Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Apesar da sustentabilidade estar na ordem do dia, as indústrias de vestuário e calçado parecem preocupar-se apenas com a perspetiva ecológica, esquecendo o seu impacto social. A exploração de minerais em regiões de conflito vem apoiar esta premissa.

A Rede de Aprovisionamento Responsável (Responsible Sourcing Network) apresentou recentemente um estudo que revela que a pontuação média das empresas no esforço diligente relativo ao comércio de minerais de conflito e cobalto sofreu uma diminuição no ano passado. Patricia Jurewicz, vice-presidente da organização, afirma que «a maioria dos resultados do relatório deste ano demonstra complacência» por parte das empresas importadoras.

O estudo analisa os esforços de 215 cadeias de aprovisionamento no que diz respeito aos minerais de conflito 3TG – estanho, tântalo, tungsténio e ouro. Dentro das indústrias de vestuário e calçado, estas matérias-primas podem ser encontradas em botões, fechos zipper, fios metalizados, arrebites, ilhós de cordões e enquanto estabilizadores em PVC e outros materiais de borracha ou plástico.

Considera-se que a produção e a exploração destas matérias-primas financiam os conflitos armados, quando ocupam a República Democrática do Congo e nove países vizinhos, que incluem República do Congo, República Central da África, Tanzânia, Sudão, Burundi, Zâmbia, Ruanda, Angola e Uganda.

De acordo com os resultados, a produção de vestuário e mobiliário situa-se em 10.º lugar, com uma média de 44,0, o que representa uma diminuição de 2,3 pontos. Também no ano passado, o retalho de vestuário e de especialidade desceu 1,1 pontos para 39,7, assentando na posição 14 do ranking de Diligência 3TG.

Os analistas explicam que o declínio geral revela a falta de interesse por parte das empresas em melhorar as suas práticas sociais, ao mesmo tempo que a escassez global de relatórios sobre a indústria dos minerais de conflito e cobalto coloca os investidores em risco.

Política interfere com aprovisionamento responsável

Em termos de desempenho individual, a VF Corporation está no topo da lista entre as empresas do vestuário e mobiliário com um crescimento de 1,6 pontos para 63,1 numa escala que vai até aos 100 pontos. Em sentido contrário, a Nike diminuiu 3,3 pontos, a Ralph Lauren 1,4, a Under Armour 7,4 e a Hanesbrands 0,9.

No que diz respeito aos retalhistas de vestuário e de especialidade, verificou-se crescimento na L Brands, com mais 1,1 ponto para 46,4. Contudo, os resultados diminuíram para a TJX (menos 0,1 ponto para 55,3), Tapestry (menos 0,4 pontos para 50,9), Gap (menos 5,8 pontos para 35,4), Amazon (menos 3,1 pontos para 29,7) e Williams-Sonoma (menos 5 pontos para 23,7). A Ross Stores permanece no fim da lista, com uma pontuação de apenas 2,3 pontos.

Raphaël Deberdt, autor do relatório Mining the Disclosures 2019, considera que «o facto de a grande maioria das empresas ignorar a sua responsabilidade corporativa em minerais de conflito e cobalto é o resultado das políticas do governo americano, mas também reflete decisões de negócio internas».

Com efeito, Deberdt acredita que a ameaça, em 2017, do presidente dos EUA, Donald Trump, de suspender a Secção 1502 da Lei Dodd-Frank – que exige a todas as empresas cotadas em Bolsa que prestem informação sobre a utilização destes minerais – e decisão subsequente do regulador do mercado norte-americano (SEC, na sigla original) de não aplicar a mesma lei encorajou as importadoras a negligenciar a Diligência 3TG na cadeia de aprovisionamento. O autor incentiva o compromisso e a transparência na atividade de exploração responsável destas matérias-primas, defendendo que «as empresas não devem considerar a Diligência 3TG como uma moda».

Por outro lado, o sector tecnológico superou, mais uma vez, todos os outros, com uma pontuação média de 54,2 (mais 1,2 pontos do que 2018)

O próximo Regulamento da União Europeia sobre Minerais de Conflito, a ser aplicado a partir de 1 de janeiro de 2021, exige uma melhoria da diligência dos importadores de 3TG, que não se resume apenas à região do Congo, mas também às áreas de alto risco e afetadas por conflitos em todo o mundo.

Patricia Jurewicz conclui que as empresas precisam de «melhorar continuamente os seus esforços de diligência para garantir que os materiais dos seus produtos não estão a causar prejuízos ao planeta ou às pessoas».

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Parece que todos se uniram para criticar a industria têxtil. Botão de camisa financiando conflitos armados. Era só o que faltava. Muita indignação!

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