Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Responder à pergunta “qual é a cor do ano?” está cada vez mais difícil. As empresas lutam pela atenção do público e querem ter uma influência distinta no mercado. Cada uma escolhe a própria cor, o que faz com que a oferta seja variada. Significado e diferenciação não podem faltar.

Há 20 anos atrás, o Patone Color Institute teve a ideia de selecionar a cor oficial do ano, uma prática que se tornou tradição e se faz sentir presente em toda a indústria. Num universo em que as tendências se revelam muito similares ou até mesmo iguais, o programa “Color of the Year” vem colmatar esta realidade, escolhendo uma cor única e distinta. Cerulean, uma tonalidade entre o azul e o azul celeste mais escuro, foi a primeira a ser selecionada pela empresa em 1999. «O estilo de vida revela que os consumidores estão à procura de paz interior e preenchimento espiritual no novo milénio», anunciou a empresa.

Nas últimas duas décadas, outras empresas de cor seguiram os passos do Pantone Color Institute e nomearam a cor do ano com base não só na identificação com a situação atual do mundo, mas também para onde se direciona essa situação. «Vemos a “Color of the Year” como um programa educacional que pretende destacar a relação entre o que se passa na cultura global e como é que isso se manifesta na cor», explica Laurie Pressman, vice-presidente do Pantone Color Institute. «Com a cor e o contexto tão interligados, há mesmo razões para que cores da mesma família ou individuais ganhem tanta importância. Para a maior parte das pessoas a popularidade da cor simboliza os tempos em que vivemos», afirma.

A cor da realidade

Escolher o tom do ano é mais que um processo de seleção, é também um caminho que liga as marcas que o fazem aos consumidores, quer sejam pessoas que compram tintas na Home Deport ou designers à procura de previsões de tendências para desenvolver novos produtos. Os designers são mais importantes do que se pode imaginar no mercado da cor, avaliado em 24 mil milhões de dólares (21,5 mil milhões de euros).

Para estarem aptas a selecionar a cor do ano, as empresas recolhem informação previamente através de visitas a feiras e seguindo influenciadores confiáveis nas redes sociais. Laurie Pressman diz que a Pantone «procura a cor que tem maior destaque e que pareça ser a mais importante nas áreas do design, a cor que está mesmo em foco. A mais simples tonalidade pode comunicar uma mensagem que reflete a nossa cultura atual». A informação pode surgir dos lugares mais óbvios como a moda e o design, mas existem outras fontes não tão diretas. «As áreas que procuramos incluem a indústria de entretenimento e de produção de filmes, coleções de arte e novos artistas, moda, todas as áreas do design, destinos de viagens populares bem como novos estilos de vida e condições socio económicas. As influências também podem vir das novas tecnologias, materiais, texturas e efeitos que tenham impacto na cor, plataformas de redes sociais relevantes e eventos que captem a atenção mundial», esclarece Laurie Pressman.

Escolhas do ano

A Behr elegeu uma tonalidade suave com um tom da cor da relva chamado “Back to Nature” e é a terceira cor oficial do ano por se associar aos espaços exteriores. No seguimento da precariedade do mundo natural, a preocupação com o plástico e outros problemas sustentáveis acentua-se assim como o aumento do design biofílico. «Volta tudo ao estilo de vida e a à forma como estamos a viver, há uma espécie de movimento social para sair e envolvermo-nos com a natureza» afirma Erika Woelfel, vice-presidente dos serviços de cor e criativos. «Sabemos que as pessoas estão conscientes de que estar no exterior é muito importante» sublinha.

O verde está entre as tendências do momento, principalmente no que diz respeito à decoração para a casa. «Há uma tendência enorme das pessoas decorarem a casa com plantas porque purificam o ar e têm muitos benefícios para a saúde, por isso vemos verdes da selva e do deserto. A cor “Back to nature” torna-se muito agradável, uma vez que não é nem muito clara nem muito escura. É um avanço na moda no sentido de não estar datado. Tem mesmo aquele apelo ao interior e exterior» considera Woelfel.


First Light, Benjamin Moore 2020

A Benjamin Moore optou por selecionar, para 2020, um tom rosa suave com o nome de “First Light”. A cor foi escolhida devido ao facto dos analistas da empresa estarem em contacto constante com a cor durante as viagens. «Um dos membros da equipa viu a cor durante a Dutch Design Week» indica Andrea Magno, diretora de marketing e desenvolvimento de cores.

As empresas de tintas tornaram-se curadoras, visto que procuram a estética popular do design e transportam as tendências para os consumidores. A escolha de cores anual não só proporciona inspiração para os interiores como também permite que os proprietários da casa vivam com outra energia. «A “First Light” é uma daquelas cores que se adapta a muitas salas diferentes e que torna o ambiente realmente bonito. É quase um tom neutro mas dá um brilho quente à sala» assegura Magno.


Naval, Sherwin Williams 2020

A cor anual da Sherwin Williams não se relaciona com a natureza ou com a pureza dos tons delicados. O azul marinho contraria a tendência das cores mais alegres que dominaram nos últimos dois anos. «Sabíamos que o azul marinho seria uma grande cor. Pudemos ver o preto e o branco e que o monocromático é uma grande tendência. A previsão para 2020 é levar o bem-estar para a próxima década e o azul é uma ótima tendência porque é um tom que acalma e intemporal, que vai ficar sempre bem», acredita Sue Wadden, diretora de marketing de cores da Sherwin-Williams. O azul-marinho é a 10.ª cor anual da Sherwin Williams e foi selecionada em fevereiro. «Temos 12 membros na equipa, reunimos e discutimos sobre isso. É um processo de três dias e, no final, uma cor chega ao topo», conta.

Influência positiva

Além das empresas estarem preocupadas com as tendências, apresentar opções de cores distintas é também um fator a ter conta, o que explica o porquê das empresas não selecionarem cores análogas às anteriores.

Os designers e os profissionais de marketing têm que trabalhar para ir ao encontro da cultura, mas também têm de conseguir fazer parte dela. A cor está presente em todos os objetos e nas mais variadas indústrias, por isso deve refletir as tendências globais com significado simbólico na atualidade, na perspetiva das empresas.

A cor tem influência no estado de espírito e também no futuro do público, bem como desempenha um papel crucial na forma como vemos o mundo. «Há muito uma tendência para os neutros e é emocionante ver as coisas a amadurecer. Estamos aqui para inspirar, porque sabemos o que a cor pode fazer e como afeta o humor. O meu objetivo para 2020 é animar as pessoas com a cor», concluiu Sue Wadden.

https://www.portugaltextil.com/cores-do-ano-com-significado/

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  A cor tem influência no estado de espírito e também no futuro do público, bem como desempenha um papel crucial na forma como vemos o mundo. «Há muito uma tendência para os neutros e é emocionante ver as coisas a amadurecer. 

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