O workshop Branding 4.0, ministrado no mês de abril pela estilista e consultora de estilo Renata Abranches, deixou claro que a crise do coronavírus transformou para sempre a forma com que as empresas lidam com a tecnologia. Seja para pequenos, médios ou grandes negócios, ser digital nunca foi um requisito tão necessário para continuar vendendo. Dentro da realidade da indústria têxtil, iremos entender como a pós-crise do coronavírus poderá impactar este ramo.
Mais do que isso, Michelle de Souza, consultora do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção, fala sobre a necessidade de se reinventar e mudar a linha de produção para enfrentar o momento.
De acordo com uma pesquisa realizada pela instituição com 62 representantes da cadeia produtiva do setor de moda, têxtil e confecção, 20% das empresas não sabem dizer o que esperar da indústria têxtil no período pós-crise.
No entanto, os 80% restantes apostam na automação da produção e na implementação de tecnologias 4.0. Separamos algumas novidades do setor para que você fique por dentro do que está acontecendo.
Indústria 4.0 ou Quarta Revolução digital diz respeito a um processo evolutivo, por meio de tecnologias, no qual acontecerá a fusão do mundo físico, digital e biológico. Como resultado, haverá o aumento da produtividade dos processos e novas oportunidades de agregar valor ao produto.
Mas, como isso será feito? De acordo com o site Indústria 4.0 do governo, a Biologia sintética, o Sistemas Ciber-Físicos, Sewbots, a Manufatura Ativa, a Inteligência Artificial e a Internet das coisas se tornarão parte da realidade, desenvolvendo uma nova cadeia produtiva para a Indústria Têxtil pós-crise.
O tecido inteligente é um, dos vários exemplos, de como a biologia sintética pode auxiliar na produção das Indústrias Têxteis.
“No futuro, as roupas vão mudar de cor e temperatura, funcionarão como tela de smartphone e poderão até gerar energia elétrica – tudo com foco na sustentabilidade”, explicou a empresa Bluevision.
Os tecidos inteligentes, como são conhecidos, utilizam de sensores capazes de medir condições ambientais, como luminosidade, pressão e temperatura, que começam a agir a partir da constatação de um fato específico.
Legenda: crochê inteligente, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Berkeley, que mudam de cor conforme o humor do usuário.
Por isso, a Universidade de Berkeley desenvolveu, em parceria com a Google, um tecido computadorizado. Um dos vários usos da tecnologia é a possibilidade de mudar de cor conforme o humor do usuário.
Portanto, o conceito de Biologia Sintética é sobre o uso da bioinformática e técnicas de engenharia genética e bioquímica a fim de integrar diversas áreas similares de pesquisa, e produzir um organismo artificial, com o propósito de interpretar o usuário.
Um Sistema Ciber-Físico é um sistema de sensores computacionais, que permitem a união de objetos do mundo físico e digital. Na prática, serve, também, para unir componentes físicos e digitais com o objetivo de otimizar a produção.
Na Indústria Têxtil pós-crise, os sistemas monitoram processos físicos, se comunicam entre si e tomam decisões imediatas, a partir dos dados coletados. Essa tecnologia promete que não haverá perda de tempo, nem resultados com pouca precisão.
Seja em uma máquina ou na linha de produção todo o processo pode ser automatizado.
Como exemplo do uso de algumas das tecnologias citadas acima, existem os Sewbots. Apelidado carinhosamente de robô costureiro, ele pode cortar, montar e finalizar as peças em apenas quatro minutos.
Mais do que isso, com um sistema de IA desenvolvido pelo Centro de Tecnologia Avançada da Georgia, e com um sistema de câmeras que se comunicam, ele pode mapear e orientar o melhor corte das peças.
“Segundo o presidente da Tianyuan, quando o sistema operacional estiver em pleno funcionamento, as 21 linhas de produção da empresa poderão confeccionar 800 mil camisetas por dia ao custo de aproximadamente US$ 0,33 cada”, explicou o Blog do Shopping Morumbi.
Manufatura Aditiva é um termo genérico, utilizado para falar sobre o processo de montagem a partir de vários outros objetos. Conhecido também como Impressão 3D, é uma nova linha produtiva que propicia a redução de desperdício de matéria-prima.
Com a impressora, será produzido somente o que é necessário. O serviço será feito sobre demanda e com maior personalização.
Em 2015, conforme o Wix Box, 71,1% dos Fabricantes dos Estados Unidos já utilizavam do recurso para prototipagem, produção de produtos finais ou para ambos.
“Alexa, passar a música”. Com um comando de voz semelhante, pelo player de músicas da Amazon, você consegue controlar o que está escutando somente com a sua voz, sem necessidade de clique.
Fato é que a Inteligência Artificial (IA), que é um componente feito para simular a mente humana, veio para ficar. Um exemplo de recursos que utilizam da tecnologia, já utilizado nas capitais, é o Google Lens, aplicativo de reconhecimento de imagem desenvolvido pela Google.
