Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Executivo troca salário anual de R$ 700 mil no mercado financeiro pela confecção de ternos artesanais

Guilherme Franco trabalhava em banco há mais de 20 anos quando decidiu empreender; usando terno todos os dias, ele sentia falta de peças mais exclusivas e encontrou oportunidade de negócio.

O empreendedor Guilherme Franco, fundador da Sartoria San Paolo (Foto: Divulgação)

O empreendedor Guilherme Franco, fundador da Sartoria San Paolo (Foto: Divulgação)

Há pouco mais de um ano e meio, Guilherme Franco trocou a mesa de operações e as ações da bolsa de valores pela fita métrica e os tecidos.

Trabalhando no mercado financeiro, ele precisava usar terno todos os dias e achava que a alfaiataria brasileira deixava a desejar. Depois de alguns anos estudando a ideia, resolveu então sair do ramo em que atuava há mais de 20 anos para, junto com um sócio, começar um negócio de moda: a Sartoria San Paolo.

"A gente achava que o europeu se veste muito melhor que o brasileiro, em parte porque o brasileiro não tem acesso às coisas boas que o europeu tem", conta. "Nos shoppings a gente via muito mais do mesmo, cores parecidas, mesma modelagem, mesmos tecidos."

O ateliê de Franco fica na cidade de São Paulo, como o próprio nome indica, e cria sob encomenda ternos com cortes inspirados nos usados na Europa, especialmente os italianos.

A empresa tem dois estúdios: um para atendimento, onde os clientes tiram medidas e escolhem os modelos e tecidos, e outro para confecção, onde trabalham quatro alfaiates. Eles não são funcionários, mas recebem um percentual por peça produzida.

"Tínhamos um alfaiate que era nosso amigo, que já fazia roupa para a gente, e depois ele foi indicando outros parceiros", conta.

Os ternos são produzidos de forma artesanal, com tecidos importados, e custam de R$ 4 mil a R$ 8 mil. Por mês, o ateliê atende de 20 a 30 clientes, alguns deles assíduos, segundo Franco.

Cada terno é catalogado de forma individual, com as medidas, ajustes e escolhas de design usadas na sua confecção.

Terno da Sartoria San Paolo; preços variam de R$ 4 mil a R$ 8 mil (Foto: Divulgação)

Terno da Sartoria San Paolo; preços variam de R$ 4 mil a R$ 8 mil (Foto: Divulgação)

Administrador e aprendiz de costureiro

Guilherme Franco, hoje com 42 anos, administra o negócio e cuida também do atendimento. Tira medidas, dá dicas, apresenta os materiais.

"A única coisa que eu não faço é meter a mão na massa e costurar. Disso sei o básico: fazer barra, pregar um botão, ver quais são os defeitos."

Ele diz que aprendeu tudo sem fazer curso de moda. "Fui vendo, estudando, simplesmente porque eu precisava usar terno." Já o sócio é apenas investidor e ainda trabalha no mercado financeiro. Juntos, os dois aportaram neste 1 ano e meio de existência da Sartoria San Paolo cerca de R$ 100 mil.

"O investimento não é alto porque não temos estoque. Só gastamos previamente com a matéria-prima para fazer o terno, os aviamentos (linhas, alfinetes). O tecido só compramos depois que o cliente está com o pedido fechado", explica. "A principal parte desse 'business' é mão de obra, não é um segmento de capital intensivo".

Franco diz que o faturamento bruto da alfaiataria é de cerca de R$ 50 mil por mês, mas garante que a empresa já dá lucro – de quanto, ele não revela.

Os ganhos, porém, ainda estão longe da remuneração que ele tinha no mercado financeiro. Ele era superintendente executivo do Banco Indusval & Partners (BI&P), onde comandava a área de produtos e as mesas de investimento em moedas e derivativos (setores ligados a investimentos que as empresas fazem em ativos em bolsa) e chefiava 30 pessoas.

Por ano, recebia cerca de R$ 700 mil, considerando bonificações, o que dá uma média de R$ 58 mil mensais. Franco ficou quase cinco anos no BI&P. Ele saiu de lá no fim de 2014, quando fez um acordo com a instituição.

"O banco começou a ter perda de crédito e passei a achar que minha posição ia deixar de existir. Mas tive uma bela entrada de caixa, havia bônus ainda não pagos, participação societária..." Antes disso, ele trabalhou por 18 anos no Citibank.

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Que tenha sucesso, mas sem desmerecer a industria nacional de confecção que está muito bem preparada para confeccionar roupas sociais, de todos os tipos, desde os mais caros até os mais populares, logo, trabalhe, cresça mas não jogue lama em uma industria tão valorosa, tão batalhadora, que luta contra tudo, importados, sonegadores, contrabandistas, ilegais, governo e se mantem a duas penas, saiba competir com respeito aos outros concorrentes.

Claro que não pode deixar de lado a indústria nacional, mas a verdade é que a indústria nacional está sucateada, e os importadores estão encolhido nossas indústrias, e somente com tecidos que não prestam. Se quiserem tecidos de qualidade e em alta escala, não temos um fornecedor.

   O empresário acha que, com o passar do tempo, vai conseguir tirar da alfaiataria uma renda maior do que a que tinha na época do banco. "Lá eu poderia ser demitido e tinha sempre o limitante (de salário), hoje não tenho nenhum", diz.

Para ter o mesmo salário, em retiradas, vai ter que costurar para Lula e outros deputados que tem auxilio paletó!

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