A tendência da hora no Tik Tok não se trata de mais uma “it core”, mas sim da criação de conteúdos sobre os “dupes”, as imitações ou alternativas e baratas de produtos caros.
Pipocaram na rede nos últimos dias, vídeos de creators recomendando produtos baratos que fariam o mesmo efeito de um produto caro de marca e esses vídeos tem se tornado virais, alcançando milhões de pessoas. A hashtag #dupe tinha mais de 1,6 bilhões de visualizações no Tik Tok até a data deste post.
A maioria desses produtos, que são oferecidos por redes de fast fashion como Shein e market places como Aliexpress e Amazon, tem qualidade duvidosa, são feitos majoritariamente de materiais sintéticos (e poluentes) e durarão poucos meses. No caso dos produtos de beleza, ainda podem trazer riscos à saúde. Isso sem falar no problema relacionado à cadeia produtiva desses ítens de preços tão baixos.
Gen Z na mira
A indústria da moda e da beleza parecem obcecadas em se conectar à Gen Z, criando produtos e campanhas que apelam à essa fatia de público. Não é à toa: eles são, hoje, parte relevante da população economicamente ativa. No Brasil, eles compõem 20% da população do país, segundo um estudo da McKinsey em parceria com a Box1824. E dentro de alguns anos, serão uma parcela ainda. significativa do mercado consumidor.
Estes jovens estão muito interessados em consumir (e postar o que compram) mas, em sua maioria, não tem poder de compra para acessar produtos de marcas de luxo com preços muitas vezes inflacionados e, portanto, recorrem às cópias. De acordo com o Bank of America, a geração Z apresenta uma renda mundial total de US$ 7 trilhões, valor inferior ao das demais gerações.
A tendência dos conteúdos sobre cópias no Tik Tok alimenta, sob uma ótica positiva, um lado perigoso da indústria de roupas e cosméticos, que tem como graves consequências o ciclo do descarte rápido, uma noção distorcida do conceito de qualidade e um modelo de consumo desenfreado que vai de encontro aos problemas atuais em relação ao meio ambiente.
É importante destacar que a responsabilidade por todo este ciclo vicioso não é única e exclusiva dos consumidores, mas reflexo das estratégias de marketing e preços excludentes das marcas de luxo. Sem acesso e influenciados pelo desejo de ter e pertencer, essa dinâmica só tende a crescer.
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