Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A nossa indústria de moda tem muito potencial.

A nossa indústria de moda tem muito potencial.

Lindas campanhas como a da querida Renata Abranchs que foi criada em 2014 com o movimento #FeitoNoBrasil e a valorização da nossa indústria da moda, e agora com a ABIT angariando confecções, tecelagens e fornecedores nessa união para produzirmos o que for necessário de indumentária para atravessar esse período com segurança, estão trazendo cada vez mais consciência ao público geral sobre a importância de valorizar essa que, muitas vezes, é uma indústria marginalizada e ignorada politicamente.

Semanas atrás, uma das minhas alunas do curso Moda de Sucesso PRO me chamou para expressar o seu sentimento quanto à falta de representatividade nas grandes lideranças locais e nacionais da indústria da moda. Sendo essa a 2ª maior geradora de empregados da indústria de transformação no Brasil e a 2ª maior geradora de primeiro emprego (perdendo apenas para alimentos e bebidas juntos). É a atividade com o maior número de empresas abertas no país (CNAE Comércio Varejista de Artigos de Acessórios do Vestuário e Acessórios). E ainda o 4º maior produtor e consumidor de denim no mundo, 4º maior produtor de malhas do mundo, e corresponde a 16,7% dos empregos brasileiros. [Dados @abit_brasil]

Há muito potencial não utilizado

Essa é a minha área de estudo acadêmico-científico. Tenho pesquisado a fundo as indústrias paranaenses e catarinenses para o meu Mestrado pela UTFPR e acompanhando tão de perto dezenas de milhares de seguidores, centenas de alunos e clientes de consultoria do nosso setor no Brasil e no mundo. E a minha conclusão é: temos tanto potencial que dá vontade de sair gritando por aí! Porém, estamos brutalmente atrasados em relação à Ásia, tecnologicamente, cientificamente e como profissionais.

Nas últimas duas décadas, quando éramos destaque dos BRICs, poderíamos ter avançado a passos largos com investimentos e lideranças nacionais e locais. Nós estaríamos colhendo os frutos agora. Isso aconteceu com a China, que hoje é o líder mundial em tecnologia, processos, ciência e logo mais, design na moda.

Mas nós nos contentamos com o que tínhamos, que “estava bom assim”. Produtos com qualidade muitas vezes inferior aos produtos vendidos na Europa e América do Norte (feitos na Ásia) devido a nossa defasagem tecnológica, consumidores acostumados com produtos mal regulados, sem padrões de qualidade reais como no exterior, e custos de produção altíssimos com praticamente nenhum incentivo fiscal ou governamental.

A falta de investimentos e profissionalização prejudica o setor

Existem mais de 100 escolas e faculdades de moda de nível superior no Brasil, e menos de 1% delas têm na grade gestão de negócios. Formam artistas com um sonho, mas na maioria das vezes despreparados para entrar no mercado com segurança e chances de sucesso econômico. E em muitos casos sustentando o seu negócio com recursos de outros setores (emprego em outra indústria, apoio de parentes que não trabalham com moda, etc).

Assim, a informalidade acaba dominando o nosso amado setor. Fazer o que dá, e consumir sem saber exatamente distinguir qualidade. Poucos brasileiros entendem a diferença entre seda e poliéster, que roupas de bebê não podem ter penduricalhos que caem, pois é um risco de vida, que as roupas não deviam desbotar e manchar o seu sofá, que os tamanhos têm que ser consistentes sim, e muito mais.

O empresário de moda mata um leão por dia, sem qualquer apoio comparado com outros setores como agronegócio, energia, construção civil, dentre outras favoritas do PIB, mesmo tendo tanto peso na economia e expressão cultural do nosso povo.

Como podemos crescer?

No que eu acredito? Na profissionalização dos nossos processos, na nossa gestão. Levar à sério todos os negócios de moda, lojinhas, confecções, sacoleiras, grandes tecelagens, grandes varejistas, pequenas redes de lojas, designers, consultores de estilo, jornalistas de moda, artesãos, costureiras, modelistas, tinturarias, ourives, sapateiros, alfaiates. Só assim conquistaremos respeito, autoridade e poderemos ganhar uma cadeira nessa mesa com nossos governantes. E isso envolve olhar para dentro do seu negócio com seriedade, investir na educação profissional e colocar em prática processos que vão te tirar da sua zona de conforto. Pois não é só assim o caminho do crescimento?

Definitivamente manter como está ficará cada dia mais inviável. Nossa carga tributária e custos operacionais no Brasil com o potencial encolhimento expressivo da economia tornam lucros saudáveis ainda mais desafiadores. E continuar repassando preços de venda altos para o consumidor final sem necessariamente conseguir entregar um produto com a performance à altura seria simplista, mas não vai mais funcionar.

Não é só uma blusinha. É a expressão de cada indivíduo. E uma rede complexa de processos, empregos, cultura, comunicação e paixão. Poucas artes representam tanto economicamente. E como disse Churchill quando sugeriram cortar o fundo orçamentário de apoio às artes durante a guerra: “Mas daí para que estamos lutando?”

Enfim, espero que esse post te inspire a ter um negócio de moda cada vez melhor!

Um super beijo e até a próxima!

Andressa Rando Favorito

https://www.linkedin.com/pulse/o-que-ser%25C3%25A1-da-moda-brasilei...

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Posso compartilhar esse texto ?? Se sim, como ?? Achei fantástico.

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