considerada uma definição simples da indústria 4.0, também chamada de quarta revolução industrial. Simples porque os efeitos deste novo modelo de negócios vão além do processo produtivo, impactando também no modo como as empresas se planejam e atendem o mercado.

A indústria 4.0 foi debatida em um evento realizado nesta quarta-feira em Blumenau pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) com apoio do Sintex, Fiesc e SCMC. A cadeia têxtil ainda tenta se adaptar a essa tendência, que já está mais avançada em outras áreas. A ideia do encontro foi justamente provocar os participantes a refletirem sobre as transformações do chão de fábrica na era digital, diz Ulrich Kuhn, presidente do Sintex.

Um dos nomes da programação foi o presidente da Abit, Fernando Pimentel (foto). Além de traçar um cenário sobre o atual cenário do setor têxtil, ele também destacou os desafios da indústria 4.0. Confira na entrevista a seguir:

O que significa a indústria 4.0?
Antes de mais nada, para simplificar um pouco o conceito: não é uma máquina que faz a indústria 4.0. É a interface das máquinas. São elas falando entre si, dando ordens autônomas de produção a partir de softwares integradores. Em tese, você pode pegá-las, conectá-las e organizar a produção em função de programações previamente feitas. Isso significa, na parte produtiva, a manufatura avançada. Mas o ambiente digital não é só isso. Ele proporciona também novas formas de produzir, de comercializar, de comunicar, de atender ao seu mercado. Eu falo muito mais da digitalização da indústria e da economia de uma forma geral do que da indústria 4.0. Estamos abordando a indústria 4.0 aqui porque há todo um movimento nesse sentido que precisa ser totalmente acompanhado e implementado por nós, na medida que tenhamos efetivamente a capacidade de fazer.

Como esse conceito impacta no setor?
Na indústria têxtil já impacta mais do que na indústria da confecção, onde o modelo está mais retardado. A indústria têxtil já tem muita conexão de máquinas e robôs atuando, corrigindo problemas e erros. Na confecção é um processo mais difícil pelo tipo de produto que a gente manuseia, são tecidos flexíveis. O impacto vai ser maior, embora mais lento e demorado. Não que o têxtil já seja 4.0, mas ele já está em movimentos mais definidos com relação a essa direção. O que vai caracterizar isso é o fato de você ter ou passar a ter uma nova realidade de qualificação, formação e empoderamento das pessoas. São vários cenários dentro desse movimento da digitalização.

Quais os efeitos da reoneração da folha de pagamento, anunciada na última semana pelo governo federal, no segmento?
Vai onerar as empresas que estão nesse regime em torno de R$ 500 milhões ao ano. É muito dinheiro, muito investimento que poderia ser feito, muita capacitação de pessoas que poderia acontecer. E é um lucro que nós não teremos para tocar o negócio, reinvestir e caminhar para a indústria 4.0, não regredir para 0.5.

Que cenário se vislumbra hoje para o segmento têxtil e quais são as perspectivas de futuro?
Teremos uma retomada lenta em 2017, aproximadamente 1% na produção e uma recuperação no consumo em torno de 2%. Ainda ficaremos muito distantes daquilo que fomos algum tempo atrás. Há muitas incertezas à frente. Tem o câmbio, que hoje favorece as importações e desfavorece as exportações. Tem o lado político. A Lava-Jato gera sempre ansiedade e uma incerteza enormes, e nós não temos como encerrar o processo. Vamos ter que conviver com ele por mais tempo. A queda de taxa de juros é um sinal positivo. A queda na inflação dá também algum ganho real de renda. Vamos ver em que cenário vamos entrar nas eleições de 2018, que tipo de candidatura vai se colocar mais viável para um Brasil que nós não sabemos qual vai ser daqui a oito, nove, dez meses. Vamos ter que ter muita calma, muito equilíbrio e tranquilidade para administrar tantas incertezas e ao mesmo tempo fazer aquilo que a gente sabe fazer de melhor, que é criar, inovar, produzir novas propostas para os nossos consumidores, ofertar serviços dinâmicos, matérias-primas de alta performance. É a nossa missão. O cenário mais favorável facilita a tarefa de quem produz. O desfavorável coloca o empresário em uma posição mais defensiva porque ele não sabe o dia de amanhã. Mas alguma coisa terá que ser feita e nós a faremos.

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Infelizmente para o setor do vestuário/confecção tudo está muito longe visto a atual realidade das industrias, se é que possamos assim chama-las, três anos de muitas dificuldades impedem qualquer mudança, que gere custo, para tentar um pouco modernizar, creio que a idéia, boa, vale para a industria têxtil, composta em parte de grandes e sólidas industrias, de qualquer forma vale sonhar.

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