Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A-COR-DA-MODA é o tema central do Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade

Encerrou-se no dia 30 de maio a segunda edição do Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade, projeto idealizado pelo artista plástico, estilista e cenógrafo Leopoldo Nóbrega, com realização do Espaço Multicultural Arte Plenna e aprovado pelo FUNCULTURA – Governo do Estado. O Ciclo tem como objetivo central incentivar a mobilização criativa e integração da moda e arte através da sustentabilidade. A noite de encerramento aconteceu no Espaço Etiqueta Verde, da empresária e ativista Luciene Vilhena, que abriu as portas para uma programação polivalente, que englobou a segunda coletiva Pernambuco Sustentável, com o registro das 40 atividades desenvolvidas durante o Ciclo e desfile do Coletivo Criativo Ativistas da Moda.

“O projeto contemplou ações em Recife e Caruaru, como tentativa de aproximar os eixos produtivos e estreitar relações com o universo criativo, fundamental para a sobrevivência do segmento de moda no Estado”, declara Leopoldo Nobrega, artista plástico e curador de moda do Ciclo.

Em uma das atrações mais aguardadas do encerramento, o desfile dos Ativistas da Moda, nada de verde esperança, nude ou azul elétrico. Para o Coletivo, a tendência em 2015 para o polo confeccionista pernambucano é despertar o segmento fashion para os novos tempos; acordar para os desafios que a moda impõe através do seu ritmo acelerado em descompasso com as dificuldades econômicas e impactos ambientais do desenvolvimento global.

Fundado em 2008 no eixo agreste, o grupo de criadores, empresários, estudantes de design e voluntários do Coletivo lançaram sua primeira coleção/campanha com o intuito de sensibilizar o ambiente industrial do polo de confecção do estado de Pernambuco, representado por mais de 20 mil indústrias localizadas predominantemente nas cidades de Caruaru, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Surubim e Pesqueira. Naquele momento nascia o desejo de mobilização social e ativação dos potenciais criativos da região, bem como a preocupação com os impactos ambientais do Polo Agreste, que há mais de três décadas vem se desenvolvendo em paralelo ao mercado nacional de moda, ocupando hoje o destaque de segundo principal produtor de confecção do Brasil.

Nos últimos anos, apesar das feiras semanais que aquecem a economia, as marcas locais vêm enfrentando dificuldades competitivas, ao passo em que as vendas diminuíram e a concorrência internacional se encarregou de desqualificar gradativamente a produção, por aspectos qualitativos, quantitativos, tecnológicos e criativos. A “cultura dos genéricos” vem potencializando o velho estigma que profetizou a produção do Polo Agreste como de “baixa qualidade”, com pouco ou nenhum impacto no meio fashion.

Preocupados com este cenário, um dos motes dos Ativistas da Moda é unir esforços em prol de soluções que possam reposicionar a produção têxtil pernambucana. Para isso, eles debatem sobre a visibilidade das marcas locais, padrões de qualidade e a integração dos novos profissionais na cadeia têxtil. O Coletivo acredita que o polo têxtil pernambucano é capaz de gerar respostas mais criativas, autorais, que aproximem os princípios da sustentabilidade como eixo de um desenvolvimento saudável, despertando o desejo no consumidor e redesenhando uma panorâmica de possibilidades para o segmento de confecção de toda a região.

PRODUÇÃO CONSCIENTE

É vital a preocupação dos Ativistas da Moda em conciliar produção têxtil e sustentabilidade. Segundo dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), a produção de roupas, meias e acessórios no Brasil alcançou 6,4 bilhões de peças em 2010. Os impactos decorrentes da produção percorrem toda a cadeia produtiva têxtil: desde o plantio do algodão até a confecção da peça (etapa final), além dos impactos derivados da comercialização. No Brasil, estima-se que sejam produzidas 175 mil toneladas de resíduos têxteis por ano. Desse total, apenas 36 mil toneladas são reaproveitadas na produção de barbantes, mantas, novas peças de roupas e fios, segundo o TURCI, 2012.

Visando o gerenciamento dos artigos têxteis advindos do descarte doméstico e dos resíduos gerados nos processos de fabricação, a reutilização de retalhos como matéria-prima surge como uma resposta emergencial aos problemas ambientais, como o saturamento dos aterros sanitários e de descarte inadequado do setor.

