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Por conta do distanciamento, a audiência das redes sociais disparou. Um estudo da consultoria Kantar, desenvolvido com dados de mais de 25 mil pessoas, indica que plataformas como Facebook, WhatsApp e Instagram cresceram cerca de 40% em março, enquanto o novato TikTok viu seu número de instalações mensais triplicar em abril. O aplicativo, atualmente, é o segundo mais baixado no mundo, segundo relatório da consultoria Sensor Tower.
Todavia, isso não significa que os profissionais da área estejam mantendo o lucro com o aumento do tráfego. De acordo com um relatório da Attain, agência de desempenho digital sediada no Reino Unido, os ganhos dos influenciadores estão 33% menores, se comparados ao mesmo período do ano passado. A média da quantia perdida semanalmente é de US$ 3.100, acumulando um prejuízo que já ultrapassa US$ 20 mil.
Desde o início da pandemia, 65% dos perfis analisados publicaram menos conteúdos patrocinados, contra uma parcela de 25% que identificou mais divulgações no período e 10% que disseram ter perdido todos os ganhos.
A pesquisa, feita com 500 profissionais, levou em consideração páginas de pequeno, médio e grande porte. Os mais afetados foram os influenciadores com menos de 100 mil seguidores, considerando que 72% disseram estar ganhando menos. Entre os que têm mais de 3 milhões, esse número chega a 55%.
Dos segmentos, o mais impactado foi o de turismo. As pessoas que trabalham com viagens e hotelaria tiveram seus lucros reduzidos em média 47%. Quase 80% dos entrevistados que pertencem ao ramo relataram queda brusca no número de conteúdos patrocinados. O relatório ainda destaca que o valor médio de um seguidor caiu para US$ 0,00387 USD.
Os dados vão ao encontro da previsão de James Nord, fundador e diretor executivo da agência Fohr. Ao WWD, o especialista já havia adiantado que essa perda ultrapassaria 30%, ainda no mês de abril.
Antes da Covid-19, esperava-se que a indústria da influência valesse US$ 15 bilhões até 2022. Porém, com as mudanças radicais no mercado, os departamentos de marketing estão reduzindo consideravelmente os investimentos no setor. “Nas últimas semanas, todos os nossos clientes passaram a monitorar de perto os perfis que investem para realizarem cortes, porque estão sendo desafiados pelo orçamento”, disse Pierre-Loïc Assayag, CEO e cofundador da agência Traackr, ao veículo.
A movimentação já é sentida em vários países, inclusive no Brasil. Com 70,6 mil seguidores, a influenciadora Rafaela Rabelo, da página Olho Mágico, não sentiu os solavancos da pandemia até o segundo mês de isolamento, mas nas últimas semanas a profissional teve que readequar toda a produção de conteúdo para não ficar no vermelho.
“No início da quarentena, eu não achei que impactou tanto. No meu trabalho de social media, em que crio estratégias de comunicação para marcas, eu senti mais, porque eu já sugeri aos meus clientes que reduzíssemos o valor do serviço para não pesar para eles. Preferi fazer isso do que perder os contratos. No segundo mês, abalou muito mais. Eu não perdi nenhum cliente, mas, em compensação, não consegui novos parceiros”, relata a brasiliense.
Atualmente, a blogueira de moda mira no segmento da beleza, já que ainda existem mais investimentos em mídias digitais. “Eu mudei um pouco a abordagem. Comecei a falar mais de cosméticos e cuidados com a pele durante o isolamento, e acabei sendo procurada por algumas pessoas para fazer divulgação de produtos de beleza, mas também reduzindo os valores. Esse mês vai ser mais difícil pagar as contas, mas imagino que esteja complicado para todo mundo”, acredita Rafaela.
Com 140 mil seguidores, Valéria Lessa não se enquadra na categoria que mais sofre com o distanciamento, mas isso não significa que os resultados sejam positivos para a influenciadora. Para ela, os efeitos da suspensão das atividades comerciais físicas foi imediato.
“Vários contratos caíram, de um dia para o outro, devido à incerteza do comércio, principalmente na área que eu atuo. Por mais que eu faça lifestyle, a maioria dos meus clientes são da moda. Então, quando foi falado que não teriam mais eventos, bares, casamentos e festas, houve uma queda brusca nas vendas de roupa”, justifica Lessa.
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