Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Mais sustentável? Cientistas criam algodão colorido modificado em laboratório

Descoberta de cientistas australianos pode ser um passo mais sustentável na cadeia de produção da moda que despeja no meio-ambiente toneladas de poluentes oriundos do tingimento.

Plantação de algodão branco pode se tornar colorida no futuro (Foto: Getty)

Plantação de algodão branco pode se tornar colorida no futuro (Foto: Getty)


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Seria esse o adeus ao tingimento artificial? Na Austrália, cientistas acreditam ter encontrado uma maneira de decifrar o código molecular do algodão para que a planta cresça em uma variedade de cores, de amarelo brilhante a até o roxo. A descoberta podem ser um divisor de águas para a indústria da moda, que depende em grande parte de corantes tóxicos para tingir roupas. 

O algodão geneticamente modificado foi desenvolvido por um laboratório da agência nacional de ciências da Austrália, a CSIRO. Liderada pelo cientista Dr. Colleen MacMillan, a equipe conseguiu criar tecidos de algodão de cores diferentes em placas de Petri. Nos próximos meses, a expectativa é fazer com que as plantas coloridas floresçam e se reproduzam em larga escala. A etapa final seria então colher e transformar as fibras desse algodão coloridos em tecidos que não requerem corantes.

A CSIRO ainda está nos estágios iniciais do desenvolvimento desse algodão colorido. Para conseguir a coloração, cientistas inseriram genes de cores no DNA do algodão, para que as células replicarem a cor em vez do branco natural. Até agora, eles criaram algumas cores diferentes, incluindo vermelho, dourado e roxo. Eles também conseguiram produzir algodão preto, uma das cores mais "poluentes" do mundo. 

Para a indústria da moda cujo motor da tendência dita cores sazonais, a descoberta pode ser um grande passo em direção a sustentabilidade. O processo de tingimento que envolve o uso de corantes e componentes químicos tóxicos geralmente ocorre em países em desenvolvimento como Índia e China, que não têm uma supervisão rigorosa sobre os direitos dos trabalhadores ou a poluição ambiental. Historicamente, esses locais usavam corantes naturais de plantas como índigo, acácia e mirobalano.

Mas, nas últimas décadas, com o aumento do consumo de roupas, corantes sintéticos feitos de produtos químicos agressivos como formaldeído e metais pesados ​​como chumbo, que pintam tecidos mais rapidamente e com mais intensidade, se popularizaram.

Xintang, na China -- mais conhecida como a capital mundial do denim -- é um exemplo do uso desses ingredientes que não só poluem como também têm potencial carcinogênico. Por lá, 300 milhões de pares de jeans são tingidos anualmente.  Uma pesquisa da Greenpeace mostrou recentemente a presença de altos níveis de metais como chumbo, cobre e cadmio nas águas dos rios que banham a área. Cientistas também descobriram que os moradores sofrem com incidências de câncer mais altas do que o normal, além de condições gástricas e de pele.

Alteração genética

Apesar de bem recebida, a notícia do algodão modificado traz outras preocupações, principalmente no que toca a alteração humana de componentes genéticos de organismos vivos. Como nota um artigo publicado no site Fast Company, se forem bem-sucedidos, os cientistas da CSIRO podem enfrentar uma reação de organizações como o Projeto Não-OGM, que acredita que alterar a composição genética dos organismos pode ter consequências indesejadas que não são imediatamente aparentes como a ameaça a biodiversidade e seu impacto no meio-ambiente. 

O texto cita o exemplo da Monsanto, empresa de pesticidas que modificou geneticamente as sementes de algodão para repelir pragas e o controle de sementes por grandes corporações. A empresa historicamente cobra tanto pela tecnologia que acaba prejudicando o pequeno produtor, principalmente em países mais pobres. 
https://revistamarieclaire.globo.com/Moda/noticia/2020/08/mais-sust...
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