A gestão dos resíduos oriundos do setor têxtil é imprescindível, tanto do ponto de vista ambiental, social, legal e econômico para a consolidação de uma sociedade mais sustentável em diversos níveis. Toda a população mundial consome e utiliza produtos têxteis diariamente, uma mudança efetiva nesta área pode gerar um grande impacto positivo.

SUSTENTABILIDADE É A-COR-DA MODA

Entre peças artesanais sofisticadas e tecnologias de baixo impacto, o Coletivo Ativistas da Moda deu vida a uma coleção recheada de apelos ecológicos e novos caminhos criativos, com o propósito de despertar a sociedade para as contradições da moda. Composto por consultores, modelistas, estilistas, empresários e estudantes de moda, o Coletivo deu as mãos em torno do mote “A-COR-DA-MODA!”, tema da campanha que envolve doze marcas locais. O desfile apresentou uma coleção que dá início a uma campanha de sensibilização para reciclagem de tecidos e desaceleração do consumo (slow fashion). A passarela será coordenada por Nóbrega, responsável pela curador de moda do Ciclo. É ele quem puxa a corda dos laboratórios experimentais e rodadas de debates sobre as etapas do desenvolvimento da coleção/campanha juntamente com sua parceira, a ativista Heloiza Lima Luz.

Como argumento imprescindível, cada criador precisa buscar no próprio universo o que ele deseja “despertar” na sociedade com sua criação. A-COR-DA-MODA é uma coleção coletiva com fortes apelos conceituais e fins práticos. Leopoldo Nóbrega, por exemplo, buscou inspiração nos Pictoplasmas Sápiens, uma alusão ao homem-bicho que convive com uma estética dos descartes nos seus “vestíveis” em patchwork de sobras de jeans e detalhes em cerâmica. Já Heloiza Lima Luz preferiu apostar na poesia das flores e desencadeou um laboratório de efeitos devore com reaproveitamento de sobras de jeans e tule.

Para outros criadores como Ariane Aléxio, enxergar novos perfis de consumidor é promover a verdadeira inclusão social. Pensando assim, ela buscou inspiração na necessidade de uma moda multifuncional para deficientes físicos. Enquanto a Hemera, marca local de moda feminina, lançou mão dos próprios resíduos para criação de uma fênix, (metáfora para a esperança de novos tempos para a moda pernambucana). Outros temas como a produção alternativa de tecidos lácteos, memórias de família e até a feira de artesanato também foram alvo das criações.

Após o encerramento da programação oficial dessa edição do Ciclo, as Curadorias de Moda e de Arte se encarregaram de distribuir em espaços de cultura, centros acadêmicos e instituições parceiras, além de eventos relacionados à sustentabilidade, as edições impressas em formato de zines multiculturais que trará uma compilação dos conteúdos abordados, imagens, mensagens e caminhos relacionados à sustentabilidade para continuidade da sensibilização social e difusão de novos conceitos de moda, arte e sustentabilidade.

O Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade é um projeto que estabeleceu um calendário oficial bienal. Porém, o Espaço Multicultural Arte Plenna promete dar continuidade às ações de sensibilização e também a edição de um documentário com o tema: Pernambuco Sustentável, roteirizado e dirigido pelos Ativistas da Moda.


Assinatura: MARINA COLERATO | FOTOS: PAULO HIGOR NUNES

http://www.guiajeanswear.com.br/noticias/5665/evento.aspx

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Respostas a este tópico

Por favor leem este artigo, se concordarem comigo, é sempre a mesma balela, a mesma teoria do eufemismo barato, desagradavel e sem objetivo  pratico, pois isto tudo todos dizem a toda hora. Qual o resultado pratico? Querem mudar o sentido da moda ? Mudar o geito alegre de vestir do nordeste, socializar(como foi dito),descobrindo as vestes do sul? Ridiculo, cada qual com o seu melhor. Temos aqui discutido e por vezes acaloradamente, que deve-se usar algodão, ou poliester, ou andar nu. Qual é na realidade a propositura da COR DA MODA???

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