Presentes no top 10 do relatório de 2019 da Confederação Internacional Sindical (ITUC na sigla inglesa) estão também o Brasil, Cazaquistão, Arábia Saudita e Zimbabué, noticia o just-style.com. Países como Sri Lanka, Tailândia e Vietname, registaram também uma descida no ranking, tendo em conta o aumento de ataques aos direitos dos trabalhadores. Além disso, «a violência extrema sobre os defensores dos direitos no local de trabalho conduziu a um maior número de detenções, nomeadamente na Turquia, Vietname e Índia», afirma a ITUC. Contudo, também foram registadas melhorias em vários países, incluindo fornecedores de vestuário como México, Paquistão e Ilhas Maurícias.
Turquia
O Médio Oriente e o Norte de África foram, uma vez mais, considerados as piores regiões no tratamento dos trabalhadores , com o sistema kafala [que permite aos empregadores confiscar os passaportes dos trabalhadores imigrantes] a continuar a impedir que os imigrantes obtenham qualquer proteção laboral – deixando 90% dos trabalhadores incapazes de aceder aos seus direitos de formar ou juntar-se a um sindicato.
As condições na região Ásia-Pacífico deterioraram mais do que em qualquer outra região, com um incremento da violência, criminalização do direito à greve e ataques violentos sobre os trabalhadores. Em 2018, nas Filipinas, foram mortos 10 sindicalistas.
Violência na indústria têxtil e vestuário
De acordo com o relatório da ITUC, exemplos específicos do sector de vestuário incluem «despedimentos abusivos, detenções, violência e severas medidas de repressão a protestos pacíficos» dos trabalhadores no Bangladesh.
Sharan Burrow
«Na indústria de vestuário, frequentemente, as greves foram muitas vezes recebidas com brutalidade por parte das forças policiais», pode ler-se no relatório, citando protestos relacionados com questões salariais, que ocorreram no início do ano.
O documento revela ainda que em Mianmar «dezenas de trabalhadores do sector do vestuário, trabalhadores da Fu Yuen Garment Co Ldt, ficaram gravemente feridos depois de 40 indivíduos armados atacarem os manifestantes com barras de metal e varas de madeira. A polícia foi chamada, mas não fez nenhuma detenção».
Detenções por região
Em África, foram presos trabalhadores em 49% dos países. Ataques contra os trabalhadores atingiram níveis sem precedentes nos Camarões, Nigéria, Chade, Gana, eSwatini (anteriormente denominada Suazilândia) e Zimbabué, com as forças de segurança a terem disparado contra protestantes.
O continente americano permanece assolado pelo «clima generalizado de violência extrema e de repressão contra trabalhadores e membros sindicais». Só na Colômbia 34 sindicalistas foram mortos em 2018 – uma subida dramática em relação ao ano anterior, indica a ITUC.
Na Europa, foram detidos trabalhadores em 25% dos países e, especificamente em Itália, foram mortos líderes sindicais.
Zimbabué
«Da Turquia às Filipinas, de Hong Kong à Mauritânia, os governos estão a tentar silenciar a era de raiva ao restringir a liberdade de expressão e de reunião», garante a secretária-geral da ITUC, Sharan Burrow. «Em 72% dos países, os trabalhadores não tiveram ou têm acesso restrito à justiça, com casos graves a serem reportados no Camboja, China, Irão e Zimbabué. O número de países que exclui trabalhadores do direito de criarem ou juntarem-se a um sindicato aumentou de 92 em 2018 para 107 em 2019. O maior incremento ocorreu na Europa, onde 50% dos países excluem agora grupos sindicais, um aumento de 20% em relação a 2018. O trabalho digno está a ser afetado e os direitos estão a ser negados por empresas que evitam regras e regulamentações», acrescenta.
De forma geral, o relatório conclui que 85% dos países analisados proíbem o direito à greve e que os trabalhadores ou não têm acesso ou têm acesso restrito à justiça em 72% dos países. O número de países nos quais os trabalhadores foram detidos aumentou de 59 em 2018 para 64 em 2019. Dos 145 países analisados, 54 negam ou restringem a liberdade de expressão ou de reunião. Além disso, as autoridades impediram o registo de sindicatos em 59% dos países. Houve ocorrência de violência em 52 países e sindicalistas foram mortos em 10 nações: Itália, Turquia, Bangladesh, Paquistão, Filipinas, Brasil, Colômbia, Guatemala, Honduras e Zimbabué.
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