Não olho mais para o passado. No entanto, ao que tudo indica, hoje em dia o que é contemporâneo é também um pouco antigo”, disse uma sorridente Miuccia Prada à Marie Claire minutos após o desfile Cruise, em maio – uma coleção que chegou ao Brasil em novembro. A cena é inédita. Miuccia é talvez a figura mais reclusa do universo do luxo. Nunca dá entrevistas, não posa para fotos e mal aparece na passarela ao final de seus shows. Não é tipo nem excentricidade: a italiana que revolucionou a moda é genuinamente tímida e avessa a excessos. Tanto que surpreendeu a todos ao anunciar a apresentação Cruise deste ano (coleção intermediária entre a de Outono-Inverno e a de Primavera-Verão, apresentadas durante as fashion weeks): um evento exclusivo com imprensa e convidados do mundo inteiro, seguido de uma extensa programação que incluiu almoços, jantares, vernissage e até festa. O formato, adotado por marcas midiáticas como Chanel e Louis Vuitton, nunca havia sido feito pela Prada. “Não gosto da palavra Cruise. Para mim, um desfile é um desfile”, diz. “Tanto que ano que vem posso repeti-lo ou não. Sou livre.”
Definitivamente, Miuccia só faz o que quer. E foi justamente esse comportamento arrojado que mudou o DNA da tradicional marca de artigos de couro fundada por seu avô, Mario, em 1913. Ao herdar a empresa da mãe, Luisa, em 1978, a estilista posicionou a grife na vanguarda do luxo, com o apoio do marido, Patrizio Bertelli, designer de bolsas e sapatos e hoje CEO do grupo. Foi Miuccia quem lançou a primeira coleção de sapatos, em 1979; a de roupas, em 1988; fez a expansão internacional para cidades como Nova York, Londres, Paris e Tóquio, a partir de 1986; criou a Miu Miu, em 1993; e estabeleceu uma conexão quase simbiótica da Prada com a cidade em que ela própria nasceu, em 1949.
Não é exagero: sob seu comando, a grife se tornou uma grande mecenas. A Fondazione Prada, um prédio gigante e minimalista criado com o intuito de fomentar a arte irreverente e provocativa, que sedia algumas das principais exposições do país, é o maior expoente – mas não o único. Pouco antes da apresentação Cruise, dois novos espaços foram inaugurados. O primeiro deles foi palco, inclusive, do desfile: o Milano Osservatorio, museu instalado na locação mais famosa e tradicional da cidade, a Galeria Vittorio Emanuele II, onde também fica a primeira loja da marca, que acaba de passar por uma reforma. Todo de vidro, com vista para a cúpula do prédio, o lugar foi feito para abrigar mostras de fotografia contemporânea. Seu ambiente clean e cheio de luz natural casou perfeitamente com a coleção Cruise, que trouxe saias, tops e vestidos cheios de transparências, pontuados por plumas, paetês e rendas.
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