Em um exercício criativo proposto por Marie Claire, ícones da moda nacional desenharam o que imaginariam a atriz, que concorre à categoria de Melhor Atriz por "Ainda Estou Aqui", poderia usar para a mais prestigiada premiação da indústria cinematográfica; veja detalhes.
5 estilistas e um desafio: vestir Fernanda Torres — Foto: Divulgação
"O que você desenharia para Fernanda Torres usar na noite do Oscar?". A pergunta foi uma provocação feita por Marie Claire para cinco nomes fortes da moda nacional que responderam com o que sabem fazer de melhor: criar. Patricia Bonaldi, fundadora e diretora criativa da PatBo, Ronaldo Fraga, Luiz Claudio Silva, fundador da Apartamento 03, o estilista Marco Normando, fundador da Normando ao lado do artista visual e publicitário Emídio Contente, e Marina Bitu, da marca que leva seu nome, desenharam croquis exclusivos imaginando o que a atriz poderia usar na noite em que o Brasil vai parar para assistir a maior premiação do cinema -- o Oscar acontece no domingo, 2 de março.
Fernanda Torres estará no Oscar concorrendo à categoria de Melhor Atriz; "Ainda Estou Aqui" disputa o troféu em Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Até agora, a atriz já vestiu de tudo um pouco: Chanel, Louis Vuitton, Dior, Bottega Veneta, Phoebe Philo, e os brasileiros Alexandre Herchcovitch e Reinaldo Lourenço fizeram parte das produções dela, alinhadas com seu stylist Antonio Frajado.
Dado o desafio, os criativos entregaram seus croquis e explicaram de onde vem a inspiração para cada um dos looks que Fernanda Torres poderia usar no Oscar. Qual seria o do seus sonhos?
O diretor criativo Marco Normando e o artista visual Emídio Contente, ambos de Belém, no Pará, fazem uma moda que acredita na diversidade sob uma perspectiva representativa da cultura amazônica. Criada em 2020, a marca desfilou pela primeira vez no São Paulo Fashion Week em 2024, levando alfaiataria refinada à passarela. Para Fernanda, Normando também entregaria algo conectado à identidade, nesse caso, nacional, já que a atriz vai representar o Brasil durante a premiação.
"A Normando faria um sob medida especial para a Fernanda Torres. Pensamos em um vestido de cetim duchese de seda preto, com uma cauda e uma capa longa. Essa capa apareceria só pela lateral e costas.
O vestido remete a um recorte de um céu noturno estrelado, como as constelações que seguem a ordem das estrelas da bandeira do Brasil. Com vinte e sete estrelas bordadas com canutilhos torcidos, cristais tipo balão pião e cristais navetes nas cores preto e grafite transparente.
Quisemos fazer algo que respeitasse o trabalho contínuo que vejo Antonio Frajado e Fernanda Torres fazerem ao decorrer das aparições em premiações. Achamos incrível o respeito que ambos estão tendo com a vida de Eunice Paiva e, consequentemente, com o filme.
Vestir moda nacional é levantar uma bandeira de importância tanto da identidade e da cultura quanto econômica do país. Vestir moda nacional é vestir arte nacional, é vestir cinema nacional e cultura nacional".
"Para o look da Fernanda, pensei em uma peça construída com tecidos a fio, aplicados manualmente, simbolizando as camadas que tecem a história brasileira", explica a estilista Marina Bitu, que é um dos nomes de destaque da moda cearense e valoriza o artesanal em seu fazer na marca que leva seu nome.
"A cor, um vinho amarronzado, evoca a essência visceral do ofício de Fernanda, cujo talento para a dramaturgia está inscrito em seu DNA."
À frente da PatBo há 13 anos, a diretora criativa Patricia Bonaldi tem uma trajetória semelhante ao momento que o audiovisual brasileiro vive agora, com "Ainda Estou Aqui". Isso porque ela é uma forte representante do país no cenário intern.... A marca realizou até agora oito desfiles dentro do calendário oficial da cidade e, no processo de internacionalização, já vestiu até Beyoncé na última turnê de Renaissance.
"Minha escolha para vestir Fernanda Torres no Oscar refletiria sua personalidade única e sua trajetória icônica. O vestido preto é uma homenagem ao glamour clássico, com pedrarias estratégicas que moldam a silhueta e um decote nas costas que traz uma ousadia sofisticada.
Já o branco exala leveza, com uma capa fluida e delicadas correntes bordadas à mão nas costas, como um colar que surpreende e encanta, levando todo o DNA da PatBO."
Luiz produz na Apartamento 03 uma moda que reiteradamente olha para a riqueza nacional, a ancestralidade e a formação do Brasil e traduz em produções que marcam a cada temporada de São Paulo Fashion Week. No desafio proposto por Marie Claire, o estilista revisitou sua mais recente coleção para imaginar um look para a nossa indicada ao Oscar:
"Já faz um tempo que tenho gostado das franjas e prefiro eu mesmo fazê-las, assim consigo que textura e cores em visuais monocromáticos fiquem ainda mais ricos. Na coleção passada as prendi sobre uma moulage de tule contornando todo o corpo das modelos. E acho que partiria justamente desse exercício para criar o look da Fernanda para o Oscar.
Faria o vestido diretamente sobre seu corpo, com várias franjas presas e outras soltas e penso em um modelo de ombro único, com fenda lateral e as costas nuas. Escolheria um tecido ouro, mas com um fundo preto já que a vejo sempre em tons escuros. "
Ronaldo Fraga é um dos estilistas mais expressivos do Brasil, com uma trajetória de mergulho profundo em histórias e aspectos culturais do país levados às passarelas de modo extremamente criativo. O designer mineiro, reconhecido por seu trabalho na estamparia, também mantém viva a intencionalidade política de suas roupas, e foi a esse mote que recorreu para produzir o croqui do que Fernanda Torres vestiria no Oscar sob a perspectiva dele.
"Inspirado em um modelo da coleção 'Quem Matou Zuzu Angel', que desfilei em 2001, esta peça segue os preceitos de Zuzu Angel e é trabalhada em renda 100% brasileira – a renda Renascença, produzida no Cariri Paraibano.
Os desenhos na própria renda evocam a imagem de sombra de urubus, mostrando que nem tudo são louros. Afinal, há um Brasil da extrema direita 'urubuzando' Fernanda Torres e o filme, projetando sombras sobre o céu azul profundo que este longa e a carreira da Fernanda representam”.
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