O site Oficial Net postou um guia de como utilizar o Google Lends para fazer pesquisas. Fonte: Oficial Net
No aplicativo de celular, você pode, por exemplo, captar uma imagem com seu telefone e iniciar, imediatamente, uma busca no Google do artigo ou produto fotografado.
Os usos da IA são variados. De acordo com a Adobe, já existem empresas de tecnologia combinando o recurso com biossensores a fim de detectar os sentimentos do consumidores que interferem na decisão de compra.
Existem, também, empresas que trabalham com pesquisas de opinião, e utilizam da tecnologia para produzir resultados mais assertivos. Como dito anteriormente, há várias opções de uso.
O conceito de internet das coisas é sobre conectar objetos a partir da internet,com a intenção de otimizar processos e executar tarefas de forma mais precisa.
E se ao invés de ter uma larga escala de produção, nos moldes ainda da Primeira Revolução Industrial, em que as pessoas produzem por setor, você ter um componente tecnológico, que realiza várias funções com somente um clique?
A ideia de casa automatiza é sustentada no conceito de Internet das Coisas, por exemplo. Com uma rede de aparelhos conectados, você consegue controlar toda sua linha de produção com somente um comando de voz.
Não é segredo para ninguém que as pessoas estão consumindo menos por causa da crise. No entanto, uma dúvida comum é se as coisas voltarão ou não ao normal após a pandemia.
Uma pesquisa feita pelo McKinsey & Company, empresa de consultoria norte-americana, revelou alguns dados importantes. 80% dos brasileiros estão pessimistas com a situação do Brasil pós-crise, 50% teve sua renda reduzida por causa do contexto vivido, 40% tem medo de perder o emprego e 70% estão segurando os gastos com medo do que pode vir.
Não é necessário desesperar, aos poucos, as pessoas estão voltando sim a sua rotina de compra. Contudo, o processo de isolamento fez com que velhos e novos valores surgissem. Logo, a normalidade não será mais a mesma, todos mudarão de alguma forma por causa do vírus.
Segundo o mesmo estudo da consultoria norte-americana, na China, por exemplo, epicentro do Coranavírus, durante o pico da crise, o consumo ficou em 39%. Já no período pós-crise, subiu para 79%.
Veja a seguir alguns dos motivos de não ter voltado totalmente.
Não, não é só sobre preço.
No workshop gratuito disponibilizado pela Dobra, uma das startups referência em sustentabilidade no Brasil, os fundadores da marca falam sobre valores e experiência de compra. Não é mais sobre preço, as pessoas querem comprar coisas que se identificam e que entregam uma experiência.
Como exemplo, a empresa, que vende tênis recicláveis – entre outros tipos de produtos ecologicamente corretos -, ao invés de embalar o produto com sacos plásticos, que são poluentes e demoram séculos para desaparecer, utilizam uma embalagem que posteriormente se transforma em um tapete, estilo capacho.
Logo, o comprador compra um tênis reciclado, já demonstrando sua preocupação com o mundo, ao mesmo tempo em que vive uma experiência de compra, baseada na embalagem, que reflete o que ele e a marca acreditam.
O tempo de isolamento acelerou o processo de ressignificação do consumo. Segundo Kotler, um dos maiores nomes do Marketing, a relação de consumo entre comprador e produto/serviço passa por diversos estágios, que evoluem conforme a afinidade entre eles.
Portanto, os valores e a experiência de compra são fundamentais para acelerar esse processo e garantir clientes fiéis.
Quantas vezes já doamos coisas que nunca foram utilizadas?
O consumismo fez parte dos hábitos humanos por séculos. Porém, após o período de isolamento, em que grande parte das pessoas, de alguma forma, teve que controlar gastos, ficou claro que não era necessário tantas coisas. Menos ainda, produtos repetidos ou sem uso.
A partir de agora, as pessoas pensarão um pouco mais antes de fazer novas contas. Além disso, uma nova era está começando, em que produtos usados, troca de artigos, entre outros, recebem um novo olhar, afinal, estamos em busca de um mundo melhor.
Uma coisa ficou clara mesmo nos piores momentos de crise: quando o número de carros, fábricas e outros tipos de recursos poluentes tiveram seu expediente reduzido, coisas boas aconteceram.
A coloração dos canais de Veneza, por exemplo, ficou mais nítido e claro; o céu de São Paulo voltou a ter estrelas; animais desaparecidos há alguns anos, reapareceram.
A busca pela sustentabilidade já fazia parte da sociedade. Porém, após percebermos mais claramente os impactos causados à natureza, se tornará ainda mais marcante, como explica Caroline Calaça, estrategista em negócios.
Nos próximos anos, por causa dos acordos internacionais à favor do meio-ambiente, juntamente à própria percepção das pessoas sobre o seu papel no mundo, a sustentabilidade se tornará um dos valores mais defendidos.
Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI
Tags:
Segundo o mesmo estudo da consultoria norte-americana, na China, por exemplo, epicentro do Coranavírus, durante o pico da crise, o consumo ficou em 39%. Já no período pós-crise, subiu para 79%.
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por